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BOM JESUS

Chegada de sobreviventes em terra firme emociona no Pará

Depois de dados como mortos, os seis tripulantes foram recebidos com grande emoção quando chegaram em terra firme, em Santarém, no Pará, após um resgate espetacular na Marinha do Brasil.

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Imagem ilustrativa da notícia Chegada de sobreviventes em terra firme emociona no Pará camera Um dos sobreviventes agradecendo o salvamento ao sair da ambulância do Samu. | Marinha do Brasil

Os sobreviventes do naufrágio do barco Bom Jesus, ocorrido no mês passado na região do Marajó, já estão em Santarém desde a noite de quinta-feira (14), após terem sido resgatados pela Marinha do Brasil. Os seis tripulantes, que ficaram desaparecidos por 17 dias durante uma viagem com destino ao município de Chaves, foram recebidos com gritos, choro e abraços por seus familiares.

O grupo, que foi transportado por uma aeronave Caravan do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), vinculado Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup), desembarcou no Aeroporto Internacional Maestro Wilson Fonseca, aproximadamente às 19 horas (horário local).

Os seis sobreviventes da embarcação Bom Jesus foram dados como mortos após dias desaparecidos. Foram recebidos com emoção em terra firme.
📷 Os seis sobreviventes da embarcação Bom Jesus foram dados como mortos após dias desaparecidos. Foram recebidos com emoção em terra firme. |Marinha do Brasil

O marinheiro Cristiano de Azevedo Figueira e a cozinheira Leilane Carla Ferreira Guimarães foram os únicos sobreviventes que aceitaram falar com a imprensa ainda no aeroporto. Os dois explicaram que a finalidade da viagem seria o mapeamento de uma nova rota comercial, comentaram um pouco sobre os momentos dramáticos que viveram enquanto o fogo consumia a embarcação e os dias de isolamento da Ilha das Flechas, mas ressaltaram principalmente a felicidade de poderem reencontrar suas famílias.

Já os maquinistas Antônio Oliveira dos Santos e Jefferson Marcos dos Santos, além do marinheiro Joelson da Silva Costa e o policial militar da reserva Valdeney Dolzanes Reis preferiram não falar com os repórteres presentes na área de desembarque do aeroporto e partiram imediatamente para as suas respectivas residências.

Investigação

Apesar do desfecho positivo do naufrágio, que não fez nenhuma vítima fatal, a investigação a cargo da Polícia Civil ainda precisa elucidar uma série de detalhes sobre o caso. De acordo com o delegado Sílvio Birro, chefe do Núcleo de Apoio à Investigação da Polícia Civil do Baixo Amazonas, os tripulantes serão ouvidos nos próximos dias em inquérito policial para confirmar qual o objetivo da viagem e se realmente havia alguma carga sendo transportada, conforme informações prestadas inicialmente por seus familiares.

"Nós viemos aqui para dar apoio ao pessoal do Graesp, e vamos intimar os tripulantes a comparecerem à delegacia para prestar esclarecimentos. Vamos ver a disponibilidades deles para ouvir cada um ao seu tempo. Um inquérito foi instaurado e nós vamos investigar se tem algum indício de crime ou não. O presidente desse inquérito é o delegado Eduardo Simão", explicou Birro.

A primeira comunicação sobre o desaparecimento do barco Bom Jesus foi feita no dia 11 desse mês, quando familiares de dois dos tripulantes estiveram na 16ª Seccional de Polícia Civil de Santarém. As famílias estavam muito preocupadas, uma vez que o prazo para o retorno da viagem, que era de 10 dias após o último contato por rádio, já havia expirado.

Em depoimento à Marinha, o maquinista Jefferson Marcos e o marinheiro Cristiano Azevedo disseram que a viagem teria como finalidade o reconhecimento de uma futura rota comercial que seria explorada pelo proprietário do B/M Bom Jesus. Ambos, entretanto, negaram que estivessem transportando qualquer carga, contradizendo as informações prestadas inicialmente por seus familiares à polícia.

O bilhete

Após alguns dias sobrevivendo graças aos alimentos salvos da embarcação naufragada e de água da chuva, na Ilha das Flechas, no arquipélago do Marajó, Joelson Silva da Costa teve a ideia de escrever um pedido de socorro em um bilhete e colocá-lo numa garrafa.

Dias depois, pescadores que estavam na região litorânea a cerca de 150 km de Belém encontraram a garrafa e imediatamente alertaram as autoridades. A nota dizia: "Socorro! Socorro! Precisamos de ajuda. Nosso barco pegou fogo. Estamos na ilha de Flechas há 13 dias, sem comida. Avise nossa família", seguido do número de telefone de seus parentes. O responsável pela redação do texto destacou que aprendeu essa tática em um curso da Marinha.

Bilhete achado por um pescador possibilitou o resgate.
📷 Bilhete achado por um pescador possibilitou o resgate. |Marinha do Brasil/Reprodução

Juntamente com órgãos estaduais, a Marinha do Brasil realizou o resgate na quarta-feira passada (12) e com um helicóptero conseguiu localizar os tripulantes. Os primeiros atendimentos médicos foram feitos pelos próprios soldados e, embora estivessem bem de saúde, os seis foram encaminhados para uma unidade de sáude, onde realizaram exames complementares.

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