A chegada de 2022 renova também a esperança de quem está em busca de emprego. A retomada de grande parte das atividades econômicas, capitaneada pela chegada da vacinação em massa contra a Covid-19, é motivo para se acreditar que a recuperação dos postos de trabalho tende a ser melhor do que no ano que termina. A projeção positiva seria, portanto, a continuação da retomada de fôlego obtida em 2021. Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), o Pará encerrou o ciclo de 12 meses com geração de mais de 76 mil postos de trabalhos formais.
O resultado apontado pelo Dieese foi feito com base em informações oficiais do Ministério do Trabalho e Previdência, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). A partir do balanço da trajetória de crescimento da geração de empregos formais, é possível observar que o Pará liderou o ranking entre os estados da Região Norte. A análise foi feita em comparativo entre admitidos e desligados.
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Segundo o supervisor técnico do Dieese, Roberto Sena, o saldo positivo de empregos formais tem destaque para os setores de serviços, comércio e construção. “Em 2020, praticamente se paralisou a economia no Pará e Brasil todo, em função de não termos vacina”, lembra. “Foi muito ruim, perdemos postos generalizados e iniciamos 2021 com uma luz no fim do túnel e ela veio aumentando com intensidade, em função da vacina e da vontade política dos governos estaduais e prefeituras, que se esmeraram no sentido de cacifar a vacina”, analisa.
Sena pontua que o fato de se começar o novo ano com mais da metade da população apta vacinada contra o novo coronavírus, contribuiu decisivamente para a retomada da economia e da oferta dos postos de trabalho formais. “Nessa retomada da economia, chegamos ao fim do ano batendo recorde. Nunca, em tempos mais recentes, nos últimos dez anos, geramos tantos empregos em períodos tão curtos, chegando a 76 mil postos de trabalho em praticamente todos os setores - construção civil, indústria, comércio, agropecuária, turismo, este último que foi bastante atingido e chega ao fim do ano sem maiores restrições”, constata. “A gente está fechando 2021 em uma situação muito melhor do que 2020”.
Para o ano que se inicia, o supervisor técnico pontua que, apesar de ainda convivermos com a pandemia e as atividades econômicas ainda não terem voltado em sua plenitude, a tendência é a continuidade da recuperação do emprego. “Se nada mudar nesse cenário, se a tendência for de continuar com mais vacinas, número de pessoas com segunda dose e de reforço atingidos, até crianças, a tendência é de que a gente possa ter um 2022 melhor do que foi em 2021”, projeta. “Isso é tendência, porque a Covid-19 segue, a variante nova está aí”, alerta.
O crescimento da economia e a geração de empregos, segundo Sena, virá de várias atividades que, no entanto, precisam de pessoal qualificado. “Mais pessoas viajando, deslocamento, empresas abrindo, empregando. É uma tendência que tem que estar aliada ao comprometimento de governos, da qualificação de mão de obra”, pontua. “Temos uma mão de obra muito grande no Pará e precisamos qualificá-la”.
Outro fator apontado pelo estudioso para manter o otimismo é que 2022 é um ano com eleições. “Na trajetória do tempo, sempre foi um ano em que emprego formal e informal cresceram, não só no Pará”, avalia. “Não dá para comparar com antes da pandemia, 2019, 2018, mas é uma tendência que esses fatores econômicos voltem aos patamares em relação aos de agora”.
DEVAGAR E SEMPRE
Quem também espera um ano para se manter a retomada dos postos de trabalho é o diretor da Adapt Consultoria RH, Alexandre Mendes. “Entendo que já passamos pelo pior, ainda teremos um mercado tímido para geração de empregos. Entretanto, já vivemos um momento de recuperação, mesmo que lento, mas já temos sinais positivos”, constata. “Além disso, o Pará foi um dos estados com menor impacto de desemprego”.
