Quem não lembra da cena onde uma enfermeira ficou conhecida pelo episódio em que precisou carregar junto com o motorista de uma ambulância, um paciente em uma maca na BR-230, a rodovia Transamazônica, no sudoeste paraense? Então, Rebeka Fonseca, de 24 anos, precisou ter essa atitude após a ambulância ficar presa em um congestionamento e pela urgência em transferir o paciente que precisava de tratamento para a covid-19.
Eles deixaram o veículo e caminharam por cerca de 2 quilômetros por causa do congestionamento de caminhões no trecho próximo ao porto de Miritituba, distrito do município de Itaituba. As imagens ganharam repercussão no noticiário nacional e nas redes sociais, pelo entrave que os profissionais encontraram e pela disposição em ajudar o paciente.
A enfermeira recebeu recentemente a notícia de que havia sido aceita no programa de mestrado da Universidade de São Paulo (USP), uma das universidades mais concorridas do Brasil. O anúncio veio durante plantão no hospital de Rurópolis, onde trabalha: "fiquei em choque", disse ela.
Rebeka aproveitou o período em que estava de férias para fazer projeto de pesquisa relacionado sobre perfil epidemiológico da Covid-19 em Rurópolis.
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Ela enfrentou três fases classificatórias, incluindo prova e entrevista, o resultado foi divulgado na última sexta-feira (16). A profissional disse que ficou em choque ao descobrir que havia sido selecionada.
"No mesmo dia que voltei das minhas férias saiu o resultado. Eu estava de plantão e a secretária de saúde me mandou o resultado. Eu não estava acreditando, fiquei em choque. Todo mundo perguntava o que estava acontecendo e eu não conseguia falar", contou.
Rebeka é formada há pouco mais de um ano, e ultimamente atua na linha de frente no combate a Covid-19. E foi com esse mesmo tema que apresentou o projeto para concorrer a uma das vagas do mestrado.
Para que ela pudesse escrever seu projeto de pesquisa sobre o perfil epidemiológico da doença em Rurópolis, onde atua em unidades de saúde, precisou sair de férias.
"Eu já estava pensando em parar para tentar novamente o mestrado, e escolhi minhas férias para março e fui ver a minha família em Monte Alegre. De lá eu fiz o projeto e as provas", disse.
Rebeka chegou a duvidar do seu conhecimento e da capacidade de passar no mestrado de uma das melhores universidades públicas do Brasil, mas assim como peça fundamental e forte na luta contra a pandemia, não baixou a cabeça e foi à luta.
"A gente nunca pensa que é capaz, eu não estava com esperanças porque eu via os currículos das demais pessoas que eram muito mais experientes. Eram poucas vagas, um processo seletivo muito difícil, mas eu passei", completou.
O mestrado da USP no qual foi aprovada, é de Enfermagem na Atenção Primária em Saúde no Sistema Único de Saúde (SUS). O curso é uma iniciativa da Universidade de São Paulo (USP) com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), em Santarém.
A seleção foi destinada a profissionais inscritos no Conselho Regional de Enfermagem (COREN), com vínculo empregatício com o SUS e que atuam no âmbito da Atenção Primária em Saúde (APS) na região do 9º Centro Regional de Saúde do Pará, que integra 20 municípios.
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