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NEGÓCIOS

Pará tem 61% de mulheres à frente de empreendimentos

Liberdade, superação e talento. São vários os motivos que tornam as mulheres empreendedoras, desafiando todas as dificuldades.

Imagem ilustrativa da notícia Pará tem 61% de mulheres à frente de empreendimentos camera Concy Reis | IRENE ALMEIDA/ DIÁRIO DO PARÁ

Estar à frente do próprio negócio é, para muitas mulheres, sinônimo de leveza. Seja porque atuam com o que gostam ou porque têm nas veias a habilidade para gerir sua própria carreira. Para outras, é sinônimo de liberdade ou superação. Independentemente do motivo, ser empreendedora é também um desafio.

Segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Pará (Sebrae/PA), para cada oito negócios encerrados durante a pandemia do novo coronavírus, cinco pertenciam a mulheres, no Brasil. Além disso, em 2021, Microempreendedores Individuais (MEIs) liderados por homens tinham receita média de 23% aos negócios liderados por mulheres.

No Pará, entretanto, a situação é instigante, uma vez que, do total de 132.807 empreendimentos, 80.933 (61%) são liderados por mulheres. Das atividades econômicas com maior concentração de mulheres empreendedoras está a de tratamento de beleza, com 95% da presença feminina. Outros setores de destaque são varejo de confecção e acessórios (75%) e comércio varejista de perfumaria e cosméticos (72%). Já as atividades com menor presença feminina estão o comércio de bebidas (35%) e o comércio de mercadoria de produtos alimentícios (43%).

O levantamento do Sebrae apontou ainda que 48% das mulheres empreendedoras no Brasil estão na faixa etária entre 35 e 50 anos. Além disso, quanto à escolaridade, 38% das empreendedoras brasileiras possuem pós-graduação e 33% completaram o ensino superior.

COSTURA

Dona do próprio negócio, a máxima “costumo dizer que não escolhi esta profissão; foi ela que me escolheu” ajusta-se perfeitamente à vida da estilista Concy Reis. Há 31 anos trabalhando com costura, ela lembra que o sonho profissional era muito diferente do que faz hoje. “Queria fazer Direito, tentei dois anos e não passei. Como fazia alguns ajustes em minhas roupas, um dia, resolvi colocar uma placa na frente de casa escrito ‘Aceita-se costuras’. Nunca tinha costurado antes e desde aquele dia comecei a ganhar clientes. Depois, encarei o desafio de ir além, de fazer roupa. Já fui pegando os tecidos, cortando e vi que tinha uma habilidade enorme para isso”.

Da placa de costura na frente da casa para criar o próprio empreendimento não demorou muito. Concy passou a confeccionar figurinos e, quando percebeu, estava também produzindo vestidos de festa, que atualmente é o carro-chefe do seu ateliê, localizado no bairro do Marco, na avenida João Paulo II. “Foi algo que aconteceu naturalmente. Eu tinha uma cliente que conhecia uma escola de balé daqui de Belém e comecei a produzir os figurinos das bailarinas. Nunca tinha feito e já peguei uma turma de 60 crianças, sem medo nenhum porque eu tinha e sempre tive consciência do que faço”, contou.

Mas o encanto da Concy é maior pelos vestidos de festa e isso tem um motivo. “Gosto de ver as clientes felizes. É como se eu estivesse realizando um sonho delas, das noivas, das formandas. E trocamos ideias e inspirações. Muitas clientes chegam com a ideia pronta e vamos apenas adaptando o que dá e o que não dá, mas sempre arranjando um jeito de fazer dar certo, dentro daquilo que a cliente deseja”.

Dar o pontapé no mercado como empreendedora, foi e ainda é, para Concy, motivo de orgulho, pensamento positivo e superação. “Tem que botar na cabeça que vai dar certo, porque se ficar pensando o contrário ou ficar com medo, não vai para frente mesmo. Digo que não devemos focar e nem dar tanta importância para os problemas, e sim, buscar soluções. Os problemas existem para serem resolvidos e isso fazemos todos os dias no ateliê”, comenta a estilista, que começou sozinha, mas atualmente, conta com a ajuda de seis funcionárias fixas e, dependendo da demanda, realiza contratações temporárias.

Ao longo desses anos como empreendedora, ela diz que buscar novos conhecimentos e se manter atualizada é também uma das forças necessárias ao trabalho. “Este ano iniciei uma faculdade de moda junto com a minha filha, e um curso de modelagem francesa. Neste curso eu descobri mais a parte técnica, pois a modelagem é algo que já faço há anos, no entanto, sempre é bom aprender mais”, conclui.

Um acontecimento espontâneo

De estagiária a sócia de uma marca que agrupa serviços, a arquiteta Luyse Braga, 29 anos, diz que se tornar empreendedora aconteceu tão espontaneamente que nem sempre consegue ter a dimensão do seu status. “Às vezes não percebo a globalidade do negócio porque é algo que surgiu de forma descomplicada”, diz ela, à frente da parte administrativa do projeto Casa Namata, na avenida Conselheiro Furtado, no bairro da Batista Campos, junto com a paisagista Ana Carla Feitosa, 34 anos.

A dupla começou a trabalhar junto em 2017, quando Luyse foi estagiária de Ana Carla. “Me formei, saí do escritório e depois de uns seis meses voltei para fazer com ela outros projetos”, contou a arquiteta. Neste período, a Ana procurava uma casa para morar e viu o local onde hoje funciona a Casa Namata. Junto com outros membros do escritório de 30m², elas se viram de mudança para um espaço amplo e totalmente em branco para pôr em prática novas criações. “Nos mudamos um mês antes do primeiro lockdown, em 2020. A casa vai fazer dois anos e todo dia tem algo novo a aprender. E acredito que o negócio deu certo porque a Ana é muito do ‘agora’, é a criativa do negócio, e eu sou a que piso mais no freio e responsável pela execução e administração”, declarou a arquiteta.

