PF abre inquérito para investigar morte de cacique no Pará

A jurisprudência dos tribunais superiores entende que crimes cometidos por indígenas ou contra indígenas devem ser processados e julgados pela da Justiça Estadual. No entanto, se o delito cometido por ou contra índio envolver a disputa sobre direitos indígenas, o crime será de competência da Justiça Federal. Os "direitos indígenas" são assegurados no art. 231 da Constituição, que diz que são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarca-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens.

A Polícia Federal confirmou abertura de inquérito para investigar as circunstâncias da morte do cacique Bemoti Kayapó. O cacique foi assassinado no dia 4 de maio, na aldeia Gorotire, Terra Indígena da etnia Kayapó, na zona rural de Cumaru do Norte, no sul do Pará.

Cacique mata e incendeia o corpo de outro cacique no Pará

O principal suspeito pelo crime é outro cacique, Betire Kayapó. Segundo testemunhas, os dois caciques tiveram desentendimentos motivados pela disputa sobre terras onde estaria havendo garimpagem clandestina de ouro.

Ao tomarem conhecimento da mineração ilegal e lucrativa, os caciques reivindicaram para si o domínio sobre a área em que está ocorrendo a exploração. A briga entre as duas lideranças foi iniciada quando Bemoti passou com uma lancha voadeira por cima de Betire, que sofreu profundo corte no couro cabeludo.

O cacique não aceitou ser removido ao Hospital Regional do Araguaia, em Redenção. Preferiu ser socorrido em Cumaru, onde passou por sutura, com 20 pontos na cabeça. Recuperado, Betire teria partido para o revide. Segundo relatos obtidos pela reportagem do Blog do Zé Dudu, com uma arma de fogo, Betire foi até a área que motivou o conflito e feriu a tiros dois indígenas, além de ter matado Bemoti.

Betire Kayapó, ainda segundo relatos de testemunhas, incendiou o corpo e a casa de Bemoti, e organizou uma invasão à Casa da Saúde Indígena (Casai), em Redenção, a esposa de Bemoti encontra-se em tratamento médico.