Em obras de restauração e requalificação desde o ano passado, para ser devolvido à população como parque público, o Cemitério Nossa Senhora da Soledade deve ter sua primeira parte entregue durante os festejos do aniversário de Belém, que chegará aos 407 anos de fundação no próximo dia 12 de janeiro.
O projeto é resultado do Acordo de Cooperação Técnica assinado entre Governo do Pará e Prefeitura de Belém, com investimento estimado em cerca de R$ 16 milhões. O espaço deve incorporar um museu e outras ações culturais abertas ao público.
Veja também:
Proerd promove ação contra drogas em Mosqueiro
Lei Valmir Bispo é aprovada na Câmara Municipal de Belém
O arquiteto da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Helder Moreira, é um dos responsáveis pelo acompanhamento das obras. Ele informa que a parte civil dos trabalhos já chegou a 85% de conclusão. No entanto, o trabalho minucioso e necessário da equipe de arqueologia exige a adoção de um ritmo mais cuidadoso.
Helder Moreira garante que toda a atuação segue as normas do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão responsável pela aprovação do projeto que baseia toda a obra, criado em gestões anteriores pelo falecido arquiteto Paulo Chaves (1946-2021).
"A parte do caminhamento, que dá acesso aos mausoléus, ali é tudo novo; não tinha nada, era só mato, estava tudo abandonado. Começamos a cavar e após 10 centímetros já fomos encontrando ossadas. Então, trabalhamos junto com a arqueologia, e isso precisa ter delicadeza", detalha o arquiteto.
Toda a estrutura funerária está sendo restaurada em parceria com o Laboratório de Conservação, Restauração e Reabilitação da Universidade Federal do Pará (Lacore/UFPA), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Patrimônio Cultural (PPGPatri), do Instituto de Tecnologia (Itec) da UFPA.
O arquiteto afirma que a partir da entrega prevista para o início de 2023 as pessoas já poderão visitar o espaço e participar de oficinas oferecidas pelo Lacore/UFPA. "Acadêmicos de Arquitetura, por exemplo, poderão participar dessas oficinas. Eu diria que é primeira vez que vai acontecer aqui no Pará esse tipo de integração", diz Helder Moreira.
Após a abertura parcial, o trabalho de restauração continuará, especialmente nos mausoléus. "Trata-se de uma arquitetura mortuária fantástica, de peças francesas, italianas, de um grande requinte sendo recomposto. Isso é um marco, um trabalho muito importante", explica.
TRABALHO E HISTÓRIA
O encarregado de obras Rodrigo Carvalho Monteiro confirma que trabalhar em uma obra que envolve restauro é diferenciado.
"O cuidado é redobrado, especialmente por causa dos mausoléus, que sofrem risco de desabamento. São muito antigos, e deram mais trabalho. É diferente de uma obra civil, porque lidamos com partes estruturais que vieram da Itália, Portugal. A gente não sabia muito bem como era a estrutura. Acabamos descobrindo em cima da hora que tinha metal, chumbo. Tudo muito interessante", destaca.
A acadêmica Ana Rita Teodósio faz parte do Lacore e integra uma das duas equipes que atuam com o trabalho de restauração e conservação realizado no Soledade.
"É uma sensação maravilhosa fazer parte disso, porque eu mesma via o Soledade, antes de estudar, como algo assustador, fechado, escuro, sem vida. E agora, com esse novo uso, o Soledade está renascendo, mas sendo valorizado por aquilo que sempre foi. Aqui não vejo só túmulos e jazigos; eu vejo história. É emocionante estar trabalhando com tudo isso", garante a universitária.
Seja sempre o primeiro a ficar bem informado, entre no nosso canal de notícias no WhatsApp e Telegram. Para mais informações sobre os canais do WhatsApp e seguir outros canais do DOL. Acesse: dol.com.br/n/828815.
Comentar