Pouco mais de 47,9 milhões de lares brasileiros têm cães ou gatos entre os seus moradores, de acordo com o último levantamento do tipo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019. Somente no Estado do Pará, metade dos domicílios, o equivalente a 50,2%, têm pelo menos um cachorro em casa.
Com os animais de estimação cada vez mais presentes na rotina e na vida dos brasileiros, o mercado hoje já conta com uma diversidade de serviços voltados para os pets que vão muito além das consultas com o médico veterinário e dos banhos nos pets shops. Além desses mais tradicionais, também é possível encontrar planos de saúde, serviço de passeio e até mesmo creches para os animais de estimação.
A jornalista e estudante de medicina veterinária Elyne Santiago, 37 anos, sentiu a necessidade de contar com um serviço onde o seu cãozinho pudesse passar um período fazendo atividades e gastando energia quando percebeu que, ao ficar sozinho em casa ao longo do dia, o animal apresentava sinais de estresse e ansiedade. Foi quando ela decidiu aderir ao serviço de creche canina, onde o animal pode passar o dia interagindo com outros cães e fazendo atividades sob a supervisão de um profissional especializado.
ESTRESSE
“Eu tenho o Fronig desde 2018 e depois de uma longa consulta ele foi diagnosticado pela dermatologista com dermatite atópica canina, que é uma doença de pele que não tem cura, é como uma alergia. Ela só tem controle e o fator estresse contribui muito com o prurido, que é a coceira”, conta.
“Eu chegava em casa e percebia que ele estava com as patas todas molhadas e um dos sintomas do cão que tem dermatite atópica é a lambedura, eles lambem muito as patas. Eu via que ele ficava muito ansioso com a minha ausência e o fato de ficar sozinho, então, eu resolvi começar a levar ele para a creche para que ele tivesse uma interação maior com outros animais, para que tivesse momentos de recreação e que ele não ficasse muito tempo sozinho em casa”.
Em dezembro de 2019, Elyne conta que adotou outro cãozinho, o Pirata, que depois do período de adaptação em casa com o Fronig, também passou a frequentar a creche. Os dois costumam ir ao serviço uma vez por semana, quando passam o período da manhã até o final da tarde. “Acho importante esse serviço porque, além do animal ficar muito estressado quando os donos passam o dia inteiro fora de casa, na creche eles têm a possibilidade de socializar com outros cães, então, isso é muito importante até para o teu próprio convívio com o seu cão”, considera Elyne.
“Se você precisar levar ele em um lugar que tem outro animal, ele já não vai estranhar tanto porque já consegue compreender que pode socializar com outros animais. É importante pela adaptação que o animal consegue ter em outros ambientes, com a presença de outros animais”.
Outro benefício observado por Elyne após os seus cães começarem a frequentar a creche foi a diminuição dos sintomas de ansiedade, sobretudo nos dias que eles vão para a atividade. “Eu moro sozinha com os meus cães, então, eles são muito dependentes de mim e essa ansiedade que eles têm na minha ausência acaba refletindo na pele deles, no fato deles destruírem as coisas em casa quando estão sozinhos, por exemplo, porque com a ausência do dono, o animal fica muito entediado”, aponta.
“Eu percebi uma mudança significativa. No dia que eles vão para a creche, ficam bastante cansados porque brincam, a adestradora passa atividade na rampa, nos bambolês, então, eles acabam gastando energia brincando e correndo e, quando eles chegam em casa, esquecem de coçar, de lamber, de destruir as coisas dentro de casa. Por mim, eu gostaria que ele fosse mais vezes na semana, mas como o valor ainda não cabe no orçamento, eu levo só uma vez por semana”.
ROTINA
Recreadora do Pet e Co, creche que Fronig e o Pirata frequentam, Eve Costa explica que há uma rotina estabelecida para os cães que frequentam o serviço. Normalmente, na primeira parte do dia eles fazem alguma atividade nos circuitos montados no espaço e têm alguns comandos de adestramento básico. Em seguida, no horário do almoço, eles recebem a alimentação, descansam e, no período da tarde, têm um momento de socialização entre eles.
“Quando eles vêm pela primeira vez nós fazemos o controle para saber se eles estão com a carteira vacinal em dia, se estão com o controle de vermífugos e de medicação para prevenção a carrapatos. Estando tudo certo, eles também fazem um período de adaptação para ver como ele vai se comportar na presença dos outros cães”, explica.
Geralmente, a creche chega a receber de cinco a sete cães por dia. Eve conta que eles vêm observando um aumento na procura pelo serviço, principalmente a partir do ano passado. “A maioria dos clientes são aqueles que trabalham a semana inteira, então o cão acaba ficando muito tempo sozinho em casa e eles tem esse dia que vem para a creche. Ou trazem uma vez por semana ou até três vezes na semana”.
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