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Conselho de transporte define reajuste da tarifa de ônibus

Tanto o Setransbel quanto a Semob sugerem um valor acima de R$ 5 para as passagens de ônibus, ficando bem acima da inflação

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Imagem ilustrativa da notícia Conselho de transporte define reajuste da tarifa de ônibus camera A tarifa de ônibus na Grande Belém está congelada desde 2019 e poderá ultrapassar a casa dos R$ 5. | Wagner Santana / Diário do Pará

Hoje é um dia decisivo para cerca de 1,5 milhão de usuários do transporte coletivo da Região Metropolitana de Belém. O Conselho Municipal de Transporte irá se reunir para tratar, entre outros assuntos, do reajuste da passagem de ônibus na capital.

Consequentemente, a nova tarifa afeta também o bolso de quem mora em Ananindeua, Marituba e Benevides e depende das linhas de ônibus que circulam até Belém. Até então, as duas propostas apresentadas elevam a tarifa para um preço superior a cinco reais.

O último aumento foi em maio de 2019, quando o preço da passagem passou de R$ 3,30 para R$ 3,60. Os ônibus que fazem a linha ‘Mosqueiro-São Brás’ têm uma tarifa de R$ 5,80.

A reunião irá ocorrer numa sala da Superintendência de Mobilidade Urbana de Belém (Semob) e tende a ser às portas fechadas. Se a reunião encerrar já com um valor definido, um documento será encaminhado ao prefeito Edmilson Rodrigues (Psol) para homologação.

A proposta do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belém (Setransbel) é de que o valor da tarifa de ônibus passe dos atuais R$ 3,60 para R$ 5,12. Isto corresponde a um aumento de 42,39%, ou seja, quase o dobro da inflação que, entre maio/2019 e março/2022, é de 23%.

O Setransbel destaca que a tarifa atual não garante mais a manutenção do serviço do transporte de passageiros por ônibus. O sindicato aponta a alta no preço dos combustíveis como quesito que mais onera os custos do serviço, depois da folha de pagamento. “Em maio de 2019, quando a tarifa de R$ 3,60 foi estabelecida (até hoje vigente), o valor do litro do diesel era de R$ 3,34 e hoje custa R$ 6. Só este item teve aumento de 80%”, apontou.

A entidade sindical alega ainda que não recebe subsídios do poder público para pagar o transporte das gratuidades (idosos, deficientes), que hoje representam, segundo o Setransbel, 30% dos usuários que circulam diariamente nos coletivos.

Durante a reunião de hoje, a Semob irá defender o reajuste da tarifa para R$ 5,01. Logo, o aumento é 39,40% e também fica muito acima da inflação do período de maio de 2019 para cá. Se o aumento da tarifa de ônibus levasse em consideração apenas a inflação do período, o valor da passagem seria reajustado em 82 centavos, com isso passaria a custar R$ 4,42.

EQUILÍBRIO

O Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA) integra o conselho municipal, tem uma cadeira na mesa de discussões, mas não tem o poder para sugerir uma planilha. Analisa as que são apresentadas. “Nós teremos uma representação e o nosso posicionamento é técnico”, disse o técnico Everson Costa.

“Existe todo um cenário, uma realidade que se precisa considerar nessa discussão pelo reajuste da tarifa. A gente precisa avaliar o lado das empresas que prestam o serviço, que tem um custo com insumos e manutenção, e ao mesmo tempo o lado de quem depende do serviço que é a população, os passageiros”, atentou Costa ponderando que é preciso haver equilíbrio na hora de estabelecer o novo valor tarifário.

Para ele, o reajuste proposto nas duas planilhas (tanto do Setransbel quanto da Semob) traz a consequência dos três anos de congelamento da tarifa e o aumento dos insumos que oneram o serviço de transporte coletivo. “A renda das famílias diminuiu, o gás de cozinha aumentou, a alimentação disparou. O desemprego é grande e pesa ainda quem atua na informalidade”, pontuou.

Pelos cálculos do Dieese/PA, se o reajuste da tarifa homologado for um dos valores apresentados, a pessoa que pega dois ônibus diariamente para se deslocar para o trabalho terá um custo mensal entre R$ 240,89 e R$ 246,05 com as passagens. Isto quer dizer que quem recebe um salário mínimo, terá cerca de 20% da sua renda comprometida com passagens de ônibus. Atualmente, 14,26% do salário mínimo de um trabalhador em Belém é usado no transporte coletivo.

PARA ENTENDER

Reunião para decidir o reajuste da tarifa de ônibus em Belém

Local: Sala de reuniões da Semob (no It Center)

Hora: 8h30

Propostas a serem discutidas:

Setransbel: R$ 5,12 (aumento de 42,39%)

Semob: R$ 5,01 (aumento de 39,4%)

- O último reajuste foi em maio/2019, quando passou de R$ 3,30 para 3,60;

- Se aprovado um dos valores propostos, a tarifa de ônibus vai comprometer cerca de 20% de um salário mínimo.

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