O Pará vai receber, a partir desta segunda-feira, 18, a principal plataforma global para discussões relacionadas à bioeconomia. O Fórum Mundial de Bioeconomia (World Bioeconomy Forum) será realizado na Estação das Docas do dia 18 a 20, e será transmitido de forma on-line para todo o mundo. A bioeconomia é considerada a ciência do futuro no presente e seu modelo de produção industrial baseado no uso de recursos biológicos oferece soluções para a sustentabilidade dos sistemas de produção com vistas à substituição de recursos fósseis e não renováveis. É a primeira vez que o Fórum acontece fora da sua cidade de origem, Ruka, na Finlândia.
Com as atenções voltadas para as consequências das mudanças climáticas em nosso planeta, como a escassez de água que afeta o Brasil e provoca a pior crise hídrica do século nos reservatórios de usinas hidrelétricas, buscar alternativas sustentáveis, sobretudo na região amazônica, fazem deste evento um dos mais importantes do mundo, sob a ótica da sustentabilidade ambiental.
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Belém é considerada a porta de entrada da Amazônia, região com a maior biodiversidade do mundo. E essa escolha se dá exatamente quando os efeitos das mudanças climáticas são tão dramáticos e a comunidade internacional se prepara para a COP-26, em Glasgow (Escócia), em novembro.
A diretora de Bioeconomia, Hidrologia e Mudanças Climáticas da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Estado do Pará, Camille Bemerguy explica que foi o próprio governador Helder Barbalho que decidiu trazer o Fórum para o Pará como forma de colocar a discussão sobre a bioeconomia no coração da Amazônia. “Nesse momento em que todos os olhos do mundo estão focados nos desafios climáticos e ambientais, em temas ligados às mudanças climáticas e na preocupação do mundo com o desmatamento, trazer esse Fórum para Belém, a partir da visão de uma agenda de desenvolvimento, é a possibilidade de ter os olhos do mundo focados na Amazônia, não como um local de conservação apenas, mas como potencial de desenvolvimento sustentado a partir da visão dos próprios amazônidas”, explica a diretora da Semas.
Camille Bemerguy ressalta ainda que a bioeconomia representa uma agenda de desenvolvimento que tem potencial de transformar a economia e a sociedade paraense em uma nova agenda capaz de dar sustentabilidade com caráter de desenvolvimento inclusivo, “ao mesmo tempo em que concilia desafios ambientais com desafios humanos”. “A bioeconomia tem essa potencialidade de conciliar essas duas agendas, que são os maiores desafios da Amazônia e em especial do Pará”.
Muito se tem falado sobre o fato de o Brasil ser palco da maior diversidade biológica do mundo e, apesar disso, ainda não ter entrado de forma mais efetiva na corrida mundial rumo à bioeconomia. O DIÁRIO foi conferir essa informação com uma das maiores especialistas do setor em todo o mundo, a consultora portuguesa Teresa Presas (veja ao lado).
O fundador do Fórum, Jukka Kantola, disse que a escolha de Belém para sediar o evento foi motivada pelo fato de a região ser a entrada para a Amazônia. O finlandês ainda apontou que o intuito do encontro é fomentar o engajamento de empresas e companhias, além de criar mais ferramentas para aumentar a sustentabilidade e diminuir as mudanças climáticas. A agenda de 2021, de acordo com Kantola, será baseada em quatro eixos temáticos: A bioeconomia: pessoas, planeta e políticas públicas; Líderes globais e o mundo financeiro; Bioprodutos ao nosso redor; e Olhando para o futuro.
Anfitrião do evento, o governador Helder Barbalho destacou que o Governo do Pará assumiu o compromisso com o desenvolvimento sustentável desde o início da gestão, quando baseou seu planejamento nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) e numa macro estratégia que prioriza desde as realidades locais até o compromisso com a vida de cada cidadão do planeta.
“O exemplo disso é o Plano Amazônia Agora, que tem entre as metas chegar ao patamar de emissão líquida zero. Para isso, o PEAA tem quatro eixos de atuação, que passam desde a repressão aos crimes ambientais, o apoio às cadeias produtivas, até a regularização fundiária e ambiental. Nesse contexto, o Fórum Mundial de Bioeconomia vem somar esforços na busca por uma economia calcada na biodiversidade, com oportunidade para todos, sobretudo os mais necessitados”, afirmou.
Serviço
O Fórum Mundial de Bioeconomia (World Bioeconomy Forum) será realizado na Estação das Docas do dia 18 a 20, e será transmitido de forma on-line para todo o mundo.
Muitas empresas brasileiras atuam com o processo
Integrante do Conselho Consultivo do Fórum Mundial de Bioeconomia, e assessora estratégica de empresas envolvidas na bioeconomia circular, Teresa foi diretora geral da Confederação Europeia das Indústrias do Papel, e ocupou vários cargos na Tetra Pak. Entre outras atuações, integra o Conselho da empresa The Navigator Company.
Na opinião da portuguesa, há muitas empresas brasileiras que atuam com o processo de bioeconomia. “E isso é constatado a partir do grande interesse no Fórum. Acredito que há muitas iniciativas nesse sentido sendo feitas no Brasil. Essas empresas terão, com a realização do Fórum no Brasil e com as intensas discussões, a oportunidade de mostrar que estão usando matérias primas de forma sustentável. Produtos que vem da bioeconomia vão substituir matérias primas fósseis, esse é o único caminho”.
Teresa ressalta que a bioeconomia no Pará abrange basicamente produção local, como frutas e artesanato, além da produção de commodities. Ela detalhou ainda que o encontro contará com ministros, investidores nacionais e internacionais, acadêmicos de quatro países diferentes, além do vice-presidente da República, Hamilton Mourão. A consultora acredita que a realização do Fórum em Belém será um forte incentivador para incrementar atuações empresariais por meio da bioeconomia.
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