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Alta nos preços dos alimentos deixa até "completo" mais caro

Com o aumento do óleo de cozinha e de outros produtos, os vendedores de lanches de rua e refeições até lutam para não repassar custos aos clientes, mas está cada vez mais difícil

Imagem ilustrativa da notícia Alta nos preços dos alimentos deixa até "completo" mais caro camera A vendedora Dariane Silva diz que o salgado com suco hoje é vendido entre R$ 5 e R$ 7 na cidade | WAGNER ALMEIDA

Foi-se o tempo em que os belenenses podiam saciar a fome degustando o popular completo - aqueles lanches em que se pagava um valor simbólico pelo salgado (geralmente coxinha) e mais um copo de suco. A variedade era boa, inclusive. Tinha recheios de carne, ovo, carne com ovo, frango, queijo com presunto e até camarão. O completo é vendido em bicicletas estacionadas nas calçadas e esquinas. Hoje, esta modalidade de vendas – também conhecida por “bike-food” – já não é mais encontrada com tanta facilidade pelas ruas e praças de Belém.

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De acordo com a vendedora Dariane Silva, 30, a alta no preço dos alimentos usados para preparar a massa e o recheio dos salgados onera os custos para trabalhar com este tipo de produto. “A massa da cozinha é feita com trigo, que está mais caro. O picadinho usado para o recheio subiu para R$ 37, antes a gente conseguia comprar por até R$ 12. O queijo, usado para fazer o misto, disparou. Não tem mais como fazer um salgado para ser vendido a um ou dois reais. O óleo ficou com preço um absurdo”, listou.

Ela trabalha com lanches há quase quatro anos, mas optou por comprar os salgados com fornecedores para reduzir os custos. “Mas até eles já estão vendendo mais caro para a gente revender. Este mês pagamos 20 centavos a mais por unidade. Este reajuste ainda não foi repassado para os nossos clientes”, disse.

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Com a alta no preço do quilo do açúcar, até o suco pode variar de preço, dependendo da fruta na qual é preparado. “Há quatro anos, o preço do completo era R$ 1,50. Hoje não dá para fazer por menos de R$ 5 e dependendo do recheio, o lanche sair por R$ 7”, frisou sobre a tabela de preços da banca que mantém na Feira do Ver-o-Peso.

Nesta rápida entrevista, Dariane citou alguns dos “vilões” para o custo de seu negócio. O problema é que estes alimentos que ficaram mais caros também são o pesadelo para os chefes de famílias responsáveis pela renda e sustento da casa. Ela apontou, por exemplo, que o picadinho ficou três vezes mais caro. A carne, segundo uma pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos no Pará (Dieese/PA), sofreu um reajuste de 4,81% somente este ano. E o açúcar apresentou alta acumulada de 8,41% entre janeiro e março de 2021.

Waldomiro Ayres, 48, trabalha com a venda de açaí com peixe frito no Mercado do Ver-o-Peso. O cardápio é um dos mais procurados na hora do almoço e isso tanto por turistas quanto por quem passa pela maior feira livre da América Latina. Ele também defende que está segurando o preço do prato. “Hoje está em R$ 20, mas já chegou a R$ 25. Há um ano custava R$ 15”, disse em relação a variação de preços. “Todos os itens estão mais caros. O óleo, então, é o que mais subiu de preço. Aqui a gente usa oito litros por dia e isso tem pesado bastante no custo do negócio”, destacou.

O Dieese/PA aponta um disparo de 9,42% no preço do óleo de cozinha este ano. Uma garrafa de 900 ml é comercializada, em média, a R$ 9,87 nos supermercados de Belém.

Prato que já custou R$ 8 hoje está R$ 20
📷 Prato que já custou R$ 8 hoje está R$ 20 |WAGNER ALMEIDA

Dariane Silva, que conversou com o DIÁRIO no início desta reportagem, usa quatro garrafas de óleo de cozinha por semana para fritar os salgados. Nesta mesma faixa de consumo, quatro garrafas de óleo por semana, a boieira Francy da Silva, 54, gasta na barraca onde trabalha com a venda de refeições.

“O que pesa mais é a carne e o arroz que usamos muito. O óleo, então, nem se fala”, desabafou. “Hoje os nossos clientes brigam com a gente porque acham que a gente está aumentando porque queremos, pois antes compravam uma refeição por R$ 8 e, agora, não dá para a gente montar um prato por R$ 20”, disse. “Não tem como fazer um prato nem por R$ 10”, frisou.

O curioso é que ela trabalha na feira, onde teoricamente os ingredientes e insumos deveriam ser mais baratos, entretanto, os preços não diferem tanto dos supermercados, segundo ela. “Pouca coisa que aqui é mais conta”, sinalizou.

Grancy disse que o fluxo de vendas diminuiu. Com os alimentos mais caros, muitos dos clientes que mantinha deixaram de comer fora (na barraca dela). As consequências disso pesam no orçamento dela, que já não consegue mais pagar o aluguel da casa onde mora. “Me viro nos 30 para conseguir uma renda extra”, comentou.

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