Além de promissor, Alexandre lembra que o cenário também será de transformação. “A pandemia exigiu adaptabilidade do trabalho remoto, implantação de novas soluções e tecnologias. Fortaleceu o e-commerce, diversos aplicativos e serviços de delivery”, lista.
Ainda segundo o especialista em recursos humanos, o ano será bom para quem investir em tecnologia. “As empresas têm passado por um processo de mudança tecnológica forte. Percebo que as empresas têm investido em mais tecnologia e menos espaço físico”, exemplifica. “Além disso, existe um crescimento muito forte na área da mineração em nosso Estado e o crescimento constante de outras áreas como da engenharia, saúde, recursos humanos, marketing, ciências contábeis e direito”.
Alexandre Mendes cita que o trabalho informal também seguirá como solução para muitos. “O trabalho informal em nosso Estado é crescente. No Pará, 36% da população trabalha por conta própria, isso é um número bastante representativo em relação a outros estados”.
Expansão da população ocupada
Especialista em mercado de trabalho e carreiras, o administrador Tiago Fernandes se vale dos dados da retomada do mercado de trabalho brasileiro, intensificado no último trimestre de 2021, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). “Apesar do contingente elevado de desempregados, 13,5 milhões, a taxa de desocupação no terceiro trimestre ficou em 12,5%, atingindo o menor nível desde o trimestre móvel encerrado em abril de 2020”, compara.
“A queda do desemprego, que ocorre de modo generalizado, abrangendo praticamente todos os segmentos etários e educacionais, é resultado de uma expansão significativa da população ocupada, que avançou 11,4%, no terceiro trimestre, na comparação interanual, superando o ritmo de crescimento da força de trabalho (8,6%)”.
OCUPAÇÃO
O crescimento da ocupação, entretanto, tem ocorrido de modo mais intenso nos setores informais, analisa Fernandes. “Isso reflete, especialmente, na retomada dos serviços mais beneficiados com o relaxamento das medidas de restrição social”, frisa. “Portanto, vejo o Pará com grandes expectativas e excelentes oportunidades para quem busca emprego ou trabalho. É um ano de eleição presidencial e Copa do Mundo, fazendo com que influencie diretamente na economia”.
A avaliação do especialista é menos otimista em relação às indústrias. “O início do ano ainda vai ser muito difícil para o setor industrial. Por mais que a gente tenha começado a melhorar esses problemas da oferta (de matéria prima), após as restrições nos insumos, por exemplo, com esses aumentos de custos, ainda se está longe de uma normalização”, diz, sobre as dificuldades geradas com a pandemia, até mesmo pelas restrições de acesso aos países e alta do dólar. “Os efeitos serão sentidos nas poucas indústrias paraenses e se refletirão nessa produção menor ainda durante algum tempo. O grande problema está na falta de matéria -prima”.
Por outro lado, a geração de novos postos de emprego se dará no segmento de serviços e comércio. “O ano de 2022 irá gerar grandes necessidades de consumo dos paraenses e as empresas vão ter que investir em mão de obra especializada. A boa notícia é que haverá vagas nas áreas de telemarketing, marketing, vendas, tecnologia, atendimento ao público em geral, recepcionista e atendentes, auxiliar de estoque e escritório e profissionais de lojas de material de construção”.
Tiago destaca ainda as oportunidades de empregos temporários. “Como a lei permite a contratação dessa categoria por nove meses, é muito válida para empresa e trabalhador desfrutarem desse momento”, afirma. “Sem dúvidas, o emprego temporário é uma oportunidade para o trabalhador mostrar suas competências e habilidades, podendo ser efetivado ao término do contrato. As chances são muito grandes”.
Ping pong
Gerente de gente e gestão da Trainee RH, Thallys Ferreira também fez uma análise do cenário empregatício para 2022. Confira a seguir.
P Quais as perspectivas de geração de emprego no Pará em 2022?
R Em 2022, há a perspectiva de maior geração de empregos se compararmos aos números de 2021, principalmente na área de serviços e indústria.
