Desde que a pandemia começou, o vendedor ambulante José Claudio Lisboa, 46 anos, tem apostado em produtos relacionados à prevenção da covid-19 para conseguir sustentar a família. Atualmente, a banca dele tem apenas máscaras e por cada unidade que vende, ganha apenas 50 centavos. “Isso é se eu vender por unidade”, pontua. “Eu também faço promoção para quem compra no atacado e aí o meu lucro diminui”, explica o camelô sobre os rendimentos. “Tem dias que o faturamento não chega a R$ 20”, destaca.
José mora com a esposa e dois filhos e é o único apto a trabalhar, uma vez que a esposa precisa tomar conta das crianças, que estão sem aulas presenciais na escola onde estudam. “Está difícil, muito difícil. Mas deixar de trabalhar eu não posso. Hoje vendo máscaras porque é o que ainda tem saída (procura e vendas), não adianta investir em outras mercadorias, como roupas e brinquedos, se não conseguir vender nada”, desabafa.
No ano passado, ele chegou a receber o auxílio emergencial de R$ 600 e isso o ajudou a equilibrar as contas em casa e também comprar alimentos. No entanto, José não foi beneficiado com esta nova remessa do auxílio emergencial cujo valor é de R$ 250, em média. “E o pior é que o valor que está sendo pago é menor e isso não tem feito as pessoas virem ao comércio. Ano passado, o auxílio ajudou a movimentar e segurar as vendas por aqui, agora não dá não. O valor é baixo demais”, criticou o vendedor.
As incertezas do futuro também são motivos de preocupação para a autônoma Regina Celi, 58, designer de sobrancelhas com henna. Ela trabalha na Rua Santo Antônio, no centro comercial de Belém, recebeu o auxílio emergencial ano passado, mas ficou de fora dessa versão do auxílio. “Aquele primeiro me ajudou muito. Ajudou a todos nós que trabalhamos no Comércio. Nos dias de pagamento, aqui tinha movimento e a gente conseguia ganhar alguma coisa, quando terminou, em janeiro, o movimento por aqui só tem diminuído”, disse.
Regina já consultou o sistema da Caixa Econômica Federal e verificou que não será contemplada com esse novo auxílio que está sendo pago pelo governo federal. Ela não tem certeza sobre como ficará a situação dela daqui para frente, já que o sustento da casa está com ela. “O meu marido está desempregado, à procura de trabalho. Por enquanto, eu estou levando dinheiro para casa”, comentou.
“O pouco que tenho agradeço a Deus, porque já teve dias em que eu comprei osso para colocar no feijão e almoçar”, contou sobre as dificuldades que enfrenta. A mulher ressaltou ainda que pede a Deus que ela se mantenha com saúde para poder trabalhar, do contrário não terá como se alimentar e nem comprar medicações.
O músico Lucas Bragança, 62, está na expectativa para receber o auxílio emergencial no próximo dia 4. O valor que ele terá na conta é de R$ 150. “Isso não paga a nossa alimentação, mas preciso desse recurso”, frisou. “O último dinheiro que tinha guardado usei para comprar o gás de cozinha. Paguei 106 reais no botijão. As coisas, os alimentos nos supermercados, estão muito caros, mas vamos ver o que dá para fazer. Outro dia mesmo li uma reportagem que a cesta básica para uma família com 4 pessoas ultrapassava os R$ 500. O auxílio que vou receber não chega a metade disso”, prosseguiu. O valor da cesta básica do paraense, segundo o Dieese/PA, está em R$ 512,95.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar