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EDUCAÇÃO

Estradas de chão e rios: os caminhos dos professores no Pará

A geografia de um estado, com o tamanho da Angola, apresenta inúmeras dificuldades que professores precisam vencer diariamente para chegar até as escolas das comunidades rurais e ribeirinhas

Imagem ilustrativa da notícia Estradas de chão e rios: os caminhos dos professores no Pará camera 19% dos alunos da Educação Básica (Infantil e Fundamental) estão na zona rural | Wagner Santana / Diário do Pará

Segundo o Censo Escolar 2021, a Região Norte concentra 36,1% das escolas de pequeno porte que oferecem vagas para a Educação Básica (Ensino Infantil e Ensino Fundamental). Estas unidades têm por característica principal o limite de 50 alunos matriculados. Tais dados não revelam apenas uma questão matemática que serve de base para a criação de políticas públicas na área da Educação.

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Analisar estas informações permite conhecer a realidade das escolas para além dos números. Mostra ainda a geografia dos lugares onde elas estão construídas.

19% dos alunos da Educação Básica (Infantil e Fundamental) estão na zona rural
📷 19% dos alunos da Educação Básica (Infantil e Fundamental) estão na zona rural |Wagner Santana / Diário do Pará

No caso do Pará - cuja dimensão territorial (que é de 1.247.954 Km²) chega a ser maior que a de Angola, país da África com 1.247.000 Km² - as distâncias e o acessibilidade representam um desafio para os professores chegarem até as comunidades ribeirinhas, quilombolas e rurais. Lugares onde a vida é simples em alguns aspectos e difícil quando se trata de logística, infraestrutura e distribuição de renda.

Ser professor no campo e nas ilhas requer, além da dedicação, perseverança para cumprir uma jornada onde muitos desistem em virtude das dificuldades – que não são poucas, como comenta a professora Iranilda Silva.

O educador físico Rafael Barroso, de 36 anos, é um dos quase 60 mil professores paraenses (58.873, segundo o IBGE) que atuam no Ensino Fundamental e buscam fazer a diferença na vida de meninos e meninas com idade entre 7 e 13 anos. Leciona em escolas municipais de Curuçá e Marapanim, na região nordeste do Pará.

Este professor percorre diariamente 70 quilômetros de estradas de terra, manguezais e rios para ensinar em 13 agrovilas e na ilha de Pacamorema. Uma jornada que começa cedo, antes do dia clarear.

“Tudo é válido para tentar fazer a diferença na vida dos meus alunos. Todos eles têm um sonho e, nessa jornada que eu assumi, tento ajudá-los a alcançar a realização deles, por meio da Educação. E, assim, também realizo os meus [sonhos]”, enfatiza o professor Rafael.

Onde a poeira acaba, o professor troca a moto pela canoa para encontrar os alunos
📷 Onde a poeira acaba, o professor troca a moto pela canoa para encontrar os alunos |Wagner Santana / Diário do Pará

Uma das comunidades mais longínquas em que ele trabalha é a de Pacamorema, ilha que pertence ao município de Curuçá. O acesso até esta comunidade ribeirinha exige que Rafael deixe a motocicleta na estrada e caminhe por uma ponte sobre o mangue para chegar até a margem do rio, onde atravessa de canoa. A estrutura tem 900 metros de comprimento e está em péssimas condições.

A professora Eliete Araújo é a responsável pela Escola Catarina Neves, a única da ilha. A unidade oferta somente os anos iniciais do Ensino Fundamental. Para concluir a segunda etapa do Fundamental e os três anos do Ensino Médio, os alunos ribeirinhos se deslocam até as escolas que ficam na área urbana do município.

O entusiasmo dos alunos estimula o educador físico a não desistir de ensinar. “Quando acordo, já penso que tem crianças me esperando, cheias de esperança e com a intenção de sair de uma realidade que, às vezes, é triste”, ressalta. “A aula não é só um aprendizado. É um momento de felicidade que eles sentem - e tem - para transformar a realidade, que, às vezes, é sofrida”, pontua Rafael.

Coqueiro

Às terças-feiras, Rafael dá aulas na Escola Teófila Teixeira, localizada na comunidade do Coqueiro, zona rural de Curuçá. O prédio, construído em 1965, está fechado para reforma e as atividades estão sendo ministradas de forma improvisada numa casa na orla do rio que dá nome à cidade.

Dinâmica com bola e bambu ajuda a trabalhar a coordenação motora, equilíbrio e desenvolvimento dos alunos
📷 Dinâmica com bola e bambu ajuda a trabalhar a coordenação motora, equilíbrio e desenvolvimento dos alunos |Wagner Santana / Diário do Pará

Para o professor, este período de obras não tem sido problema, já que ele ministra as aulas de Educação Física no calçadão da encosta. O espaço é cercado por uma paisagem que, diga-se de passagem, é de provocar inveja em qualquer outra comunidade escolar.

Rafael utiliza como ferramentas de trabalho alguns elementos extraídos de forma sustentável da natureza para trabalhar a coordenação motora e o desenvolvimento de meninos e meninas. A metodologia também ajuda a garotada a enxergar de outra forma os recursos naturais existentes na mata envolta da comunidade e nos rios.

A atividade de Rafael com os alunos é observada pela mãe de um dos garotos, Marcela Souza, que fala um pouco sobre os desafios que observa sobre a Educação no campo.

No Brasil, 19% dos alunos de Educação Básica (Infantil e Fundamental) estão matriculados em escolas da zona rural e comunidades ribeirinhas, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

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Questionado se todas as dificuldades não o desestimula da jornada, o professor Rafael responde sem titubear que não e dar um depoimento emocionante sobre a Educação no campo. Assista:

Alguns dados do Censo Escolar

- 24,6% das escolas com séries iniciais tem até 50 alunos matriculados

- 60,2% das escolas de Educação Básica são das redes municipais de Ensino

- 19% dos alunos da Educação Básica (Infantil e Fundamental) estão na zona rural

- 59,9% dos alunos do Ensino Fundamental estão nos anos iniciais

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