Para dar apoio e continuidade no tratamento após a alta hospitalar, o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG) lança o projeto “Minha traqueo não me define”. A iniciativa, desenvolvida pela equipe multiprofissional, composta por um fonoaudiólogo e psicóloga, visa oferecer um suporte físico e emocional para pacientes que foram submetidos a procedimentos no sistema respiratório, como a traqueostomia.
“A traqueostomia é um orifício artificial criado cirurgicamente em pacientes que precisam de ventilação mecânica prolongada, ou seja, casos em que o paciente apresenta dificuldade na respiração por vias aéreas ou em intubações prolongadas”, explica o fonoaudiólogo Rômulo Leão.
O tratamento é realizado no Galileu desde 2016, por meio do Serviço de Doenças Lanringotraqueais. A unidade é referência em traumas ortopédicos e ortopedia.
Ainda de acordo com o fonoaudiólogo, “lidar com usuários em uso de traqueostomia se torna uma difícil tarefa quando o uso é de longa permanência. O impacto emocional, social e biológico são elementos de grande preocupação pelo usuário e por sua família”, acrescenta.
Por meio de um diagnóstico multiprofissional dos pacientes que já fizeram o procedimento no HPEG, foi possível identificar sentimentos como vergonha ao falar e medo de não conseguir se comunicar.
“A traqueostomia acaba afetando a autoestima do paciente. A voz fica com um aspecto diferente, o que causa grande insegurança. Há ainda um certo receio em manusear o dispositivo utilizado durante o tratamento. Tais inseguranças afetam, também, os familiares. Por isso, a participação deles no projeto é fundamental”, ressalta Lohana de Paula, psicóloga clínica do HPEG.
Visando garantir uma assistência humanizada, o projeto foi desenvolvido para acolher de forma integral e individualizada as demandas de pacientes que passam pelo procedimento na unidade e já conta com 18 participantes.
Durante as reuniões semanais, os profissionais abordam temas relacionados ao tratamento, por meio da educação em saúde. Criam espaços para trocas de experiências e compartilhamento de vivências e sentimentos. “Tais abordagens facilitam o processo de elaboração e reconhecimento do usuário em relação as suas limitações e potencialidades, diante da realidade da traquestomia”, explica Rômulo.
“A iniciativa vem para agregar nos cuidados e no saber dos usuários, sendo uma oportunidade para adesão ao tratamento de traqueoplastia, em especial no que tange os distúrbios de voz e deglutição”, acrescenta.
Leia mais:
Belém inicia vacinação de idosos na próxima segunda (8); cadastro é necessário
Líder da Remoçada é preso durante operação contra "organizadas" em Belém
Uma nova chance
Flavia da Costa, de 30 anos, lutou pela vida e conseguiu uma nova chance. Em dezembro de 2018, a antiga corretora de imóveis foi atropelada e ficou em coma durante três dias. Por conta do trauma, precisou utilizar uma prótese na traqueia por quase dois anos.
Para ela, participar do projeto está contribuindo com a sua recuperação. “Com as reuniões, abrimos nossa mente em relação a necessidade e o motivo de usar a traqueo. Saímos com outra visão sobre o procedimento e muito mais confiantes”, ressalta Flávia.
Além de orientações e auxílio técnico, os participantes do projeto têm acesso também ao apoio emocional, como explica a psicóloga Lohana de Paula. “A cada atendimento, é possível perceber a demanda e o desgaste emocional que o tratamento traz, tanto para os usuários quando para a família”, conta. “O projeto irá proporcionar informações, criar um espaço de escuta e acolhimento das dúvidas e sentimentos. Assim, o processo de empoderamento e autonomia dos envolvidos será facilitado”, acrescenta.
Serviço de Doenças Lanringotraqueais do HPEG
Seguindo normativas preestabelecidas pelo Governo do Estado, o Hospital Galileu iniciou o Serviço de Doenças Lanringotraqueais em outubro de 2016. A traqueoplastia é um dos tratamentos realizados dentro do projeto.
“A traqueoplastia consiste na reconstituição da via área para que a pessoa possa voltar a respirar normalmente. O procedimento evita o uso da cânula de traqueostomia, que em muitos casos, é desconfortável e antissocial. Estamos conseguindo restaurar a vida de muitas pessoas”, explica o cirurgião Roger Normando, coordenador do Serviço de Cirurgia Torácica do HPEG.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar