A igreja da Mãe de Deus, da Vigia - cidade distante de Belém 96 quilômetros - é uma obra portentosa do século XVII, construída pelos jesuítas – os padres da Companhia de Jesus. O prédio religioso é patrimônio histórico nacional, tal a sua importância para a história da ocupação da Amazônia, pelos portugueses, a partir do início do século XVII. É nele que os vigiense devotam fé à Nossa Senhora de Nazaré.
O que em Vigia fizeram os jesuítas
A igreja de Vigia tem uma arquitetura única. Monumental, o templo tem uma sacristia rara, dedicada à Virgem Maria. Periodicamente, a igreja precisa de reparos na sua estrutura; e as obras de arte, especialmente a sacristia, necessitam de restauro também.
Agora, mais uma vez, a “Mãe de Deus” pede socorro: do telhado à calçada, passando pelas varandas, forro da nave central e pisos, o templo precisa de reparos urgentes, minuciosos. Segundo relatório de inspeção feita pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em novembro do ano passado, a rede elétrica também está precária e põe em risco o prédio.
Campanha
Neste sábado, a Paróquia de Vigia lança uma campanha de arrecadação de fundos para a obra. O evento acontecerá durante a missa das 19:30h, que será celebrada pelo bispo da Diocese, dom Carlos Verseletti.
O recuperação do telhado será a primeira fase de um projeto grandioso, que já tem garantido o apoio da Prefeitura de Vigia. “Vamos mobilizar todas as forças capazes de ajudar a Paróquia a atender esse socorro que a Mãe de Deus está nos pedindo”, diz o bispo da Diocese de Castanhal. “A expressão de apelo para salvarmos um dos templos mais belos dos jesuítas, tem também um sentido catequético: ao tempo em que renovamos a Casa da Mãe de Deus, vamos reformar a nossa casa - o coração, onde reside a nossa fé em Deus” – prega o bispo.
Valorizando o patrimônio
O projeto de reforma está sendo elaborado por um escritório de Belém, especializado em restauro de prédios antigos e monumentos históricos, comandado pelo arquiteto Aurélio Meira. Acompanhado de Dom Carlos, Meira visitou Vigia, no início de abril, para conhecer os problemas da igreja e de outros patrimônios históricos da cidade.
“Vigia não tem uma igreja qualquer; com arquitetura única, a cidade tem um dos mais belos templos que os inacianos construíram em toda a América. Não só por causa da fragilidade de várias estruturas, mas por ser um bem histórico e cultural que precisa ser preservado, a ‘Mãe de Deus’ deve merece essa obra, para que a sua arquitetura monumental seja ainda mais destacada no espectro urbano, que merece ser repaginado”– diz Meira.
O arquiteto está desenhando uma nova praça para o largo da matriz, que incorporará dois quarteirões da Travessa Solimão, ao lado esquerdo do templo, onde se destacará um grande mural com arte religiosa, integrado a uma área de contemplação.
Com a supervisão da Diocese, os estudos estão sendo submetidos ao IPHAN, que já autorizou a intervenção no telhado. As madeiras serão substituídas; as telhas, padronizadas; toda a estrutura vai ganhar um subteto de alumínio - tecnologia que preserva o madeirame e evita goteiras.
Doações
“Será uma obra onerosa. Para darmos conta, precisaremos da ajuda da comunidade, e por isso estamos lançando neste sábado a campanha de arrecadação de fundos” – diz o padre José Carlos Cruz. A obra precisa começar logo para se aproveitar a estiagem da chuva.
Apoio municipal
A prefeitura apoia a paróquia e a Diocese nesse projeto. Em abril passado, durante reunião com Dom Carlos, o pároco e o secretário de Cultura, Nélio Palheta, o prefeito Job Xavier Palheta Júnior garantiu a participação do município nas obras. “Esse é um compromisso que fará parte da nossa política de cultura; temos consciência da importância de Vigia valorizar seu patrimônio histórico, e município vai contribuir para que a nossa igreja seja mais bem apreciada, inclusive, como atrativo turístico religioso, sendo sede da tradição do Círio. De acordo com as possibilidades, a prefeitura vai fazer sua contribuição” – diz o prefeito.
A iniciativa de Job Jr. é fato inédito. Não há registro de que, das obras anteriores, tenha ocorrido a participação do governo municipal. As duas reformas mais recentes, de 1994 e 2004, foram financiadas pelo governo do Estado.
A campanha de mobilização de colaboradores, criada pela Secretaria de Cultura e Turismo, é outra contribuição do município. “O mote publicitário é um apelo com duplo sentido, apropriado também pela catequese orientada pelo bispo da Diocese, que propõe ao povo católico vigiense, “renovar e reforçar a fé na Virgem Maria. É um apelo duplo de socorro” - diz o secretário Nélio Palheta, que coordena a campanha. Centrada nas redes sociais, terá vídeos e outras peças de propaganda.
Paralelamente, a Secretaria de Cultura lançará uma campanha nas redes sociais da prefeitura, para valorizar o patrimônio histórico do município; difundir informações históricas e culturais; destacar a presença dos jesuítas, no século XVIII, em Vigia, e a herança cultural que eles deixaram.” – diz o secretário Nélio Palheta. E a Igreja da Mãe de Deus fará parte dessa estratégia de comunicação. “O objetivo é ampliar a difusão de conteúdo histórico e ampliar o sentimento de pertencimento a essa cultura, aos costumes e às tradições religiosas. Precisamos conhecer melhor a nossa história e partir para ações concretas, como faz o prefeito Job”, destaca o secretário de cultura.
Poupança da campanha
A campanha da obra da igreja será lançada neste sábado, durante a missa a ser celebrada por Dom Carlos Verseletti. As contribuições poderão ser feitas na conta de poupança aberta pela Paróquia no Banpará de Vigia (agência: 39/00, Conta: 613.777-6).
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