Os diretores Juliana Rosa Pesqueira e Allan Gomes Freitas, autores da série “Teles Pires: o rio mais impactado por hidrelétricas na Amazônia”; além da artista indígena Emerson Pontes, autora da performance Uyra Sodoma; e das cineastas indígenas Beka Saw Munduruku, Aldira Akai Munduruku e Rilcelia Akai Munduruku e junto ao Coletivo Audiovisual Daje Kapap Eypi integram os projetos selecionados ao Climate Story Lab Amazônia, evento que ocorrerá entre 23 a 27 de novembro, em formato híbrido, online e semipresencial em Manaus, para potencializar as vozes de quem vive na região amazônica. Eles têm em comum o fato de projetos sobre o Pará e Emerson, que hoje reside na capital amazonense, ser paraense.
Com uma produção de série de não-ficção sobre as hidrelétricas no Rio Teles Pires, que banha os estados do Pará e do Mato Grosso, o objetivo é problematizar a implantação do modelo de produção energética que causa inúmeros conflitos sociais e problemas ambientais. “O rio Teles Pires, antes conhecido pelas suas cachoeiras e águas verdes, com lugares sagradas para povos indígenas, e exuberante fauna e flora, hoje vê seu percurso tornando-se uma região estéril, com queda na população de peixes e quelônios, e grandes extensões de florestas apodrecendo às suas margens sob os lagos das hidrelétricas”, dizem os autores.
Já Emerson Pontes é apresentada no longa-metragem de não ficção “Uyra - A Retomada da Floresta”, com direção de Juliana Curi e produção de Martina Sönksen, João Henrique Kurtz, Lívia Cheibub e Emerson Pontes/Uyra Sodoma, e com produção de impacto de Renata Ilha, que destaca que em um dos países que mais mata ambientalistas, indígenas e pessoas trans, Uyra é o corpo que o Brasil insiste em exterminar. “Como transartista-indígena-educadora, sua existência e resistência fomentam uma revolução micropolítica lutando pela educação da juventude indígena e queer e pela preservação das causas ambientais da Floresta Amazônica”, explica o projeto.
E no projeto “Autodemarcação e Fiscalização da TI Sawré Muybu”, do povo Munduruku, pretende denunciar que diante da ausência do Estado, todos os anos o povo Munduruku, do Pará, realiza a autodemarcação e fiscalização da Terra Indígena Sawré Muybu, “onde guerreiros, guerreiras, caciques, pajés e crianças, caminham pelo território para reavivar os limites, identificar e expulsar invasores e cuidar da floresta, do rio e da terra”.
“A comunicação sobre as mudanças climáticas é fundamental, necessitamos que as melhores histórias cheguem a audiências mais relevantes. Partindo desta convicção, o Climate Story Lab Amazônia vai catalisar os projetos audiovisuais emergentes e urgentes que estão saindo da região conectando com quem está na vanguarda sobre o debate da crise climática”, afirma a produtora de impacto colombiana, Vanessa Cuervo, uma das coordenadoras do evento.
Programação
Estão abertas as inscrições gratuitas para a programação do Climate Story Lab Amazônia. Inscreva-se aqui. O evento é realizado pela iniciativa inglesa Doc Society em correalização com o “Matapi”, plataforma criada para impulsionar o audiovisual da região Norte do Brasil, e o “Hackeo Cultural”, organização dedicada à construção de narrativas em defesa da vida.
O evento é destinado à pessoas físicas ou organizações que possam participar do evento no formato virtual com a finalidade de contribuir e fortalecer algum dos projetos do laboratório - seja através de investimentos, indicações ou conexões. O conteúdo será gravado e disponibilizado em outro momento para o público geral que tiver interesse em assistir às mesas de formação.
A programação terá mesas redondas, oficinas, mapeamento de líderes políticos, e vai reunir artistas, pesquisadores, representantes de instituições ambientais e de sustentabilidade, organizações não governamentais, com pontos de vista distintos e complementares que compreendem o período crítico e urgente que nos pede mudanças na estrutura e na micropolítica de nossas comunidades e sociedade civil como um todo.
Projetos
O “Climate Story Lab Amazônia” reunirá outros quatro representantes dos sete projetos artísticos selecionados para o evento, que abordam as mudanças climáticas e defesa do território dos povos originários, comunidades ribeirinhas e quilombolas. Os projetos são: “Rádio Savia” (Colômbia e México), “Quentura” (Brasil), “Série jornalística - Sabedores e memórias da Amazônia em risco de crise climática e pandêmica” (Colômbia e Equador) e “Imagine2030” (Brasil).
A ideia é criar pontes entre ações já existentes no território amazônico, como força política e de resistência cultural para descolonizar olhares e práticas. “A urgência do debate das mudanças climáticas traz consigo a urgência da comunicação com a sociedade como um todo. Dado os contextos políticos da América Latina e a crise de representatividade nos espaços de poder, queremos impulsionar projetos com potencial de impacto social a fim de gerar compromisso com ações que contribuam para mudanças nas nossas práticas de vida e consumo”, defende Rodrigo Antonio, realizador e pesquisador paraense, organizador e anfitrião do evento.
Os sete projetos selecionados para o Climate Story Lab Amazônia vão receber consultorias de diferentes agentes do mercado audiovisual e de comunicação, bem como seus representantes participarão de encontros com especialistas culturais atuantes no campo da construção de campanhas e distribuição de impacto social. O objetivo é promover formação e potencializar os projetos - que abrangem curta e longa-metragem, um podcast e um projeto de microssérie documental para internet - em distintos campos artísticos e comunicacionais.
Sobre a Doc Society e o Climate Story Lab
A Doc Society é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2005, comprometida em viabilizar grandes documentários e conectá-los a públicos em todo o mundo, com sede em Londres e Nova York, em atuação com diversos cineastas e parceiros. O Climate Story Lab é uma realização da Doc Society motivada pela compreensão de que comunicar sobre as mudanças climáticas é urgente. O laboratório é um espaço de articulação, conexão e reflexão sobre formas e ferramentas das narrativas audiovisuais e artísticas em geral, tendo o público como um agente mobilizador fundamental das transformações sociais. O evento vem sendo realizado em distintos países com organizações locais que adaptam a metodologia às suas realidades.
CONFIRA
Conheça mais sobre os sete projetos selecionados para a primeira edição do CSL. Amazônia e para participar do evento, confira novidades clicando aqui.
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