“Humilhação”. É assim que passageiros que cumprem o trajeto Belém-interiores descrevem quase diariamente uma exaustiva e preocupante travessia. Um vídeo enviado ao DOL, na última segunda-feira (10), escancarou a insegurança e o despreparo das empresas responsáveis em fornecer esses serviços, além da falta de fiscalização por parte das autoridades de segurança.
Na denúncia recebida, os passageiros reclamaram de superlotação; equipamentos de segurança velhos ou sem condições de uso; estrutura precária da embarcação; não cumprimento de horários e a venda de passagens acima do limite.
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No registro acima, os passageiros estão concentrados e aguardando o embarque. A viagem rumo à Abaetetuba, nordeste paraense, estava prevista para sair às 14h, mas somente às 15h30 foi possível tomar o barco e seguir destino. Ao fim, foram necessários quatro barcos para receber com segurança todas as pessoas que aguardavam saída.
"Não aguentamos mais a superlotação e a desorganização dos responsáveis. Toda vez que viajamos é a mesma coisa. São barcos desconfortáveis, ônibus velhos e sem conforto algum, mas o aumento de passagem continua. Pagávamos R$18, agora estamos pagando quase R$25 sem nenhuma mudança de estrutura e segurança", desabafa Marcia de Azevedo.
"Esses problemas são constantes. É uma falta de respeito! Ficamos parados no meio da baía. Às vezes, superlotados, sem contar que o barco tem condições péssimas. Quando chove, alaga toda a embarcação. É cada um por si", denuncia o estudante de Direito, Italo Quaresma.
Venda acima da capacidade
Entre a lista de denúncias, em sua maioria corriqueiras contra as empresas Arapari Navegação e Jarumã Navegação, está a venda de bilhetes acima da capacidade permitida. A denúncia enviada na última segunda, por exemplo, expôs a falta de preparo das empresas. Transformando a situação não apenas frustrante, mas perigosa para todos os passageiros.
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"Na última vez que viajei, caiu muita chuva, atravessamos no meio de relâmpagos e trovoadas. Os coletes estão todos velhos, sem condição de uso. A embarcação não tem segurança alguma. A parte de cima estava cheia de goteiras, era impossível ficar lá. Todos viajaram rezando", afirma Monique Costa.
Posicionamento
Por meio de nota, o DOL procurou a Arcon (Agência de Regulação e Controle de Serviços Públicos do Estado do Pará) apresentando o caso e questionando de que forma os agentes estão trabalhando para impedir que se repitam situações como as denunciadas. Foi questionado também até que ponto as empresas Arapari e Jarumã, responsáveis pelo trajeto Belém/Abaetetuba, estão legalizadas e se os equipamentos básicos de segurança, como as condições de coletes, estão de acordo com as inspeções.
Em resposta, a Arcon informou que notificou as empresas denunciadas e reforçou que irá apurar todas as denúncias, entre elas a precariedade da estrutura das embarcações. Por fim, o órgão orientou aos usuários que sempre formalizem as denúncias junto a Ouvidoria da Agência ([email protected] ou 08000911717).
Confira a nota na íntegra:
A Agência de Regulação e Controle dos Serviços Públicos do Estado do Pará (Arcon-Pa) informa que, diante das ocorrências, as empresas foram notificadas e irão pagar multa pelo atraso na viagem e pela venda de passagens acima da capacidade.
Quanto a precariedade da estrutura das embarcações, a Arcon irá apurar as denúncias.
A Agência reforça ainda que, diariamente, fiscaliza a prestação do serviço do transporte intermunicipal rodoviário e hidroviário regulado junto ao órgão estadual e recomenda aos usuários que formalizem as denúncias junto a Ouvidoria da Agência para que sejam tomadas as providências necessárias em busca da qualidade e segurança das viagens.
A Ouvidoria disponibiliza o número 08000911717, o e-mail: [email protected].
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