Luyse e Ana Carla
📷 Luyse e Ana Carla |Irene Almeida - Diário do Pará

Apesar do empreendimento ser gerido a quatro mãos, Luyse diz que sem uma equipe de confiança não há como ir adiante. “Eu acredito que, para qualquer pessoa que vá começar um empreendimento maior, que tenha uma equipe que funcione como braço direito e de confiança. Aprendemos isso aos poucos, também aprendi a delegar e a sentir quais as nossas necessidades no projeto. Claro que no meio do caminho vamos encontrar uma pessoa ou outra que não vai dar certo, mas isso também é um aprendizado”.

GATILHO

Para cada uma, empreender teve um gatilho diferente. Para Ana Carla, que já esteve à frente de outros negócios como, produtos secos, exportação de pesca e pizzaria, a fonte de inspiração pode ter vindo do pai. “Acredito que essa veia empreendedora veio do meu pai. Ele é comerciante e agricultor, faz várias coisas, mas no comércio, eu via sempre ele negociando diariamente, de um modo até exagerado, no choro, entre ele e o cliente”, contou aos risos.

“Então, eu cresci muito vendo isso e vendo também meu pai, sem formação acadêmica, tão bem-sucedido. Acho que ele foi a minha grande inspiração, mas a minha formação em administração em comércio exterior, também que me deu muita base para isso, além de outras experiências que eu tive empreendendo”, destacou a paisagista.

Neste cenário, ela diz que as mulheres podem alcançar o que quiserem e que as dificuldades sempre vão existir, porque são para todos.

Da perfumaria para a indústria

Advogada por formação, a empreendedora, vice-presidente executiva da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa) e presidente do sindicato das indústrias de confecção de roupas do estado do Pará, Rita Arêas, iniciou a vida profissional atuando em um cartório, por doze anos, mas sempre com o desejo latente de empreender. “Resolvi abrir uma franquia de perfumaria, junto com uma amiga, há cerca de 25 anos. Começamos em dois shoppings de Belém e permaneci no empreendimento por mais uns cinco anos. Mas acabei fazendo uma viagem e conheci a atividade do bordado. Decidi trazer esta ideia para Belém, personalizando e bordando bonés, em um quiosque em um shopping”, relembrou.

Rita Arêas
📷 Rita Arêas |Irene Almeida - Diário do Pará

Inicialmente, a atividade era apenas de bordado, mas depois os próprios clientes começaram a demandar uniformes profissionais. A partir disso, Rita resolveu dar um passo adiante, montando uma fábrica de confecção. “No decorrer desse processo, vendi a minha parte da franquia de perfumaria porque a atividade da Bem Bordado cresceu muito e queria me dedicar mais à atividade industrial. Na época, atendíamos a Bem Bordado no atacado e no varejo e chegamos a ter cinco lojas distribuídas em shoppings, aeroporto e em bairros. Mas, no decorrer do tempo, e com as demandas crescendo resolvi fechar as lojas de varejo e me dedicar à indústria”, explicou.

Hoje, a empreendedora tem na fábrica 44 funcionários, sendo que, 80% do quadro é composto por mulheres. “Somos sensíveis também às evoluções sociais e valorizamos no mercado a inclusão de pessoas, sejam elas transexuais, homossexuais, heterossexuais, idosos. O olhar do empreendedorismo feminino também perpassa por estas questões sociais”, declarou Rita.

Embora na família dela, diretamente, não tenha nenhum empreendedor, ela acredita que a vontade de empreender esteja atrelada ao fato de gostar de desafios. “E empreender é um desafio. Costumo dizer que o empresário vive em um eterno correr atrás, em um desafio diário que te leva a sempre prospectar novas alternativas e soluções. Você precisa inovar, investir, estudar e ficar antenado às tendências, além de encarar o desafio de lidar com pessoas, de manter a sua equipe e de consolidar a relação entre colaborador e empresa”, argumenta.

Para ela, estar em um ramo voltado à mão de obra humana faz com que a relação entre os colaboradores necessite ser sempre valorizada. “Aprendemos muito com as pessoas e isso é gratificante. É um exercício ouvi-los, tentar equacionar soluções para determinado problema, ter esses desafios diários, tudo isso me encanta”, elenca Rita. Para além das relações, ela ainda aponta as questões geográficas.

“Estamos distantes dos grandes centros industriais e isso também é um desafio. Aqui não temos indústrias têxteis onde possamos adquirir nossa matéria-prima. Tudo vem de fora e trabalhamos com uma competitividade muito grande porque estamos no extremo do país. Então, temos que estudar sempre para poder ter competitividade, enxugar custos, ver a melhor maneira de fazer com que o produto chegue na ponta, com margem para lucro, mas também, que seja competitivo, com pontualidade e qualidade”, justifica.

AUTONOMIA

Como mulher empreendedora, Rita diz que, na pandemia, a maioria das micro e pequenas empresas que existem no Pará foram criadas por mulheres e que isso demonstra a autonomia que elas vêm ganhando no mercado. “Elas têm poder de criatividade, de empreendimento e estão ousando mais, vendo a necessidade de se fortalecerem. Há algum tempo, a mulher ficava mais na retaguarda familiar; hoje, ela percebe que o empoderamento dela vai além. Ela pode conciliar várias atividades, sem abrir mão do sonho dela, do dinheiro, da capacidade, da produtividade, em função da família. Ela consegue adequar essas situações de uma forma mais leve, e isso está fazendo com que, cada vez mais, as mulheres conquistem o seu lugar”, pontua.

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