A avenida Arthur Bernardes é uma importante via de acesso do centro de Belém ao distrito de Icoaraci. A via possui um tráfego diário intenso com veículos longos e pesados, carros de passeio, motocicletas e ciclistas por toda a extensão de aproximadamente 15,4 quilômetros. Em uma única pista de mão dupla com ciclofaixa, a avenida tem início no bairro do Telégrafo e atravessa o Barreiro, Miramar, Val-de-Cans, Pratinha, Tapanã, chegando ao Paracuri, em Icoaraci.
Entretanto, a via coleciona infrações e imprudências de trânsito, falta de sinalização, condições precárias de tráfego e o problema crônico de descarte irregular de entulhos. Ao longo do percurso, a equipe do DIÁRIO fez diversos flagrantes de irregularidades.
Motociclista morre após colisão com ônibus em Belém
No início deste mês, um motociclista morreu ao colidir de frente com um ônibus que vinha na pista contrária, próximo ao semáforo em frente ao Hospital Sarah Kubischek, no bairro de Val-de-Cans. No local, a sinalização da faixa dupla contínua já é quase inexistente e muitas vezes não é respeitada pelos motoristas. Um dia após o acidente, um motociclista foi flagrado pilotando enquanto usava o celular, além de tentativas de ultrapassagem.
O morador do Conjunto Promorar, José Luiz Souza, de 53 anos, presenciou a cena do acidente e disse que o motociclista, que estava sem capacete, tentou ultrapassar o veículo à frente, entrou na pista contrária e colidiu com o coletivo. Segundo ele, que mora há 35 anos próximo ao hospital, as ocorrências são rotineiras. “Se forem olhar aqui vão ver rotineiramente os motoqueiros querendo cortar na frente dos carros. Ônibus aqui é a mesma coisa, eles são maiores e não respeitam a via. Sempre essa imprudência acontece aqui. Outro problema são os caminhões tanques que ficam estacionados na área da Miramar”, detalha o servidor público.
Belém: acidente entre carreta e carro deixa trânsito caótico
Próximo dali, encontra-se o Terminal Petroquímico de Miramar. Em frente ao ponto de reabastecimento, os caminhões-pipa formam uma fila extensa que ocupa a ciclofaixa destinada aos ciclistas. Na mesma região, ainda, próximo ao porto Tocantins as calçadas de ambos os lados da via estão tomadas por mato e uma poça d’água obstrui a passagem dos ciclistas no espaço correto de trânsito. Mais adiante, ainda em Val-de-Cans, os blocos de concreto que formam a mureta de demarcação da ciclofaixa estão quebrados em vários pontos da via. Em certa área, os itens são inexistentes.
CALÇADAS
Na Pratinha I, os carros de passeio usam a ciclofaixa como estacionamento. Um caminhão foi flagrado em frente a uma parada de ônibus, além dos entulhos nas calçadas. No bairro do Tapanã, alguns caminhões estavam estacionados em uma das mãos da via, que ocupavam inteiramente. Já na ponte do Paracuri III, o alambrado de proteção está inclinado para a calçada e o mato toma conta do espaço destinado a travessia dos pedestres, obrigando-os a andar no meio da rua. Uma delas era Celestina Ferreira, 36, que estava junto da filha Wevelly, de 15 anos, e a neta de 4 meses. As três percorreram um longo caminho a pé e tiveram que desviar dos dejetos deixados na calçada.
Na ocasião, ela levava a neta à uma consulta. “Sempre foi assim isso aí. Já morreu muita gente em acidente. Me dá um medo ter que passar pra pista e por causa de cobra porque tem o mato. Tem muito bicho aí dentro, quer ver quando a maré tá grande. A gente tem que vir andando, não tem nem uma proteção”, conta Celestina.
Próximo ao Barreiro, as calçadas estão obstruídas pelo lixo, entulhos e terra retirada de um buraco na calçada. Nas proximidades do canal São Joaquim, as calçadas também estão tomadas pelo mato. Já no Telégrafo alguns caminhões ficam estacionados entre a calçada e uma das pistas, dificultando o trânsito. A faixa de pedestre está apagada em frente ao Santuário de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Quando o sinal fecha, alguns motociclistas se arriscam a ultrapassar a luz vermelha. No mesmo perímetro pedestres atravessam fora da faixa destinada aos transeuntes.
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