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IMUNIZAÇÃO

Vacina Pfizer é ampliada para crianças de 6 meses a 4 anos

A vacina pediátrica produzida pela Pfizer era antes restrita para quem tinha comorbidades. Na nota técnica, a justificativa é que a incidência, hoje, é maior nessa faixa etária. Especialistas criticam falta de campanha

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Imagem ilustrativa da notícia Vacina Pfizer é ampliada para crianças de 6 meses a 4 anos camera Desde setembro, a Anvisa já havia liberado a vacinação de crianças até 4 anos. | Wagner Santana

O Ministério da Saúde publicou nesta terça (27) uma recomendação para ampliar a vacina contra Covid para todas as crianças de seis meses de idade até quatro anos.

A vacina pediátrica produzida pela Pfizer era antes restrita às crianças nessa faixa etária com comorbidades. No caso dos menores sem comorbidades, alguns podiam ser vacinados por meio da xepa da vacina (as doses que restavam nos frascos após abertos e que não podiam ser guardadas para o dia seguinte).

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Na Nota Técnica n° 399 de 2022, o Ministério da Saúde, por meio da Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações (CGPNI), entendeu que a incidência de Covid na população menor de 5 anos de idade hoje é maior do que nas faixas etárias mais elevadas, e que nos bebês com menos de um ano a incidência de mortalidade chega a ser até oito vezes maior do que nos adolescentes de 15 a 19 anos.

“Considerando que a vacinação de crianças de 6 meses a 4 anos contra a Covid poderá evitar infecções pelo Sars-CoV-2, hospitalizações, Srag [síndrome respiratória aguda grave] e óbitos, além de complicações como a SIM-P e pós-Covid [...] a Coordenação Geral do Programa de Imunizações recomenda a vacinação de todas as crianças de 6 meses a 4 anos, 11 meses 29 dias de idade com o imunizante Pfizer/BioNTech”, diz a nota.

A nota ainda reforça a eficácia e segurança da vacina, conforme dados de ensaios clínicos e da aplicação do imunizante em diversos países, e afirma que “a ampliação da vacinação para esta faixa etária possibilitará maior segurança aos pais cujas crianças frequentam berçários, escolas e ambientes externos”.

A publicação vem quatro dias antes do fim do atual governo, que foi criticado por especialistas por atrasar a vacinação infantil. O ministro da Saúde Marcelo Queiroga chegou a fazer um apelo aos pais que levassem seus filhos a vacinar, mas não citou a Covid.

Em diversos momentos ao longo da pandemia, ele e o presidente Jair Bolsonaro (PL) desacreditaram a vacina. Em setembro, a Anvisa aprovou a vacina pediátrica da Pfizer para bebês de 6 meses a 4 anos de idade, mas a Saúde só havia incluído crianças com comorbidades na campanha até então.

Para Renato Kfouri, diretor científico de imunizações na Sociedade Brasileira de Pediatria, a ampliação chega atrasada. “Menos mal que está ampliando para todas as crianças, mas isso vem desacompanhado de medidas de incentivo e de campanhas de esclarecimento sobre a segurança e importância da vacinação”, critica.

Além da Pfizer, a vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, foi liberada para aplicação em crianças de 3 e 4 anos. O encerramento de contratos do governo com o instituto paulista, porém, esgotaram as doses de Coronavac e atrasaram a aplicação da segunda dose em diversas capitais no país.

O governo eleito, porém, pretende mudar isso a partir de 2 de janeiro de 2023. O vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, disse no início do mês que o governo vai começar “com uma grande campanha de vacinação já a partir de 2 de janeiro”. A retomada do PNI e recuperação das coberturas vacinais de diversos imunizantes, não só da Covid, é uma das bandeiras de Lula (PT) para o seu governo. A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Fiocruz para falar com a Nísia Trindade, escolhida por Lula para chefiar a pasta de Saúde, mas ainda não teve retorno.

RESTRIÇÕES

Além da recomendação da vacinação nas crianças, uma segunda nota técnica, publicada nesta terça (27), pede a restrição das vacinas de vetores virais (AstraZeneca e Janssen) apenas para adultos com mais de 40 anos, sendo administradas preferencialmente outras vacinas na população abaixo de 40 anos.

De acordo com a resolução, a decisão é dada por dois motivos principais: a situação epidemiológica mais favorável, com grande parte da população já vacinada com o esquema primário (duas doses ou dose única), e a ocorrência, embora rara, de eventos adversos graves relacionados às duas vacinas, como a trombose com trombocitopenia, tipo de coágulo que pode ser formado após a imunização com essas vacinas e associado à baixa contagem de plaquetas no sangue (ou células do sistema imune). A incidência desses efeitos colaterais raros foi baixa em todo o mundo, mas ocorreu, em geral, em mulheres com menos de 40 anos. A EMA (Agência de Medicamentos Europeia, na sigla em inglês) e FDA (agência americana) já haviam feito recomendação parecida.

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