P Em comparação com 2021, o cenário é promissor?
R A priori, sim. Mas dependerá muito do cenário econômico. Vale lembrar que 2022 é um ano eleitoral, quando o dólar tende a se elevar, aumentando índices inflacionários e gerando custos adicionais às empresas.
P Que setores devem gerar mais postos de trabalho?
R Apostamos no setor de vendas, tanto presenciais, como e-commerce, serviços, recursos humanos, marketing, tecnologia e setor industrial.
P Que setores ainda devem enfrentar as dificuldades com a pandemia?
R A pandemia em si, com as medidas de flexibilização, não deve causar dificuldades em setores específicos. Contudo, a economia, caso siga com índices atuais ou piore, deve impactar mais diretamente o setor industrial, porém reflete em todos os demais.
P E o trabalho informal?
R O trabalho informal, segundo dados mais recentes, chegou a 48,7% da população ocupada. Ou seja, metade. Muitos desempregados tiveram que recorrer à informalidade como forma de sustento. Mais uma vez, o aumento ou não desse percentual depende do cenário econômico.
P E sobre os postos temporários gerados neste fim de ano? Há chances de virarem empregos fixos?
R Sempre há essa chance, mas para isso o profissional deve mostrar proatividade, bom relacionamento interpessoal, disciplina, respeito e ética. O temporário deve mostrar diferencial que agrega à equipe, gerando resultados.
P Qual o maior entrave para a criação de postos de trabalho em 2022?
R Sem dúvida, a economia. Inflação e juros impactam diretamente as empresas e, por conseguinte, as contratações. Mas também devemos estar atentos à possibilidade do surgimento ou não de novas variantes do coronavírus, que pode impactar diretamente no mercado de trabalho.
Serviço
Capacitar-se e estar sempre atualizado com as melhores práticas do mercado na sua profissão. Muitas universidades e instituições oferecem cursos gratuitos pela internet. Vale a pena procurar.
É importante ter uma rede de contatos que possa fornecer indicação de vagas quando surjam.
Busque cada vez mais desenvolver as habilidades comportamentais como por exemplo comunicação, flexibilidade, visão estratégica, adaptabilidade, perfil analítico e visão do negócio.
Seja aberto ao home office e fique atento às empresas de setores que estão em alta.
Outra dica importante é ficar atento às oportunidades fora da cidade em que reside.
Independentemente de onde estiver, se mantenha atento sobre qual será o próximo curso, treinamento ou paleta que irá fazer. Não tenha “pena” de investir em você.
Avalie a conexão da cultura individual com a da empresa (tenha os mesmos valores e propósitos). Se escolher trabalhar em uma companhia cujos valores não correspondem aos seus, há grandes chances de você não se realizar profissionalmente.
Identifique e transforme o seu potencial em uma oportunidade de negócio. Mostre para a empresa o quanto você pode agregar aos serviços prestados por ela. Lembre-se de destacar, durante a entrevista, situações que ajudou a construir e seus respectivos resultados.
Analise as suas principais competências. Em que eu sou bom? Finanças, lidar com pessoas, entre outras. Essa competência ajuda a resolver quais tipos de problemas e conflitos dentro das companhias? Exemplo: resolver uma questão em termos de venda e conversão da empresa. A quem essa competência que você tem pode interessar? Explore isso durante a entrevista, trabalhe sua autoestima.
Não adianta panfletar currículo. É necessário agir de forma estratégica. Direcione sua busca, use as redes sociais e, mais uma vez, networking é fundamental. Trabalhe seu currículo, dê uma focada na empresa que irá enviar, nada de bater várias cópias do mesmo currículo e sair entregando.
Prepare-se para as entrevistas: treine, busque informações. Conheça a missão, visão, valores e diferenciais da empresa que irá lhe entrevistar, Não improvise. A preparação inclui vestir-se adequadamente, usar palavras positivas, evitar falar mal dos empregos anteriores. Fique atento às perguntas do recrutador.
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