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REPORTAGEM ESPECIAL

Elas no comando: perfil do empreendedorismo feminino no Pará

Reportagem especial traz um apanhado sobre a promoção do protagonismo feminino no empreender e conta a história de três mulheres que precisaram se reinventar na pandemia. Mesmo diante de tantos desafios, obstáculos e provações, elas hoje, se tornaram protagonistas de suas próprias trajetórias.

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Imagem ilustrativa da notícia Elas no comando: perfil do empreendedorismo feminino no Pará camera Mulheres no comando: elas são a "explosão" dos novos negócios no Pará. | Emerson Coe/DOL

A pandemia do novo coronavírus foi um golpe fatal para muitos empreendimentos. Alguns precisaram demitir funcionários, adaptar seus modelos de negócio para dar seguimento ou até mesmo fechar as portas no mercado. No entanto, este também foi o momento em que muitas pessoas encontraram oportunidades, com o surgimento de novos negócios. É o caso da Cibele, da Érica e da Suziane, que além de mães, enxergaram no período de crise, uma oportunidade para empreender e garantir uma renda para suas famílias.

De acordo com dados do Mapa de Empresas, do Ministério da Economia, foram abertas 4.026.776 empresas em 2021, um recorde histórico que representa um aumento de 19,7% em relação ao ano anterior.

O setor de alimentação, segundo Allonny Farias, analista do Sebrae no Pará, foi um segmento que cresceu muito na pandemia, fazendo com que houvesse uma profissionalização do setor.

“As pessoas criaram esse movimento de pedir muito pelo delivery e isso fez com que houvesse uma profissionalização muito grande do setor, especificamente. Novos negócios de restaurantes, pequenos negócios passaram a entregar em casa, a atender mais por delivery do que a pessoa ir lá e retirar o pedido ou consumo. A pandemia trouxe o momento de lockdown, onde tudo estava fechado e esse foi um setor que precisou reinventar toda a sua estrutura para conseguir atender esses clientes”, lembra o analista.

Confira o vídeo:

Criatividade e inovação para inspirar!

Não é só sustento ou realização pessoal, mas uma forma de impactar a economia em níveis locais, alinhadas com tendências globais. Esse é o perfil dos novos negócios que explodiram durante a pandemia, estão resistindo e proporcionando transformações para diversas famílias.

Cibele Ferro, de 35 anos, é formada em Ciências Ambientais. Mãe do Matheus Machado, de 7 anos, que é autista, foi no empreendedorismo que ela viu a oportunidade de poder conciliar o trabalho com a rotina materna. Antes da pandemia, ela trabalhava no setor de eventos, um dos mais prejudicados pelos impactos da Covid-19.

Cibele precisou se reinventar para driblar a crise.
📷 Cibele precisou se reinventar para driblar a crise. |Emerson Coe/DOL

Com restrições em virtude do decreto e protocolos de segurança, Cibele precisou se reinventar e buscar alternativas para enfrentar a pandemia. Foi aí que ela teve a ideia de apostar em cestas criativas, como uma alternativa afetiva para presentear quem estava longe. Focando em inovação e de olho nas mudanças do mercado, a Criative Cestas nasceu em março de 2020 e foi o ponto de virada na vida dela e de sua família. Veja o vídeo:

Empreendedorismo criativo: negócios que transformam

Transformar ideias e criar oportunidades a partir dos desafios. Foi assim que Érica Vasconcelos, de 37 anos, hoje, no comando da Divino Café, decidiu apostar todas as suas fichas no empreendedorismo. Sem trabalhar de carteira assinada há 3 anos e com duas filhas pequenas - uma de 7 e outra de 3 anos, que é autista – para criar, além precisar ajudar na renda familiar, pois a família se viu com a metade do orçamento afetado durante a pandemia, ela teve atitude para mudar e experimentar.

E foi buscando conhecimento, planejando, analisando o mercado, adaptando as necessidades do dia a dia e persistindo, que Érica saiu na frente e inovou no auge da pandemia, sendo a pioneira na venda de cafés cremosos saborizados na capital paraense e Região Metropolitana de Belém.

Érica observou uma oportunidade e apostou todas as suas fichas no empreendedorismo.
📷 Érica observou uma oportunidade e apostou todas as suas fichas no empreendedorismo. |Emerson Coe/DOL

Vendo a necessidade de contribuir com o sustento da família, pois na época seu esposo ficou sem trabalhar, Érica iniciou uma produção totalmente caseira. No início, era apenas um sabor do café cremoso. O sucesso foi tanto, que 1 ano e meio depois, ela já estava com 12 sabores de seu produto. E ela não para por aí e já aposta em uma nova experiência.

Microempreendedora desde 2020, dois anos depois, ela celebra o fechamento de um contrato recente do seu serviço em um casamento para 200 convidados, o que demanda trabalho, mas também a chegada de outros colaboradores para dar conta do recado.

