Nas primeiras horas do dia de ontem, cerca de 600 brincantes, entre crianças e jovens, foram às ruas para o desfile do Grêmio Recreativo Escola de Samba Crias do Curro Velho. Tradição pelas vias do bairro do Telégrafo, a programação, que ocorre há pelo menos três décadas, precisou ser cancelada nos últimos dois anos por conta da pandemia da Covid-19.
“Se não tivesse sido suspenso, o desfile de hoje era para ser o 33º, mas devido a esse pequeno hiato, hoje estamos comemorando o nosso 30º cortejo pelas ruas de Belém. Isso é emocionante, gratificante, pois conseguimos notar no rosto de cada um, de cada jovem e criança, a felicidade de estarmos aqui, juntos, nos divertindo”, declarou Jorge Cunha, coordenador de iniciação artística do Instituto Curro Velho.
Por onde passava, a alegria da criançada fazia jus ao tema do desfile, que neste ano foi “Brincar e Encantar: preservar a memória do nosso lugar”. A mensagem é uma forma de evidenciar o cotidiano das crianças na Vila da Barca, comunidade que fica adjacente ao Instituto, com fantasias que remetem a brincadeiras, das necessidades e dos sonhos de quem mora por ali.
ENREDO
Outro detalhe é que este ano, o enredo da Escola de Samba menciona e homenageia alguns dos trabalhadores que ajudaram a construir a história do Curro Velho ao longo desses anos de história. São pessoas que contribuíram com a qualificação artística e cultural de milhares de crianças e adolescentes que passaram pela Fundação e que geram conhecimento até nos dias de hoje. Sobre as fantasias, foi necessário uma equipe com 12 funcionários. “São pessoas que fizeram um excelente trabalho, com o colorido que representa toda a energia e as brincadeiras de uma criança. Tudo isso foi obra do figurinista Guilherme Repilla que já tem aí quase 40 anos de profissão e nos proporcionou muita beleza durante todo o trajeto”, completou Jorge.
INCLUSÃO
Este ano a Crias apresentou uma novidade, trata-se da primeira Pessoa com Deficiência a assumir a função de porta-bandeira em Belém. Quem assume esse posto é a dentista Débora Gomes Cardoso, 45, que faz o uso da cadeira de rodas há 12 anos. A estreia foi em grande estilo, com uma fantasia cheia de cores que a dificuldade foi o menor dos detalhes.
Quando a bateria deu os primeiros toques, Débora brilhou durante o cortejo. “O nome disse é ‘representatividade’. Um estímulo para que pessoas como eu possam mostrar que dá para se divertir, que é possível e que o carnaval abre as portas para todas as pessoas. Agora é só chegar ao final do desfile, mas adianto que já estou com a sensação de dever cumprido”, afirmou.
Como acontece todos os anos, a pequena escola de samba é formada por alas como as presentes nas grandes e tradicionais agremiações, além, claro, da bateria que reuniu aproximadamente 160 meninos e meninas. Para assumir um instrumento, as crianças passam pela preparação com as oficinas ministradas pelo Curro Velho, com práticas durante o calendário cultural.
“Eu sou cria das Crias”, alegou a professora Mayara Araújo,33. “E para seguir essa tradição em família, já que o meu esposo também faz parte do grupo, trouxemos o nosso filho e sobrinho, Renan Roberto e Roger Felipe [respectivamente], para desfilar e abrilhantar ainda mais esse momento. Minha filha também está aqui, na ala das passistas. Estamos muito felizes”, contou.
De acordo com os organizadores do evento, o cortejo visa mostrar ainda que o projeto é de cidadania, principalmente por incentivar as relações entre as crianças, o respeito e o trabalho coletivo. Outro ponto é despertar o engajamento pelas causas ambientais, conscientizando os participantes sobre a importância desse assunto, tanto que uma das marcas do bloco é trabalhar com materiais reutilizados.
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