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FORÇAS ARMADAS

Os paraenses que participaram das missões de paz da ONU

Hoje, 29 de maio, é o Dia Internacional desses soldados, responsáveis por assegurar direitos essenciais às populações em áreas de conflito. Dedicação, estudo e vontade de ajudar o próximo são requisitos fundamentais

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Imagem ilustrativa da notícia Os paraenses que participaram das missões de paz da ONU camera O sargento Allann Queiroz integrou as forças de paz do Brasil no Haiti | Arquivo Pessoal

A data de hoje, 29 de maio, é instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), desde 2003, como o Dia Internacional dos Peacekeepers, em reconhecimento ao profissionalismo, a dedicação e a coragem de homens e mulheres que serviram e continuam servindo em missões de paz.

Os mantenedores da paz e conhecidos também como Boinas Azuis são integrantes das Forças Armadas e Forças Auxiliares do Brasil, responsáveis por devolver a segurança e a paz em países marcados por conflitos, assegurando direitos essenciais à população.

Segundo o Ministério da Defesa, a primeira participação brasileira em missões de paz da ONU foi no ano de 1947, na Grécia, quando observadores militares integraram a Comissão Especial das Nações Unidas para os Bálcãs (Unscob). Militar há 22 anos, o sargento Allann Gabriel Queiroz da Silva atuou em missão no Haiti durante cinco meses e 20 dias do ano de 2016. Lá ele era adjunto da Seção de Saúde da Companhia de Engenharia de Força de Paz (Braencgcoy).

“Desde quando entrei no Exército ouvia histórias de missões reais em outros países, e também queria fazer parte das pessoas que levam segurança e tranquilidade para países com conflitos e tragédias”, relata. Ele lembra que não foi nada fácil conseguir passar pelo processo para se tornar um Boina Azul. “Foi uma seleção muito criteriosa, o Exército dispõe de muitos brasileiros qualificados para desenvolver trabalhos dentro ou fora do Brasil, ficar entre os escolhidos foi uma honra. Depois passei pelos treinamentos e estágios que a especificidade da missão exige, nada foi fácil, todos os pré-selecionados tinham condições de realizar um trabalho de excelência exigida pela ONU”, confirma.

LEMBRANÇAS

A experiência foi inesquecível. “Sempre lembro das palavras de um comandante que falava em três verbos impositivos: cooperar, contribuir e realizar. Atuei no controle de vetores, com supervisão de um veterinário, e como Adjunto da Seção de Saúde auxiliando dois médicos. Apoiei a Companhia em algumas missões de desobstrução de vias, obtenção de água para a população local, limpeza de canais entre outros em que a Engenharia pudesse atuar”. Tudo ficou mais intenso depois do furacão Matthew que deixou mais de cem mortos em um país que já havia sido devastado antes, por outro grande terremoto, ocorrido em 2010. “Ver crianças com fome foi a coisa mais difícil que encarei por lá”, detalha.

Foi a missão da vida de Allann. “Na parte profissional, fiz cursos e estágios direcionados para o que iria encontrar por lá. Trocar experiências com profissionais de outros países foi uma forma de buscar atualização. Também aprendi muito com a equipe de saúde formada por jovens profissionais cheios de vontade e destemida. Já na parte pessoal, é impossível não ficar tocado em ver um país com dificuldades no básico como Saúde, Educação e infraestrutura. Hoje dou valor a cada detalhe em minha vida, e isso faz toda diferença em meu dia. Acredito que temos o poder de mudar a forma como escolhemos nosso caminho”, afirma.

Para integrar a missão, ele deixou temporariamente a esposa, Taiane Fagundes Brum, e a filha, Evelyn Queiroz Fagundes, à época apenas com cinco anos. “Elas sempre apoiaram meus desejos, e ser um capacete azul foi um deles. A saudade era amenizada pela disponibilidade de ligações por vídeo, realizadas quase todos os dias ou quando buscava obter um equilíbrio emocional”, conta.

O tenente-coronel Flávio Azeredo integrou as forças de paz do Brasil no Haiti
📷 O tenente-coronel Flávio Azeredo integrou as forças de paz do Brasil no Haiti |Arquivo Pessoal

QUEM SÃO

Segundo o tenente coronel Tenente-coronel Flavio Azeredo, os peacekeepers são civis, militares e policiais que atuam conjuntamente em atividades que vão desde monitorar o cessar-fogo até proteger os civis, desarmar ex-combatentes, promover os Direitos Humanos e o Estado de Direito, apoiar eleições livres e justas, entre outras responsabilidades. Nos últimos 75 anos, as Forças Armadas participaram de 72 missões de manutenção da paz, empregando cerca de 55 mil militares.

Por 13 anos, o Brasil comandou, com sucesso, a missão da ONU no Haiti (Minustah). “São diversos desafios a se enfrentar, como a necessidade do idioma, a distância de familiares, ambiente com restrição a movimento e segurança, restrições ao acesso de necessidades básicas (comida e água), diferença cultural, entre outros”, afirma.

Segundo informações do Comando Militar do Norte, pelo menos cem militares paraenses já participaram de alguma das missões da ONU no Haiti, no Congo, no Chipre, no Sudão do Sul e na República Central Africana. Em 2021, cerca de 80 militares brasileiros participaram de missões de paz, no Chipre, Líbano, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Saara Ocidental, Sudão do Sul e Abyei. Atualmente, o Brasil exerce o comando das tropas da Missão da Organização das Nações Unidas para a Estabilização da República Democrática do Congo (Monusco). Os militares brasileiros estão no país do Continente Africano desde 2013.

COMO SER UM PEACEKEEPER

Pré-requisitos incluem ser habilitado no idioma necessário para a missão (dependendo do país), possuir os estágios específicos para a missão designada a ser realizado no Centro Conjunto de Operações de Paz no Brasil, currículo e postura ilibados dentro da Força, estar com a saúde em dia e passar pelo processo de seleção do Gabinete do Comandante do Exército.

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