Além da fala, outras linguagens são capazes de expressar sentimentos, incluindo as diferentes expressões artísticas. É a partir desse entendimento que se desenvolve a arteterapia, Prática Integrativa Complementar reconhecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que pode ser adotada por qualquer indivíduo.
De uma maneira simples e didática, a arteterapeuta e psicóloga Tássila Albuquerque Alves explica que a arteterapia é o uso da arte como um recurso expressivo, com um recurso terapêutico. “Dentro das práticas terapêuticas, por exemplo, a gente tem a psicoterapia, em que se utiliza principalmente a fala como uma forma de expressão. Na arteterapia, a gente entende que a arte é também uma das formas de expressão humanas”, considera.
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“A gente se expressa através da música - tanto a música que a gente faz, quanto a música que a gente escuta e que, às vezes, faz todo o sentido porque parece que ela fala exatamente o que a gente está sentindo. A gente se expressa através de uma pintura, de um desenho, então, na arteterapia a gente utiliza essas linguagens artísticas, essas linguagens expressivas para favorecer um processo terapêutico”.
Nesse sentido, a arteterapia utiliza a arte como esse caminho de acesso ao mundo interno do indivíduo, que às vezes utiliza a fala, mas que também pode utilizar outras formas de expressão. “O que acontece, às vezes, com a fala é que o cliente leva muito mais tempo para falar sobre aquele ponto dele que está ‘dolorido’, porque a fala é algo que ele pode controlar. Às vezes, durante a sessão terapêutica, acontece de em uma sessão de 50 minutos, é apenas nos minutos finais que o cliente realmente toca no assunto que está realmente incomodando”.
Tássila explica que, quando se utiliza a arteterapia, é possível pedir ao cliente que faça um desenho. Durante o próprio ato de desenhar, é possível observar como o cliente interage com o material e isso já está comunicando algo sobre ele. “Ao terminar, eu posso fazer algumas perguntas para ele, pedir para ele dar um título para o desenho, pedir para ele falar sobre o desenho e, dessa forma, ele vai construindo, nesse momento, as pontes entre aquilo que ele desenhou e aquilo que faz parte do mundo interno dele”, esclarece. “Muitas vezes ele se surpreende porque acaba falando de coisas que ele não esperava falar naquele momento, que ele não achava que era possível acessar ou que ele não tinha se dado conta. A arte tem esse poder”.
NÃO TEM CERTO OU ERRADO
Basta deixar a arte fluir…
No momento em que a pessoa está desenhando, por exemplo, a arteterapeuta e psicóloga Tássila Albuquerque Alves aponta que orienta que o cliente não pense no que vai fazer, não se preocupe com o resultado final porque não tem ‘certo’ e ‘errado’. A arteterapia não é a mesma coisa que uma aula de artes, portanto, não há que se preocupar com a estética do que se está fazendo, mas simplesmente se expressar livremente, sem se preocupar, inclusive, com os próprios julgamentos sobre aquilo que se está fazendo.
“Tudo isso já está falando sobre a pessoa e a forma dela de ser e estar no mundo. A partir dessas pontes, a gente vai construindo o processo, então, às vezes eu posso convidar a pessoa a fazer uma pintura, mas depois para dançar, fazer uma colagem. Existem várias possibilidades de a gente trabalhar, com poesia, com escrita criativa, com fotografia”.
Independente da forma de expressão escolhida, deve-se compreender que não é necessário ter nenhuma habilidade artística para fazer arteterapia, não é preciso ser artista para fazer arteterapia. “Qualquer pessoa, de qualquer faixa etária e qualquer demanda pode se beneficiar do processo terapêutico, até mesmo aqueles pacientes que estão acamados, que às vezes não podem falar, mas podem se expressar através das outras linguagens, crianças com deficiência, idosos. Então, a arteterapia é voltada para todo o público”, aponta Tássila. “Eu atendo principalmente, hoje em dia, crianças e adolescentes”.
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