Seguindo os objetivos do desenvolvimento sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), o projeto “Apoena: para além da canoagem” vem atendendo pessoas com deficiência visual que passaram a praticar o esporte. A iniciativa é um capítulo do projeto “Marear”, que utiliza a canoa como ferramenta para falar sobre vivência e relações humanas, em especial, da conexão que os belenenses possuem com a água.
O idealizador dos dois projetos, Ricardo Lima, lembra que, de alguma forma, os rios estão sempre presentes no cotidiano das famílias paraenses, representando a superação em seus vários aspectos. “A canoa que utilizamos é um equipamento coletivo. Porém, mais do que isso, ela é inclusiva. Entendemos que, cada vez mais, a gente pode e precisa incluir pessoas, que passam a ter esse espírito de superação”, disse.
O projeto tem como objetivo, ainda, quebrar preconceitos e fortalecer o discurso sobre uma sociedade de igualdades. “Muita gente ficou assustada quando falei que iria levar pessoas cegas para remar no meio do rio Guamá. Cheguei até a ouvir comentários e olhares de desconfiança. Mas se a gente parar e pensar, eles só não enxergam, mas sentem tudo o que sentimos. E isso é o mais importante para nós. Muito mais que ver um remo, o rio ou a canoa, queremos sentir o momento”, conta Ricardo.
PAIXÃO
A primeira turma do projeto possui atualmente quatro integrantes que confessaram estar apaixonados pela canoagem. “Eu nunca me imaginei experimentando tudo isso. Sem dúvida, acredito que esse é um capítulo de superação na vida de todos nós que estamos aqui participando. Não há como descrever o sentimento de fazer parte de algo assim”, diz Marcelino Rodrigues, 49, que perdeu a visão aos 45 anos.
O jovem atleta paraolímpico Lucas Costa, de apenas 16 anos, está descobrindo por meio da canoagem outras formas de desafio. “Eu sempre tive vontade de estar em contato com rio e quando entrei pela primeira vez na canoa me senti forte, não tive medo e venho aproveitando cada momento dessa superação e realização pessoal”, contou.
“Quando vi ele no meio do rio fiquei muito nervosa e receosa. Mas ao mesmo tempo, percebi o quanto estava feliz e se sentindo parte de tudo isso. Aqui, as pessoas são muito atenciosas e têm esse cuidado, sem deixar de tratá-los como iguais. Claro que é uma atenção diferenciada, mas nunca de forma diferente do que é com os membros das outras turmas”, afirmou Maria do Carmo, 57, avó do Lucas.
Aos 68 anos de idade, Paula Duarte, que perdeu a visão quando tinha 50, nunca imaginou viver as emoções que são proporcionadas durante as aulas e passeios de canoa. “Sentir a canoa deslizando em meio ao rio, o vento e o remo na água, é algo único e que não tem explicação. Logo no primeiro dia eu pulei na água, porque senti esse espírito de conexão com ela, e de superação do qual tanto falamos”, relatou.
“Na canoa todo mundo é igual. A gente se enxerga verdadeiramente, porque não importa se você é cego ou não. O projeto Apoena é isso! Uma forma de mostrar que a canoa é, e sempre vai ser inclusiva. Um lugar onde você pode ir além do que simplesmente estamos acostumados a ver e sentir”, pontuou o idealizador e canoísta, Ricardo Lima.
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