Os beneficiários do Auxílio Brasil têm até o dia 14 de outubro para atualizar as informações do Cadastro Único (CadÚnico). A atualização deve ser feita pelos beneficiários que estão há mais de dois anos sem alteração no cadastro.
Por isso, as famílias que atualizaram os dados pela última vez em 2016 e 2017 estão sendo convocadas a comparecerem em um Centro de Referência de Assistência Social (Cras). O procedimento evita a suspensão e cancelamento dos benefícios.
Nas primeiras horas do dia do último dia 26, poucas unidades de atendimento voltadas para concessão de benefícios sociais apresentavam fila. Por isso, o movimento foi considerado tranquilo e dentro da normalidade da procura rotineira. As unidades da Augusto Montenegro, no Tapanã, e do Barreiro, na travessa Djalma Dutra, foram alguns dos locais com maior incidência da população.
Em frente ao Cras da Augusto Montenegro, por outro lado, muitas pessoas tiveram que dormir em fila para garantir a ficha para o atendimento. Há quase 12 horas na espera, Jessica Freitas, 31 anos, conseguiu um dos primeiros lugares na fila para o atendimento na unidade. Era a segunda tentativa de garantir o Auxílio, já que da primeira vez não obteve sucesso ao tentar o cadastro em Icoaraci.
“Eu vim para conseguir o Auxílio Brasil, cheguei aqui sete da noite. Dormi aqui para ficar logo e conseguir o atendimento. Quando eu fui no de Icoaraci a fila era muito grande e eu não consegui. Eu tive que passar uma noite inteira na fila para ver se vou conseguir, é complicado”, disse.
Essa mesma situação era a realidade de Elida das Chagas, 39, que teve o auxílio bloqueado. Para garantir o atendimento, ela chegou às duas da manhã com o objetivo de saber o motivo do problema com o benefício que auxilia no sustento de casa. “Eles dizem que são 200 fichas. Da primeira vez que eu vim, a ficha acabou em mim e eu tive que voltar para casa. Tô acordada desde a hora que cheguei. É muito cansativo ficar nessa fila para conseguir um auxílio para ajudar a gente. Dessa vez eu até trouxe cadeira, café, água, tudo porque eu já sabia que ia ter que esperar por aqui. Na minha casa sou eu e três filhos. Esse dinheiro me ajuda e tá fazendo falta nesse momento, ainda mais que eu moro de aluguel”, contou a doméstica.
BARREIRO
Na unidade de atendimento do Barreiro, o movimento era tranquilo e poucas pessoas estavam à espera do atendimento. Isso permitiu que a diarista Rosely Ribeiro, 50, chegasse às 6h30 para resolver os problemas de bloqueio do Auxílio Brasil, que já dura três meses. A falta de um documento que comprove que é beneficiária do auxílio tem dificultado atendimento em outras empresas e instituições.
“Como eu não tenho mais celular, eu vim resolver tudo por aqui. Toda vez que eu vinha eu nunca conseguia porque tinha muita gente, a fila tava dobrando. Eu já sofri muito em fila desde o princípio desse cadastro. Já cheguei a vir aqui cinco vezes. Eu ainda preciso resolver uns problemas na minha conta de energia e lá eles falaram que eu tenho que ter ordem daqui. Então estou dependendo desse atendimento. No momento eu tô desempregada, tenho feito só um bico aqui e outro ali, me virando. A minha filha caçula e uma neta dependem dessa ajuda, tem feito falta esse dinheiro pra comprar o alimento básico, feijão, arroz, charque, o suficiente que dê pra gente almoçar”, relatou Rosely.
Belém possui 320mil famílias inscritas
Criado em 2001, o Cadastro Único (CadÚnico) tem como objetivo informar ao governo os dados referentes às famílias consideradas de baixa renda no Brasil. Atualmente, o sistema que permite acesso aos diversos programas sociais é administrado pelas prefeituras de forma gratuita.
Em Belém, a Central do Cadastro único (CCU) é coordenada pela Fundação Papa João XIII (Funpapa), com serviços ofertados também em 12 Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). O presidente da Funpapa, Alfredo Costa, conta que em Belém, 320 mil famílias estão inscritas no CadÚnico e que, diariamente, mais pessoas buscam os centros para entrar no banco de dados.
“Estão aptas a fazerem o cadastro, todas aquelas famílias que recebem até três salários mínimos ou que estão em situação de vulnerabilidade social, classificadas na linha da extrema pobreza (com renda familiar per capita de até R$105,00) ou da pobreza (com renda familiar per capita de até R$210,00)”, explicou Costa.
O titular lembra que o cadastro é a condição básica para ter acesso aos diversos benefícios, mas que a inscrição não é garantia total de recebimento de benéficos. “O CadÚnico é a porta de entrada, mas temos diversos benefícios que também possuem a suas particularidades e condições especiais para que os mesmos sejam concedidos as famílias”, pontua.
A idade mínima de 16 anos é um dos critérios para aqueles interessados em fazer pela primeira vez parte do CadÚnico, onde o processo é feito via autocomprovação de renda e o preenchimento de formulário com os dados que serão analisados pelo sistema. “Vale destacar que esses dados devem ser atualizados a cada dois anos. Quem não o fizer, corre o risco de perder seus benefícios”, reforçou Alfredo Costa. Caso o cidadão ainda não esteja cadastrado no Cadastro Único, ele poderá fazer um Pré-Cadastro por meio do aplicativo do Cadastro Único ou na versão web.
A função permite que a pessoa já informe dados importantes para o seu cadastro. Após esse preenchimento, o usuário tem 120 dias para comparecer a um Posto de Atendimento para apresentar os documentos de identificação obrigatórios das pessoas da família e complementar outros que sejam essenciais.
Procedimentos
inscrição
Em Belém, as famílias que se enquadram nas condições de renda e ainda não estão inscritas no Cadastro Único, podem procurar um CRAS do município e solicitar o cadastramento. Para realizar o processo é importante:
Ter uma pessoa responsável pela família para responder às perguntas do cadastro. Essa pessoa deve fazer parte da família, morar na mesma casa, ter pelo menos 16 anos e de preferência ser mulher.
Os documentos necessários para a inscrição são o CPF ou Título de Eleitor. No caso de responsável por famílias indígenas e quilombolas, não precisa ser o CPF ou o Título de Eleitor. O representante pode apresentar qualquer um dos seguintes documentos de todos os membros da família:
• Certidão de Nascimento ou Casamento;
• CPF;
• Carteira de Identidade (RG);
• Certidão Administrativa de Nascimento do Indígena (RANI);
• Carteira de Trabalho ou;
• Título de Eleitor.
Além disso, se for possível, levar um comprovante de endereço, podendo ser uma conta de água ou luz. O documento também não é obrigatório, mas ajuda no preenchimento dos dados necessários na hora do cadastro.
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