Conheça mais dessa trajetória:

O empoderamento feminino no empreendedorismo

Que a pandemia de Covid-19 estimulou a abertura de novos negócios não é novidade. No entanto, foi preciso acompanhar as mudanças de cenário e se adaptar. Suziane da Silva Fernandes, de 42 anos, parece ter despontado à frente do próprio tempo. A experiente costureira fazia roupas por encomenda.

Antes mesmo do anúncio da obrigatoriedade do uso de máscaras na rotina dos brasileiros, pelo Ministério da Saúde, ela resolveu apostar e se antecipar.

O cenário parecia favorável e realmente, para ela, foi. Suziane foi uma das primeiras a vender máscaras de TNT na capital paraense. O novo empreendimento deu tão certo que ela, junto com a família, conseguiu confeccionar mais de 3000 máscaras. E foi através desse serviço, que ela mudou de casa em plena pandemia.

Empreendedora nata e segura de si, Suziane sempre está de olho em novas oportunidades.
📷 Empreendedora nata e segura de si, Suziane sempre está de olho em novas oportunidades. |Emerson Coe/DOL

Com o surgimento de novas pessoas vendendo o mesmo serviço, Suziane viu a renda da família despencar. Por isso, percebeu que não poderia ficar apenas na costura. E não ficou. Ela passou a produzir comidas caseiras. Foi desafiador, mas a mãe de duas filhas, de 15 e 25 anos, e chefa da família, compreendeu que era merecedora de ocupar novos espaços, diferentes daqueles que estava acostumada.

Foi assim que Suziane resolveu empreender de maneira eficiente e lucrativa: ela abriu uma loja online para a venda de babydol. Em paralelo, continua costurando, sempre atenta às necessidades dos clientes e do mercado.

Confira:

Transformação digital: desafios e tendências do futuro

Mas, afinal, o que as histórias de Cibele, da Érica e da Suziane e tantas outras mulheres e mães empreendedoras têm em comum? Com quase dois anos e meio de Covid-19, foi na pandemia que elas optaram por uma nova rota, que ganharam força e se reinventaram para permanecer no mercado. Mesmo diante de tantos desafios e obstáculos, elas seguem indicando que há uma luz no fim do túnel, seja inovando, transformando, persistindo e triunfando.

LEIA MAIS:

Transformação digital: outras formas de comunicar

Mães de autistas: a força do empreendedorismo e da inclusão

Com um certo alívio de ter sobrevivido à pandemia – que acelerou o processo de transformação digital nos negócios - e, consequentemente, uma das fases mais difíceis da história, principalmente para a economia, esses empreendedores usam a experiência adquirida para impulsionar o potencial já existente.

Para o analista do Sebrae, hoje, os negócios começam a apresentar uma estabilidade. Não estão 100% digital, nem 100% físico. São híbridos porque o negócio precisa atender tanto as pessoas que querem ir ao local, quanto as pessoas que querem fazer uma pesquisa, consultando o produto, o preço. Você tem no presencial uma forma de conseguir converter muitas vendas e no digital você tem um catálogo, uma vitrine para o mundo inteiro”, destaca Allonny.

Veja das dicas do especialista:

Empregos foram gerados de pequenos a grandes negócios:

Dados divulgados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pa) apontam que nos cinco primeiros meses de 2022 o Pará fechará com saldo positivo o primeiro semestre do ano, com cerca de 15 mil empregos. Destes, mais da metade foram gerados por micro e pequenas empresas.

De acordo com Roberto Sena, superintendente do Dieese no Pará, o sentido de sobrevivência em meio à crise econômica e a pandemia são responsáveis por estes dados.

"No Pará, nós não temos grandes empresas. No Brasil sim. Micro e pequena empresa é igual formiguinha. O dinamismo das micros, o sentido de sobrevivência se tornou mais fácil para os pequenos na crise. Grupos familiares, de amigos se tornaram grandes restaurantes, bares, cabeleireiros, pessoas que foram à luta e conseguiram sobreviver na pandemia, aprenderam a empreender, se reinventar", avalia Sena, ressaltando que as MEIs são fontes maiores de empregos não só de carteira assinada, mas com empregos temporários e informais.

Elas no comando: perfil do empreendedorismo feminino no Pará
📷 |Emerson Coe/DOL

Segundo o Boletim do Mapa de Empresas do Ministério da Economia, mais de 1,4 milhão de brasileiros abriram empresas, entre maio e agosto de 2021. Para os jovens e novos empreendedores, a gente mostra o passo a passo de como abrir uma empresa junto ao Sebrae.

Confira!

Reportagem: Andressa Ferreira

Edição: Kleberson Santos

Edição Multimídia: Emerson Coe

Coordenação Sênior: Ronald Sales

Coordenação Executiva: Mauro Neto

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