A sensação de angústia, medo e preocupação toma conta dos familiares dos seis tripulantes da embarcação Bom Jesus, que desapareceu próximo da cidade de Chaves, no Marajó. O navio saiu de Santarém, no último dia 24 de março e três dias depois, as pessoas que estavam a bordo deixaram de fazer contato com as famílias. A viagem era para fazer o transporte de uma carga, ainda não revelada, com destino também não divulgado, até o momento. 

O caso ainda é tratado pelas autoridades competentes como desaparecimento de pessoas e de embarcação.

Segundo a advogada Lorena Rocha, que atua na representação da esposa de Joelson (um dos desaparecidos), Catia Cilene Silva, até a manhã desta quarta-feira (13), não havia nenhuma notícia sobre o paradeiro dos tripulantes.

"O que sabemos é que a Polícia Civil já solicitou o rastreio do sinal dos telefones celulares para saber onde foi o último ponto onde havia sinal telefônico", disse a advogada.

O rastreamento deve ajudar a equipe de investigação a mapear o trajeto feito pela embarcação, bem como o local exato onde o sinal foi perdido.

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Lorena ressaltou ainda a preocupação das famílias com a possibilidade de que os tripulantes possam ter sido vítimas de um ataque pirata. "A gente sabe que este tipo de ocorrência é comum nos rios da região. Há piratas que estão atacando para roubar combustíveis", comentou a advogada. 

Os primeiros boletins de ocorrência sobre o desaparecimento foram registrados na última segunda-feira (11), na Seccional de Santarém. Em um deles, a família do marinheiro Joelson relata que já procurou pela pessoa que fretou a embarcação.

O "fretante" foi identificado apenas por "Chico", que respondeu que também não tinha informações sobre a embarcação e nem sobre os tripulantes. Ele teria dito que estava enviando uma outra embarcação para Chaves, para verificar o que teria acontecido.

Últimos contatos

O último contato de Joelson com a família foi na noite do dia 27 de março, quando ele avisou que estava chegando em Chaves, três dias depois de ter saído de Santarém. Na conversa por telefone, o marinheiro avisou que esperava a maré encher para seguir viagem. Segundo os familiares, em nenhum momento ele informou o destino final do transporte da carga.

Também foi na noite do dia 27 de março que o Policial Militar da reserva, Valdeney Dolzane Reis, fez contato com a família por meio de um grupo no Whatsapp. Ele também citou que estava em Chaves, no Marajó.   

Joelson da Silva Costa está entre os desaparecidos
📷 Joelson da Silva Costa está entre os desaparecidos |Reprodução

O marinheiro Cristiano Figueira conversou com a namorada no dia 26 de março, um dia antes de Joelson e Valdeney falarem com a família. Cristiano teria contado que a viagem seria estendida até uma comunidade chamada de Nazaré, onde a carga seria entregue. 

Estavam na embarcação, o maquinista Antônio de Oliveira Santos, de 28 anos; a cozinheira Leilane Carla Ferreira Guimarães, de 29 anos; o marinheiro Cristiano de Azevedo Figueira, de 37 anos; o marinheiro Joelson da Silva Costa, idade não divulgada, que seria responsável pela carga; o PM da Reserva Valdeney Dolzane Reis, idade não divulgada, que teria sido contratado para fazer a segurança. O sexto tripulante é um maquinista, que não teve a identidade divulgada.

Marinha

Ao DOL, a Marinha do Brasil (MB) informou nesta quarta-feira (13), que "recebeu a denúncia sobre o desaparecimento da embarcação B/M “BOM JESUS”, de transporte de cargas e passageiros, que teria saído da cidade de Santarém (PA), no dia 24 de março, com destino ao município de Chaves (PA), com cinco tripulantes a bordo. O fato foi denunciado por familiares e teria ocorrido próximo à cidade de destino".

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Diz ainda a nota, que "a Marinha acionou o Plano de Busca e Salvamento e encaminhou para o local do desaparecimento um navio da Capitania dos Portos do Amapá (CPAP) para realizar buscas. A CPAP irá instaurar um inquérito administrativo para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente".

Em nota, a Polícia Civil informou que o caso é investigado pela delegacia de Santarém em parceria com a delegacia de Chaves, no Marajó. Diligências estão sendo realizadas para coletar informações sobre o caso e localizar a embarcação.

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