
A disputa para o cargo de reitora da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) começou bonita, mas terminou em reclamação da comunidade acadêmica.
A consulta prévia realizada no mês anterior havia definido, pela primeira vez na história da universidade, três chapas lideradas por mulheres para a disputa.
As professoras doutoras Herdjania Veras de Lima, Janae Gonçalves e Ruth Helena Cristo Almeida eram as candidatas a ocupar o posto no quadriênio 2021-2025.
O presidente Jair Bolsonaro, responsável por escolher um dos nomes da lista tríplice oferecida por técnicos, professores e alunos, nomeou a professora bolsonarista Herdjania Veras de Lima.
A chapa "União e Compromisso", que tinha Janae Gonçalves como candidata, teve maioria de votos entre docentes, técnicos e alunos.
Mas, o desejo democrático da comunidade acadêmica não foi reconhecido, ainda que tenha ocorrido de forma transparente.
“Nesses 70 anos de atuação na Amazônia, essa seria a oportunidade para eleição da primeira reitora, de maneira democrática, transparente e autônoma”, disse a UFRA através de nota.
O ato de Bolsonaro gerou críticas de parte da comunidade acadêmica e de parlamentares da esquerda.
Apesar de legal, pois uma lei de 1995 estabelece que o presidente da República é quem escolhe como reitor e vice-reitor das universidades federais um dos nomes da lista tríplice fornecida pela colegiado máximo da instituição, a nomeação quebra um protocolo habitual, pois geralmente o presidente costuma escolher o mais votado, respeitando a vontade da maioria dos servidores da instituição.
“A atual gestão da universidade gostaria de lembrar que, antes de qualquer eleição, disputa ou divergência, os candidatos são primeiramente professores. É na luta por uma educação de qualidade, pública, gratuita, inclusiva e humanizada que devem ser suas escolhas. É na defesa e no fortalecimento da instituição que devem ser pautadas suas ações de ensino, pesquisa e extensão”, lembrou o atual reitor da UFRA Marcel do Nascimento Botelho.
Os Centros Acadêmicos da UFRA divulgaram uma nota classificando como um “golpe” a escolha de Herdjania Lima.
“A total indignação ao golpe ocorrido no último dia 12 de julho de 2021 contra a reitoria da UFRA”. Os centros afirmaram que Bolsonaro escolheu Herdjania para o cargo de reitora da universidade “simplesmente por maior alinhamento político e ideológico”.
A nova reitora se manifestou sobre a polêmica nas redes sociais.
Lá, ela faz questão de expor o pensamento político alinhado com a presidência da República.
Nas últimas eleições municipais, ela apoiou o candidato Delegado Eguchi, que foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta quarta, também bolsonarista.

Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar