Kwai: paraenses ensinam como ganhar dinheiro com app

A busca pela renda extra tem se intensificado em meio à pandemia do novo coronavírus com uma verdadeira explosão da febre de aplicativos que “pagam pessoas” sem sair de casa.

Apesar da prática já conhecida por outros aplicativos, o Kwai se popularizou como essa alternativa financeira entre os brasileiros que dedicam seus minutos, horas ou dias na semana para consumir vídeos curtos sobre os mais diversos assuntos, seja de culinária, aprendizado ou entretenimento em geral.

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Todo esse esforço tem um único propósito: dinheiro. Não é surpresa que a plataforma de vídeos chinesa tem conquistado cada vez mais “seguidores”, quase como uma religião. Basta ver pelos comentários repetidos de pessoas suplicando para que terceiros usem seus códigos ou acessem seus links, afinal, tudo é faturamento.

"Comprei o leite da minha bebê..."

“Eu consegui R$ 30 para comprar o leite da minha bebê assistindo muito vídeo. Os pontos não eram tantos, mas comprei o arroz e umas pequenas coisas que deram para comprar”, lembra Elisama Ferreira, que está com o aplicativo instalado no celular dela e no do marido há cerca de um mês e meio.

No começo, assim como muitos, não acreditava na possibilidade do retorno financeiro de uma forma, aparentemente, simples, mas confessou surpresa ao ver que, sim, o dinheiro caía na conta.

Atualmente desempregada, a moradora do bairro de Águas Lindas, em Ananindeua, tem uma rotina puxada, se dedica a cuidar das tarefas domésticas e dos filhos. A renda principal entra na casa através dos trabalhos feitos pelo marido. “Quando aparece uns bicos ele faz. Graças a Deus o pouco que ele ganha dá para a gente se alimentar”, pontua.

Costuma entrar no aplicativo apenas para pegar uma recompensa diária ou completar alguma missão, dedicando cerca de três a cinco minutos do pequeno intervalo que tem para cumprir a meta de seis etapas. “Tem que assistir bastante vídeo mesmo, mas, às vezes, até cansa porque eu tenho os meus afazeres. Eu acho que é por isso que eu quase não ganho tanto dinheiro como as pessoas dizem”, desabafa um pouco desapontada, que conclui não ter tanta disposição para encarar uma madrugada só assistindo vídeos.

Eli já buscou outras formas de arrecadar algum lucro durante a pandemia. Recentemente, trabalhou com a venda de bombons caseiros de chocolate na Páscoa e tentou revender peças de roupas. Hoje, ela e o marido, que vivem com os filhos em um quartinho na casa da sogra, traçaram um objetivo: arrecadar dinheiro o suficiente para construir o próprio cantinho.

"Assisto, em média, 50 vídeos por dia"

Há aproximadamente dois meses, Fábio Costa se viu na obrigação de instalar o aplicativo Kwai para o seu celular. O motivo? As histórias que ouviu sobre a tão famosa forma de ganhar dinheiro sem sair de casa. Familiarizado com a usabilidade da rival chinesa, o Tik Tok, ao mesmo tempo que estava descrente com o tal “dinheiro na conta”, tamanha foi a surpresa quando fez a primeira recarga de celular com o que conseguiu apenas assistindo vídeos.

“Ultimamente, estou ganhando aproximadamente 40 centavos assistindo. Quando indico já ganho R$ 3,00 e, claro, conforme a pessoa vai usando no decorrer dos dias eu lucro mais, que no caso é no máximo R$ 12 ”, explica. Para Fábio não tem tempo ruim, mas sim tempo de sobra.

Dedicado, rasga elogios para a empresa chinesa que conseguiu, em apenas três meses no ano passado, ultrapassar a marca de 20 milhões de novos usuários, evidenciando a relação entre o isolamento social e a busca por alternativas de entretenimento.

“Essa é uma plataforma super agradável de usar e, claro, os algoritmos ajudam a enviar os vídeos que mais me agradam”, diz Fábio, bastante satisfeito. O que explica também o motivo de passar mais tempo em frente à pequena tela do celular. Soma-se isso ao fato de ter tido um bom retorno com as indicações dos códigos pessoais, deixando claro ter sido bem criterioso. “Não saí convidando geral. Por enquanto, só o pessoal que mora comigo”, confessa.

Como viver de indicações costuma ser difícil, Fábio se dedica a cumprir missões diárias e consumir os inúmeros vídeos até a vista cansar. Uma fidelidade, entretanto, tem seu preço, mas que ainda não se deixa amofinar. "A plataforma tornou um pouco mais extenso os minutos para assistir. Então hoje eu estou, em média, assistindo 50 vídeos por dia e por semana uns 350 vídeos".