O crescente aumento no preço dos alimentos tem feito o brasileiro rever o consumo de alguns produtos. Esse tem sido, por exemplo, o caso da carne vermelha, que ficou cerca de 17,79% mais cara este ano. Com isso, muita gente tem preferido trocar o consumo desse produto por outros mais em conta. De acordo com uma pesquisa recente divulgada pelo Instituto Datafolha, entre os dias 13 e 15 deste mês, 85% dos brasileiros têm reduzido o consumo de alimentos como carne de boi, refrigerantes, sucos e laticínios. Em contrapartida, o ovo de galinha registrou dados diferenciados. Cerca de 50% dos entrevistados disseram estar comendo mais esse produto enquanto outros 20% afirmaram terem diminuído, de fato, o consumo.
Na prática, em Belém, os pontos de vendas têm registrado oscilações nas vendas, mas via de regra, a maioria não sentiu ainda esse aumento. Rafael Oliveira mantém um local na Avenida Pedro Álvares Cabral há 15 anos, no bairro da Sacramenta. Ele conta que no ano passado a procura pelo produto foi bem melhor que este ano. “Chegava a vender até 200 caixas com 12 formas (com 30 ovos) a cada semana. Atualmente estou vendendo cerca de 80”, diz.
Para ele, a justificativa está no aumento do produto que tem acompanhado a alta geral dos preços. “Até o ano passado a forma era comercializada por R$ 11, atualmente ela está saindo por R$ 14,50, o extra (tamanho maior). Mas em março deste ano, por exemplo, essa mesma forma estava sendo vendida por R$ 17. A questão toda é que o preço do ovo tem uma oscilação muito grande também”, ressaltou. Os ovos vendidos no local vêm de uma granja localizada no Estado do Mato Grosso.
A cabeleireira, Nazilda Correia foi uma das poucas compradoras encontrada pela reportagem. Ela comprou meia forma a R$ 7,50 na feira do bairro do Barreiro, mas reclamou bastante do preço. “Não está dando para comprar carne, então temos que comprar ovo mesmo, que também está mais caro. Aliás, está tudo mais caro. Não sei onde vamos parar. O jeito é ir deixando mesmo de comprar as coisas”, comentou.
PRODUÇÃO
O zootecnista Mário Lucena, consultor técnico e mentor em Avicultura explica que a produção do estado ainda está aquém da demanda. “Nosso plantel é de aproximadamente 1,7 milhão a 1,8 milhão de aves, com uma produção de diária de ovos de 1,5 milhão de ovos, sendo que o potencial do nosso mercado no Pará está próximo de 4,5 milhões por dia, considerando nessa análise um consumo per capita de 200 ovos por habitantes por ano”, diz ele, lembrando que o consumo per capita médio do Brasil em 2020 foi de 250 Ovos/Habitantes.
A maior parte dos ovos consumidos pelos paraenses vêm de outros estados. “Grande parte do mercado daqui é abastecido pelos estados do Ceará, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás”, cita. O especialista destaca ainda que a pandemia acabou gerando impactos nos custos de produção e distribuição do produto. “O mais impactante foi o das matérias-primas da ração, o milho e o farelo de soja. A saca de 60 quilos de milho, por exemplo, custava R$ 52 em julho de 2020, mas em julho deste ano já estava sendo comercializada por R$ 98”, destacou ele, ressaltando que outro item de grande impacto nos custos finais de distribuição foi o das embalagens, bandejas, formas e caixas de transporte de ovos.
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