O total de endividados no Estado do Pará em dezembro de 2021 era de 65,5% da população, percentual 3,5% maior do que o registrado em dezembro de 2020 (62%). Esse endividamento comprometia, no final do ano passado, 30,1% da renda dos endividados. Os números são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC-Pará) feita pela Federação do Comércio do Estado doPará (Fecomércio-PA).
Ainda segundo o levantamento, 29,3% das dívidas ou contas estão em atraso, sendo que 14,5% dos endividados não terão condições de saldá-las. De acordo com os números, o tempo médio de comprometimento dessas dívidas chega a 7 meses e meio. A faixa de renda que mais sofre com o endividamento é a de quem recebe mais de 10 salários mínimos com 76,1%, sendo que o percentual para quem recebe até 10 salários cai para 64,4%.
De acordo com a pesquisa da Fecomércio a dívida com cartão de crédito lidera os principais tipos de dívida (79,1%), vindo em seguida os carnês (36%), crédito consignado (19,5%), financiamento de carro (19%), crédito pessoal (11,3%), financiamento de casa (8,1%)e cheque especial (6,7%).
O tempo para pagamento em atraso era, no final do ano passado, acima de 90 dias (44,3%), vindo a seguir o prazo de 30 a 90 dias (32,7%) e até 30 dias (23%). A maioria dos endividados leva mais de um ano comprometido com as dívidas (34,7%). Entre 6 meses e 1 ano o percentual cai para 23,9%,e até 3 meses de 22,2%.
Chama atenção ainda a parcela de renda comprometida com as dívidas: 63,4% comprometem de 11% a 50% de sua renda; 18,1% comprometem menos de 10% e 17% comprometem acima de 50%.
O economista Valfredo de Farias diz que o endividamento da população está diretamente ligado as datas festivas que ocorrem durante o ano, como Dia das Mães, Dia dos Pais, Dia dos Namorados, “Black Friday” e Natal, por exemplo. “As pessoas gastam muito e acabam extrapolando no crediário das lojas, cheque especial e, principalmente, no cartão de crédito. O endividamento não é o mais grave, mas sim a inadimplência decorrente dele”, ressalta.
PROJEÇÃO
Ele diz que os 2 anos de pandemia causaram uma redução na renda das famílias gerada pelo desemprego alto. “Dependendo do tamanho das dívidas é muito provável que a inadimplência continue aumentando neste primeiro trimestre do ano como estava no final do ano passado de acordo com os dados da Fecomércio”, diz Valfredo, que é MBA Engenharia Econômica e mestre em Economia Empresarial.
Falar em dívida é falar em quantidade média parcelas de pagamento em atraso. Quanto mais se demorar a quitar uma dívida é pior. E as dívidas são longas porque quanto mais meses para pagar, menor a parcela.
“O problema ocorre quando o consumidor acumula muitas dívidas com valores pequenos, muitas vezes passando de 30% do orçamento das famílias e os números da pesquisa da federação mostram exatamente esse percentual. Isso afeta inclusive a busca por emprego, já que muitas empresas fazem pesquisas na Serasa para ver se o candidato não está com nome sujo”.
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