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MATÉRIA ESPECIAL

Eles venceram a Covid-19 e também mudaram de vida

O sofrimento causado pela pandemia despertou em alguns sobreviventes. Um desejo único de se reinventar e ir em busca de novas conquistas e desafios.

Quem foi vítima da Covid-19 nunca esquece. A doença, hoje controlada no mundo graças à vacina, deixou sequelas físicas e psicológicas em grande parte dos milhões de infectados espalhados pelo mundo. Muitas curaram com o tempo e outras permanecem. Mas, ao mesmo tempo, o sofrimento fez nascer nos sobreviventes o desejo de se reinventar, mudar a rotina. Uma vontade enorme de zerar tudo, valorizando cada conquista e cada momento dali para frente.

Em fevereiro de 2020, enquanto o Covid se espalhava mundo a fora, a webdesigner Danielle de Souza Dias, então com 39 anos, descobriu que estava grávida de seu primeiro filho, uma gravidez esperada e bastante comemorada.

No primeiro dia de maio daquele ano, com cerca de 4 meses de gestação e depois que quase todos de sua casa já terem sido contaminados, Danielle começou a ter os sintomas típicos da doença. “Senti um frio na barriga. A partir daquele momento tudo mudou. Os sintomas aumentaram e pioraram bem rápido”, relembra.

Com hospitais lotados e atendimento precário, a webdesigner teve que fazer o tratamento em casa, mesmo com indicação de internação. Grávida, a situação se tornava bem mais grave. “Dia 7 de maio, com umas 18 semanas de gravidez, quando já não aguentava mais ser carregada para ir ao banheiro, levar porradas nas costas para conseguir respirar e com medicação não fazendo efeito, fui levada para o Hospital Abelardo Santos, onde atestaram que minha saturação que estava em 84%”.

Em seguida Danielle foi internada na Santa Casa, referência em neonatal no Estado e encaminhada para UTI onde ficou sedada por 14 dias, sendo entubada por 2 vezes. “Fiquei entre a vida e a morte e quase perdi o meu bebê. Ainda fiquei mais 11 dias na UTI com mais 87% do pulmão comprometido. Vi mulheres perderem seus bebês, perderem seus úteros e até perderem suas próprias vidas”, diz.

Nesse interim, ela descobriu que seu bebê era uma menina. No dia 01 de junho, depois de 25 dias na UTI, foi liberada para a enfermaria do hospital. “Tive que reapreender a andar devido a quantidade de dias sem se movimentar; a falar com firmeza. A respirar e a comer sem se engasgar, pelo fato da intubação. Foi o momento mais difícil que já passei na vida”, garante.

Dia 12 de junho, após 36 dias internada, a wedesigner recebeu alta e com sua bebê ainda forte dentro dos eu útero. “Enfrentei algumas dificuldades, ocasionadas pela Covid, como os traumas em decorrência do que vivi nesse período; medo de voltar a encontrar pessoas; e de como a bebê nasceria, devido a tudo que passamos”.

Em 26 de setembro, Anna Celeste de Souza Lisboa nasceu. “A ‘Céu’, como costumo carinhosamente chamá-la, veio ao mundo, pela misericórdia e bondade de Deus e pela ajuda de muitos, cheia de saúde e de vida”, comemora.

Danielle disse que a difícil experiência com Covid durante a gravidez fez a sua vida mudar por completo. “Só o fato de vivenciar o milagre de sobreviver a essa doença e ainda ter uma filha no meio dessa pandemia é uma coisa que só a misericórdia de Deus explica. A partir daí tudo em minha vida passou a ter mais amor envolvido; mais gratidão”, agradece.

“Hoje tenho um olhar mais refinado pra coisas simples como apreciar a natureza e o que ela nos oferece. Isso antes era tão mecânico que nem me percebi. Procuro abstrair o que vai me entristecer ou aborrecer. Aprendi que a vida passa num estalar de dedos e podemos perdê-la sem ter dito coisas valiosas, como um ‘eu te amo’ ou um ‘obrigado por tudo’ para aqueles que nos são caros”, constata.

Antes a ansiedade dominava Danielle, chegando a atrapalhá-la muito, inclusive no tratamento durante o Covid. “Agora assim que percebo sinais dela em mim, procuro bloquear seu domínio nas minhas ações, e tenho tido enriquecedoras vitórias pessoais. Foco no equilíbrio entre minha saúde espiritual, minha saúde mental, sem esquecer de minha saúde física para ter uma vida com mais qualidade”.

LUTA

Confeiteira já havia superado até um câncer

ABENÇOADA

No último dia 18 fez um ano que a confeiteira Patrícia Cunha, 43, teve alta do Hospital Geral de Mosqueiro onde ficou internada por nove dias com Covid e com 75% de comprometimento do pulmão. “Houve momentos em que eu pensei que não iria sobreviver. Durante a internação me agarrei na fé e pensava muito na minha família. Eu queria muito voltar para casa e isso me ajudou a lutar. Em nenhum momento eu me entreguei”, afirma.

Patrícia já havia passado pela dor de um câncer no colo do útero mas garante que nada se compara ao sofrimento e agressão causada pelo coronavírus. “Após a Covid fiquei quase careca e com sequelas até hoje. A mais grave é uma gosma na garganta que me causa falta de ar. Tenho enxaqueca e muitas dores no corpo e aquecimento das mãos de vez em quando...”

Mas como ela mesmo diz, após a cura “levantou a poeira e deu a volta por cima”. Decidiu focar ainda mais no trabalho e incrementar o negócio de confecção e bolos e marmitas saudáveis. “ Comecei a vender bolos caseiros para patrocinar as viagens do meu filho que jogava futebol. A forma que encontrei para superar tudo foi meter a cara no trabalho, fazendo vários cursos de gastronomia online enquanto me recuperava em casa”.

Foi quando surgiu a oportunidade de fazer um vestibular em Mosqueiro. “Me inscrevi, fiz o cursinho preparatório e consegui passar. Hoje estou cursando gastronomia no polo da UEPA em mosqueiro pelo Forma Pará e pretendo lançar até final do ano um livro sobre alimentação saudável que comecei escrever no início da pandemia”, comemora.

Tecnólogo teve de ficar quase um mês na UTI

Renato Tavares Freire da Silva, 42, tecnólogo em rede de computadores, foi internado dia 14/04/2020 com Covid-19 no Hospital da Beneficência Portuguesa. Três dias depois ele foi transferido para a UTI e intubado.

O caso de Renato era ainda mais grave porque ele possui adenoide, o que o força a respirar muito pela boca, o que provocou redução na salivação, propiciando a infecção na sua gengiva e um abcesso em decorrência da infecção causada por um dente quebrado. Felizmente a infecção foi controlada e não comprometeu ainda mais o pulmão.

No total Renato passou quase um mês completo na UTI, ficando cerca de 15 dias intubado e saindo da unidade apenas no dia 16 de maio passado, quando retornou para o leito clínico. Ainda ficou mais seis dias internado.

Assim como Patrícia Renato procurou aprender com o sofrimento e a valorizar ainda mais a vida. “Não tive grandes mudanças após a Covid. Estou sempre tratando a minha rotina como sempre. Nunca deixei de fazer nada do que eu fazia antes. Se mudou algo é que continuo ainda mais focado no trabalho. Isso sempre foi um desafio e me ajudou muito na recuperação, depois de toda experiência vivida com a doença”, destaca.

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