De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), aplicada e divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil encerrou o segundo trimestre de 2022 com aproximadamente 10,1 milhões de brasileiros desempregados. No meio deste universo de pessoas que estão fora do mercado de trabalho formal, existem aquelas que buscam alternativas para obter uma renda.
Também chamados de trabalhadores autônomos, essas pessoas, em geral, fazem bicos para garantir o sustento. No município de Ananindeua, na Região Metropolitana de Belém, existe um grupo criado há 16 anos, chamado de “bike expresso”, que funciona como uma espécie de “Uber de bicicleta” para transportar, sobretudo, trabalhadores que utilizam pontos de ônibus na Rodovia BR-316 para ir e vir de casa para o trabalho.
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Basicamente, esses ciclistas transportam passageiros que moram nos bairros do Jaderlândia, Atalaia, Una e Cabanagem. Eles enfrentam os perigos do trânsito, o sol e a chuva para garantir uma renda semanal que, muitas vezes, não chega a R$ 100,00.
SERVIÇO
Dentre eles está José Ribamar, de 47 anos, que atua há 7 anos na atividade. Segundo ele, o serviço foi criado por um vigilante chamado Antônio. Percebendo a dificuldade que as pessoas enfrentavam para conseguir ter acesso aos ônibus no bairro do Jaderlândia, ele passou a ofertar o serviço. “O seu Antônio era vigilante e há 16 anos criou esse serviço. Começou a trazer o pessoal do Jaderlândia para a BR para irem trabalhar, porque no Jaderlândia tinha e ainda tem uma grande dificuldade de ônibus e agora diminuiu mais ainda”, afirmou.
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José explicou que os clientes descem dos ônibus e já acionam as corridas nas bicicletas. E também utilizam o transporte pela manhã, para acessar as linhas de ônibus que circulam pela BR-316.
Dependendo da distância, os valores cobrados pelo serviço variam de R$ 2,00, R$ 3,00 até R$ 8,00. Atualmente, existem 23 autônomos atuando no grupo.
Uma rotina pesada embaixo de sol e chuva, com jornada de trabalho de até 18 horas
A falta de trabalho com carteira assinada fez José Ribamar permanecer na atividade. E, além disso, ele também faz outros bicos para garantir o sustento e ajudar nas despesas da casa, onde mora com os pais, no Jaderlândia. “Já passei 2 anos fora daqui. Estava empregado como serviços gerais. Além daqui faço outros bicos. Faturo cerca de R$ 500,00 por mês trabalhando de 7h até 17h. Tem que ficar tomando vitamina e se alimentar bem para aguentar”, disse.
O sonho de José é conquistar um trabalho de carteira assinada para deixar a rotina pesada. “Já coloquei currículo em vários lugares e tenho vontade de voltar a trabalhar com carteira assinada”, afirmou ele, que é separado, tem duas filhas adultas e dois netos.
APOSENTADORIA
Aos 59 anos, Edmilson Sousa presta o serviço no bike expresso há 3 anos. Ele conta que já trabalhou por anos com carteira assinada, mas acredita que, devido à idade, as portas começaram a se fechar e, com isso, encontrou na atividade uma forma de sustento.
“A gente tinha uma barraca onde ficávamos aguardando os passageiros. Mas foi retirada e agora a gente fica no meio do sol e da chuva. Hoje estou desempregado e já coloquei currículo, mas não chamam por causa da minha idade. Isso aqui cansa a gente. Dá câimbra na perna e na mão. É pela necessidade mesmo. Cobro R$ 2,00 para levar o cliente até a feira do Jaderlândia e R$ 3,00 no fim de linha de ônibus. Moro só e ajudo uma filha com essa renda. Ganho uns R$ 70,00 por semana. Sonho em me aposentar. Estou pagando o INSS”, declarou ele, que inicia a atividade por volta das 6h e, entre intervalos, só finaliza o serviço às 18h.
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