Com o início da vacinação contra o novo coronavírus, uma palavra passou a fazer parte do vocabulário dos brasileiros: comorbidades. Isso porque, sem imunizantes suficientes para aplicar em toda a população, o Ministério da Saúde definiu grupos prioritários. Estados e municípios têm liberdade para determinar essas pessoas, mas quem tem alguma comorbidade acabou sendo incorporado praticamente em todos os lugares como prioridade para a vacinação. Do que se trata, afinal, esse problema?
O Programa Nacional de Imunizações define pessoas com comorbidades as que têm doenças cardiovasculares como insuficiência cardíaca; cor-pulmonale e hipertensão pulmonar; cardiopatia hipertensiva; síndrome coronariana; valvopatias, miocardiopatias e pericardiopatias; doença da aorta, dos grandes vasos e fístulas arteriovenosas; arritmias cardíacas; cardiopatias congênitas no adulto; e próteses valvares e dispositivos cardíacos implantados.
Nessa condição também estão enquadradas pessoas com doenças crônicas como diabetes mellitus; pneumopatias crônicas graves; hipertensão arterial resistente; hipertensão artéria estágio três; hipertensão estágios um e dois com lesão e órgão alvo; doença cerebrovascular; doença renal crônica; imunossuprimidos (incluindo pacientes oncológicos); anemia falciforme; obesidade mórbida; cirrose hepática; e HIV.
Esse grupo deve ser prioritário, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), por ter maior risco de ficar gravemente doente se contrair a Covid-19. “As pessoas com comorbidades têm maiores chances de evoluir mal, o que acaba contribuindo para sobrecarregar o sistema hospitalar”, diz o cardiologista, Kleber Ponzi, da diretoria do hospital Guadalupe, em Belém.
CIÊNCIA
Normalmente, uma pessoa com comorbidade já sabe do seu problema. “Com a maioria delas é crônica, é feito já algum tipo de acompanhamento médico, por meio de exames e consultas, entre outros”, ressalta o médico.
Mas é possível, segundo ele, uma pessoa ter comorbidade sem saber. “Algumas como a hipertensão arterial são silenciosas, quase não apresentam sintomas, por isso a importância de fazer exames preventivos”, alerta.
Ele ressalta, no entanto, que nem toda pressão arterial elevada, embora seja sempre uma doença crônica, pode ser usada como justificativa para a vacinação. “A hipertensão arterial é dividida tecnicamente falando em leve, moderada e grave, de acordo com os níveis de pressão. Uma pressão arterial média de 18 por 11, por exemplo, é uma pressão alta. Há ainda os casos em que só se consegue baixar tomando pelo menos três hipertensivos para controlar. Nesses dois casos, estamos diante de casos graves que precisam ser vacinados”, detalha.
A obesidade também é considerada comorbidade, mas nesse caso, também é preciso levar em conta algumas questões. “Somente aqueles com IMC (Índice de Massa Corporal) igual ou superior a 40 são considerados obesos mórbidos e são alvos da campanha de vacinação contra a covid hoje.”
Em todos os casos, além do laudo médico, é possível comprovar o problema com exames e receita dos medicamentos usados. “Como se tratam de doenças crônicas, na maioria, ou seja, que não vão passar, não é estipulada uma data de validade para os laudos”, finaliza.
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