Com o período de retorno às aulas, surgem alguns indícios de que as crianças podem ter algum problema visual, isso porque, em alguns casos, o baixo rendimento nos estudos ou o desinteresse pelas atividades podem estar relacionados com a visão. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), cerca de 20% das crianças em idade escolar apresentam problemas oculares. Dessa forma, é fundamental que os responsáveis estejam atentos à importância da prevenção oftalmológica.
De acordo com o médico oftalmologista Thiago Barbosa, o primeiro cuidado com a saúde visual deve ser feito ainda nos primeiros dias de vida da criança, por meio do Teste do Olhinho. O exame é realizado em recém-nascidos para avaliar doenças oculares congênitas, como a catarata, retinopatia da prematuridade e outras. Caso seja observado alguma alteração no Teste do Olhinho, o oftalmologista deverá avaliar através de outros exames os diagnósticos possíveis e definir o tratamento adequado. Quando o resultado do exame é normal, a próxima consulta com um oftalmologista deverá ocorrer entre o primeiro e segundo ano de vida.
Durante o período escolar, as crianças com problemas de visão ainda não detectados costumam apresentar sintomas como: dores de cabeça, franzir os olhos para tentar enxergar algo e baixo desempenho escolar.
Além disso, as crianças com algum problema visual também costumam ficar muito próximas da televisão e de aparelhos eletrônicos. Esse foi um dos sintomas que fez com que Éder Nascimento levasse suas filhas ao oftalmologista. Segundo Éder, a primeira pessoa a apontar a necessidade da visita ao oftalmologista foi a sua irmã, que notou que a sua filha do meio, Ana, de 3 anos, utilizava o celular muito próximo ao seu rosto. Dessa forma, Éder decidiu investigar como estava a saúde visual tanto de Ana, quanto de sua filha mais velha, chamada Maria, de 5 anos.
Ao consultar o oftalmologista, para a surpresa de Éder, foi a sua filha mais velha, Maria, quem apresentou um maior nível de alteração em sua qualidade visual. Com isso, Maria foi diagnosticada com uma hipermetropia bem acentuada.
“A Maria não sentia tanto o desconforto, isso porque como o oftalmologista nos explicou, ela tinha uma acomodação e as crianças nessa fase tendem a acomodar a visão, de forma que essa acomodação dá um conforto na visão delas dificultando a percepção de sintomas. Sendo assim, a gente não percebia no dia a dia, ela não tinha queixas de dor de cabeça, sendo que esse sintoma poderia aparecer posteriormente, próximo da adolescência, onde ela perderia essa capacidade de acomodação que ela tem, então foi algo mascarado, que com a ajuda do oftalmologista conseguimos identificar precocemente”, afirma Éder Nascimento.
De forma que, ao não tratar ametropias, estrabismo e opacidades (de córnea ou cataratas congênita), as chances de apresentar a ambliopia são potencializadas. Sendo assim, é muito importante tratar precocemente tais distúrbios visuais, para evitar então a redução da acuidade visual do paciente.
A alta hipermetropia identificada em Maria poderia evoluir para uma ambliopia (olho preguiçoso), que ocorre quando as vias nervosas entre o cérebro e um olho não são adequadamente estimuladas, de forma que o cérebro favorece o outro olho, o que leva a diminuição da visão do olho não estimulado. No entanto, com o diagnóstico precoce, Maria recebeu a prescrição de óculos e pode melhorar o seu potencial de visão futuro.
“Com o uso dos óculos ela percebe mesmo uma diferença, de forma que ela mesma relata que sente um benefício com o uso dele, que é o esforço menor para enxergar. A própria professora no colégio percebeu que a minha filha, a partir do uso do óculos, começou a ter um pouco mais de atenção com as atividades propostas dentro do colégio”, destaca Éder Nascimento.
Segundo o Dr. Thiago Barbosa, o principal problema visual apresentados por crianças em idade escolar é justamente a ametropia, ou seja, problemas visuais como a hipermetropia, a miopia e o astigmatismo, que são as três ametropias mais comuns em crianças. Tais problemas podem ser corrigidos por meio do uso de óculos de grau. Segundo o oftalmologista, outro problema que pode aparecer durante a fase escolar é o estrabismo, que também pode ser corrigido com o uso de óculos e se necessário com o uso de tampão, de acordo com recomendação médica.
“Recebo muitas crianças com problemas refrativos no consultório, principalmente com a hipermetropia, a miopia e o astigmatismo. É importante destacar que, a tendência do uso de telas aumenta e muito o risco da criança desenvolver a miopia, de forma que existem muitas pesquisas sendo desenvolvidas com o objetivo de diminuir a progressão da miopia nas crianças, seja utilizando colírios ou pelo uso de lentes de contato específicas para frear a progressão da miopia. Então a ciência está utilizando todos os seus esforços para tentar reduzir a progressão da miopia nesses pacientes muito jovens que só tem aumentado por conta do uso de telas. Tais estudos são fundamentais, porque a alta miopia também está associada a outros problemas mais graves que podem aparecer no futuro, como o descolamento de retina”, expõe o Dr. Thiago Barbosa.
O médico oftalmologista expõe que levar as crianças periodicamente ao oftalmologista é fundamental para identificar o mais breve possível qualquer problema na saúde visual dos pequenos. Sendo assim, quanto mais rápido o diagnóstico é feito, mais rápido a condição é tratada. Com isso, o potencial de visão que essa criança terá no futuro poderá chegar a 100%.
"Após o que passamos com a Maria, preciso destacar a importância de realizar a avaliação regular com o oftalmologista, coisa que a gente não estava fazendo e essa experiência foi importante para termos esse conhecimento para justamente se precaver, tentar um tratamento precoce para ajudar a criança, o que foi possível no caso da Maria." conclui Éder Nascimento.
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