Belém antes e agora: o que mudou em 11 anos?

Como era Belém em 2010? Obviamente, esse retrato completo do passado recente da capital não será possível de resgatar, porém é possível perceber algumas mudanças e diferenças pontuais no cenário da cidade. Nas mãos de três prefeitos diferentes, um crescimento populacional de 7,5% e cerca de 70 mil automóveis a mais, de lá para cá a cidade ganhou mais equipamentos públicos, shoppings, condomínios, farmácias (muitas!) e também problemas.

Uma das obras que mudaram a cara da cidade e trouxeram também aborrecimentos pela demora na conclusão é o BRT. O sistema não seguiu a lógica de velocidade do seu nome em inglês (Bus Rapid Transit) e remonta um estudo sobre o plano diretor urbano da capital ainda da década de 1990 do século passado. Os debates sobre a viabilidade técnica, captação de recursos e responsabilidades institucionais arrastaram a sua execução do projeto para o século 21. O início das obras é de 2012 e o empreendimento está envolto a polêmicas, embargos, paralisações e retomadas.

O sistema passou a operar em 2019 e tem 20 km de extensão e 33 estações. Os moradores de Belém aguardam o funcionamento definitivo do BRT com a esperança de ser uma ajuda para um transporte público que acumula reclamações dos usuários e hoje está no limite da demanda imensa deu uma população que passa dos dois milhões na Região Metropolitana. No dia 18 de setembro, o Governo do Pará assinou o contrato de retomada dos serviços junto à nova empresa responsável pelo projeto. A previsão é que o sistema entre em funcionamento definitivo em 2022.

Outra obra muito aguardada e de longa expectativa mudou o fluxo de veículos e a rotina de trânsito do belenenses. O prolongamento da Avenida João Paulo Segundo, que concluído em setembro de 2018. Foram cinco anos para finalizar a obra de cerca de R$ 302 milhões, feita com o objetivo de oferecer um novo corredor viário para a cidade e integrar a Grande Belém. A avenida João Paulo II tem quase 10 km de extensão, abrangendo da avenida Ceará ao viaduto da rodovia Mário Covas, e é uma das principais vias de acesso à RMB.

Outro equipamento público que passou a integrar a vida dos cidadãos de Belém foi o Portal da Amazônia, inaugurado em 2012 no último mandato de Duciomar Costa. O projeto começou a ser desenvolvido em 2005 e envolveu remanejamento de famílias, uma série de ajustes no projeto original e um gasto de R$ 100 milhões. A orla construída possui cerca de 2 quilômetros de extensão e a área, recentemente, foi alvo de polêmica com a construção de um supermercado atacadista. Com contestações na Justiça, o estabelecimento foi autorizado a funcionar, embora haja acusações de desrespeito do Plano Diretor do Município de Belém e do Código de Posturas de Belém.

Em 2020, Belém recebeu mais uma obra que recuperou uma área da cidade antes destinada para movimentação portuária. O Porto Futuro foi entregue em 2020, mas idealizado em 2015. É resultado de um projeto iniciado em março de 2018 pelo Ministério da Integração Nacional, que à época tinha como titular Helder Barbalho, atual governador do Pará.

Shoppings, novos condomínios e muita, muitas farmácias

Como uma das últimas capitais a ter grandes shoppings, como o seu primeiro inaugurado em 1993, Belém viu surgir nos últimos anos mais quatro grandes empreendimentos do gênero, o que confirmou sua vocação econômica para o comércio e serviços. Em 2010, surgia o Shopping Boulevard, na Avenida Doca de Souza Franco, no Reduto. Já, em 2001, foi a vez do Parque Shopping, na Rodovia Augusto Montenegro, no bairro Parque Verde; em 2013, o Shopping Bosque Grão Pará, na Avenida Centenário, no bairro Mangueirão; e, em 2017, o Shopping Metrópole, este em Ananindeua, na Grande Belém, na Rodovia BR-316.

Nos últimos 11 anos, Belém saltou de Escolas 968 para 1.093 escolas, com 125 estabelecimentos de ensino a mais. A frota de veículos foi de 175.023 para 244.199 automóveis e a população saltou para 1.506.420 habitantes, sendo que, em 2010, eram 1.393.399. Outra coisa que aumentou muito na cidade? O número de farmácias. Uma contagem do Conselho Regional de Farmácia, feita em 2018, dava conta de 900 estabelecimentos abertos nos últimos anos no Estado, chegando a 4 mil, boa parte dele em cada esquina da cidade. Curiosamente, a capital testemunhou o sumiço uma das redes de farmácia local mais famosas nesses últimos anos: não existe mais a Big Ben, a que tinha como símbolo o relógio londrino.

Outra mudança visível nos últimos 11 anos em Belém é o crescimento do setor imobiliário em áreas novas, como a Rodovia Augusto Montenegro. Surgida como o Ramal do Pinheiro fazendo a antiga ligação com a estação do Entroncamento da Estrada de Ferro Belém-Bragança, a hoje movimenta via belenense foi inaugurada com a configuração atual em 1978 e durante muito tempo não havia ainda sido aproveitada o mercado imobiliário.

Nos últimos anos, a Augusto Montenegro é uma das principais frentes, junto com outras ruas, como a Avenida Independência, Mário Covas e Centenário, do que vem sendo chamado de “Nova Belém” por corretoras de imóveis. A mudança do cenário urbano é visível com prédios residenciais e equipamentos públicos dominando a paisagem. A aumento populacional tem levado a busca de novos lugares para habitação criando novas dinâmicas e relações na capital, muito diferentes do que podia ser observado no já distante ano de 2010.