A responsabilidade de gerar uma nova vida, é um enorme desafio para quem ainda está imerso no universo infantojuvenil. De acordo com a coordenação estadual de Saúde do Adolescente e Jovem, da Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa), até novembro de 2020, a proporção de gravidez na adolescência no Pará foi de 22,36%. De um total de 147.159 nascidos vivos em 2020, 32.906 foram gerados por pessoas na faixa de 10 a 19 anos.
Ainda que declinando nos últimos cinco anos, os dados acendem o alerta para a necessidade de políticas públicas de prevenção e acolhimento. O Governo do Estado oferece serviços médicos e ambulatoriais especializados na Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará e assistência social na Fundação Pará Paz, com vistas a amenizar as dificuldades desta etapa da vida de adolescentes e dos próprios bebês.
Em 2019, a Santa Casa registrou 9.785 partos, dos quais 1.242 (12,6%) foram de pacientes com até 17 anos. No ano passado, houve pequena queda, com 1.033 (12,1%) partos realizados por adolescentes, do total de 8.537.
Com 14 anos de idade, a jovem C.M.B, está grávida de uma menina e frequenta a Santa Casa para consultas de rotina e monitoramento do quadro gestacional, considerado de risco e que, por isso, requer cuidados. “Da primeira vez eu vim ver o bebê que estava passando por um descolamento (de placenta). Mesmo com alguns problemas, estou levando. Tenho que aceitar. Como sou de menor, e tem alguns riscos, me encaminharam para cá. É muito legal aqui, as pessoas atendem a gente super bem”, contou a adolescente.
A menina revela que fica triste em alguns momentos e está ansiosa pela chegada da filha. As consultas são sempre acompanhadas pela mãe, L. M., 30 anos. “Ela é a minha primeira filha, tenho um casal. Como ela tem 14 anos, para nós não foi muito bom, pelo fato de ela estar no início da juventude. Mas tivemos todo o cuidado de ampará-la, não podemos deixá-la de lado nesse momento em que está mais precisando de nós. Estamos esperando essa criança com muito amor, carinho e dedicação. E eu creio que para tudo, tem um propósito de Deus sobre a vida dela”, afirmou a avó de primeira viagem, moradora de Marituba, na Região Metropolitana de Belém.
Médica do Ambulatório da Mulher na Santa Casa, Claudia Coelho explica que os cuidados na gravidez na adolescência precisam ser redobrados em tempos de pandemia, quando gestantes e lactantes não podem se vacinar contra o coronavírus. “É um momento muito especial em relação a dúvidas. Imagina que uma pessoa que, ainda nem direito cresceu e de repente já tem que ter um cuidado com com outro ser”, comentou a profissional.
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O pré-natal, assim como de outras faixas etárias, inclui as consultas (de preferência sempre acompanhada), medicações, vitaminas, exames para garantir a saúde de mãe e feto até o parto. “O acompanhamento multiprofissional é muito importante, apenas a consulta médica, mas também com psicólogo, nutricionista, assistente social, enfermagem para que a grávida passe, da melhor maneira possível, o momento em que há uma transformação do corpo, em que ela precisa aprender a ter o cuidado da alimentação, sem comer besteiras, para não aumentar muito de peso também”, acrescentou a médica.
Em relação aos cuidados com a pandemia, a recomendação é a mesma. “Lavagem das mãos com água e sabão; uso do álcool em gel; uso da máscara, pois ainda não tem a aprovação das vacinas para gestantes e lactantes, então o que temos é a orientação da proteção acima de tudo”, reforçou a doutora.
Enxoval - A Fundação ParáPaz desenvolve o Projeto Mãe para atender jovens em vulnerabilidade social, que também estão expostas a uma gravidez precoce. A iniciativa oferece orientação por um período de dois meses, por meio de palestras, dinâmicas e outras atividades de forma a combater os efeitos da violência e problemas financeiros, em 13 polos.
“O projeto possibilita assistência a mulheres grávidas por meio de atividades, palestras, cursos sobre como amamentar, cuidados com bebê, cuidados pós-parto, depressão pós-parto. Problematizamos essa gravidez que pode ser indesejada, por isso trabalhamos no empoderamento e profissionalização dessas mulheres, além da doação de leite”, explicou Renan Ferreira de Freitas, coordenador do Núcleo de Projetos da ParaPaz.
Todas as grávidas cadastradas também ganham um ensaio fotográfico, além do kit enxoval. “Composto de roupas de bebê, fraldas descartáveis, bolsa, banheira, pente, para que essas mães possam ter uma dignidade após o nascimento dessa criança. Ela é acolhida por psicólogos, assistente social, recebe orientação jurídica e encaminhamento para a rede de saúde, para que a jovem tenha uma gravidez tranquila”, acrescentou o coordenador.
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