Em plena manhã de domingo (19), a pouca movimentação em busca de pescado na Feira da Cidade Nova 4 preocupava os feirantes que trabalham com o produto. Desde que casos suspeitos da Doença de Haff, popularmente conhecida como doença da ‘urina preta’, começaram a ser investigados no Brasil, a queda no consumo do pescado vem sendo percebida pelos trabalhadores. Para amenizar os prejuízos, a Prefeitura Municipal de Ananindeua sancionou, na última quarta-feira, uma lei que cria o auxílio emergencial no valor de R$2 mil destinado aos vendedores de pescado.
No box administrado por Silvio Fonseca, 42 anos, as vendas do pescado caíram mais de 90%. Para que o produto já adquirido não estragasse, Silvio conta que precisou doar parte do pescado para amigos e conhecidos. “Está complicado para a gente que é pai de família. Tem clientes que já nos conhecem, que sabem da qualidade do nosso produto, que ainda estão comprando. Mas muita gente está com medo de comprar o peixe e com isso a gente não está vendendo nada”, considerou. “Todos esses anos que eu trabalho com peixe, nunca tinha visto uma situação dessa. Tinha períodos mais fracos, mas não como está acontecendo com a gente agora”.
Diante do prejuízo, Silvio aponta que a esperança está no auxílio emergencial anunciado pelo poder público municipal. “Falaram que irá sair esse auxílio e a nossa esperança é essa”, considera. “O complicado é que só quem recebe é o dono do box. Para os outros peixeiros que trabalham no mesmo box, não deram nada. Mas é melhor do que não receber nada”.
Há 17 anos no ramo, o vendedor Reinaldo da Silva, 70 anos, também aponta que a situação enfrentada pela categoria, hoje, é inédita. Ele conta que antes da repercussão sobre a Doença de Haff, ele chegava a vender 300 a 400 kg de pescado em um domingo. No último final de semana, porém, ele não havia conseguido vender mais de 100 kg. “Estamos num prejuízo grande. O peixe que a gente comprou, tive que dar para os outros para não estragar, para não ter que jogar fora”, reclamou.
Reinaldo aponta que divide o um box na Feira da Cidade Nova 4 com outra vendedora de pescado. Como o box está registrado no nome dela, ele aponta que não deverá ser contemplado com o auxílio emergencial. “Só querem pagar o auxílio para ela, mas eu trabalho com pescado também aqui todos os dias, também estou no prejuízo. Isso eu não acho certo, tinha que contemplar todo mundo que trabalha com o pescado”.
Para tentar amenizar o prejuízo, o vendedor de pescado Alberto Gomes teve que reduzir o preço aos consumidores. “Eu comprei o tambaqui a R$12 e estou vendendo a R$10. Estou vendendo nesse preço só para dar saída mesmo, para não ficar aqui empacado”, explicou. “Está muito complicado. Caiu muito. Esse pescado é de cativeiro, mas as pessoas não estão comprando”.
Pensando no almoço de domingo, o autônomo João Bandeira, 53 anos, decidiu aproveitar o preço mais em conta e levar o tambaqui de cativeiro. “Não tem problema nenhum. Vou fazer assado de forno”.
ANANINDEUA
Na última quarta-feira, uma lei municipal foi sancionada criando auxílio emergencial de R$2.000,00, que tem como objetivo amenizar os prejuízos decorrentes da queda na venda de pescado após a repercussão da Doença de Haff. Vale lembrar que em Ananindeua não foi registrado nenhum caso de contaminação pela Doença de Haff.
Em nota, a prefeitura de Ananindeua esclarece que o benefício é destinado a quem tem como comprovar que atua no setor de pescados nas feiras e mercados do município. Estes comerciantes são peixeiros que possuem boxes cadastrados na Diretoria de Feiras e Mercados da Sesan (Secretaria de Saneamento e Infraestrutura).
A prefeitura ressalta ainda na nota que este auxílio quando contempla o peixeiro ou vendedor de mariscos (proprietário do box), está evitando que toda a cadeia seja prejudicada. E que o valor total do benefício (dividido em duas parcelas, cada uma de R$ 1.000,00, entregue em setembro e em outubro) serve como um capital de giro para evitar o desemprego de forma direta ou indireta.
A nota lembra que a venda de peixe não parou, houve uma queda na venda
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