Aumentos no preço do gás afeta também os revendedores

Não é somente o consumidor paraense que vai sentir os impactos de mais um reajuste no preço do botijão do gás de cozinha.

Quem trabalha com a revenda do produto também tem sentido os prejuízos da disparada do preço do botijão do gás, nestes últimos treze meses. Somente este ano, este já é o quinto aumento de preço do gás autorizado pela Petrobras.

O Sindicato das Empresas Revendedoras de Gás Liquefeito de Petróleo do Estado do Pará (Sergap) destaca que tem sido difícil para os revendedores conseguirem fazer investimentos e ampliar negócios. A entidade ainda não fechou o balanço de quantos depósitos de gás fecharam nos últimos anos, mas já tem empresário mudando de ramo.

Na prática, a situação não tem sido boa para ninguém. Ontem (14), dia em que passou a vigorar o reajuste de 5,9% no preço do botijão do gás de cozinha, não faltaram reclamações por parte de consumidores em frente a depósitos e pontos de vendas do produto.

Até sexta-feira (11), o botijão de gás de cozinha (13 kg) era vendido, em média, a R$ 92,91, em Belém, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O produto chegava a ser comercializado por até R$ 99,99. No depósito que funciona na travessa Angustura, esquina com a Antônio Everdosa, no bairro da Pedreira, em Belém, o gerente Rafael Souza disse que vai tentar manter o preço de R$ 93 pelos próximos 4 dias.

“Eu já comprei, hoje (ontem), os botijões no novo valor das refinarias, mas preciso deixar passar alguns dias para que os clientes possam se acostumar e saibam que o valor aumentou”, disse. “Já tem um tempo que aumenta o preço do gás, mas não aumenta o nosso lucro”.

O empresário comentou que a manutenção do negócio tem pesado e impactado no caixa da empresa.

“Eu preciso comprar os triciclos para fazer a entrega dos botijões. Eles custam R$ 27 mil e eu preciso de pelo menos dois destes veículos. Eu tenho a folha de pagamento, custo de energia, tudo está aumentando no mercado. O custo de vida está alto em Belém”, prosseguiu Rafael.

No bairro do Marco, o empresário Felipe Sherring aos poucos tem mudado de ramo para tentar obter algum lucro no final do mês. Está construindo uma arena de futebol society.

“Quando comecei, há 11 anos, o preço do botijão de gás custava R$ 26,50. Hoje eu vendo um botijão a R$ 91 e não vejo mais ganho em cima disso”, comentou.

O empresário abastece o estoque a cada dois dias, mas reclama que na última sexta-feira não conseguiu reabastecer.

“A refinaria alegou uma manutenção, mas acho que eles já sabiam que iria haver reajuste de preço, tem sido assim nos últimos meses ”.

SINDICATO

O presidente do Sergap, Francinaldo Oliveira, ressaltou que os empresários e revendedores de gás de cozinha têm enfrentado dificuldades para manter o negócio.

“Não tem como fugir do reajuste de preços porque eles são definidos pela Petrobras. Aumenta o valor na refinaria, aumenta na revenda, mas não aumenta os lucros”, disse.

“Acaba que está aumentando a informalidade porque comprar uma moto triciclo para transportar os botijões no delivery custa R$ 25 mil e tem ferreiro adaptando bicicletas por R$ 600. O problema é que este transporte não atende às normas de segurança e está colocando trabalhadores informais em risco”, atentou Francinaldo. “Desde maio do ano passado, só tem aumentado”.