“A constante alta no preço dos produtos, ainda é um reflexo da pandemia da Covid-19. A sensação é que nos últimos anos tudo encarece, tanto itens para alimentação quanto os agregados como remédios e produtos de limpeza e higiene”, comenta a pedagoga Maria Sodré, 42, enquanto observa os preços das mercadorias nas prateleiras do supermercado, localizado na avenida José Bonifácio, em Belém.
A observação feita pela pedagoga tem base. Segundo Everson Costa, técnico encarregado em pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA), a cesta básica do trabalhador paraense aumentou pouco mais de 27% nos últimos dois anos, e a pandemia do coronavírus ajudou a chegarmos neste cenário.
“O ano de 2022 foi de custos extremamente elevados, principalmente por conta da pandemia que fez com que a cadeia de produção de alimentos fosse afetada diretamente. Mas não apenas isso, os insumos fundamentais para a produção de alimentos agrícolas encareceram bastante por conta da guerra da Rússia, outra variável para a alta no preço dos combustíveis que reflete no valor do frete para que os produtos cheguem até a mesa dos paraenses que, por sua vez, pagam mais caro por conta dessa cadeia”, revela o técnico do Dieese Pará.
Ainda de acordo com Everson Costa, apenas os gastos com a alimentação básica já comprometem cerca de 57% da renda de quem ganha até um salário mínimo e, levando em conta que 52% da população do Estado vivem da remuneração mínima — quase 2 milhões de pessoas — o trabalhador tem sido fortemente afetado.
RENDA
“A renda dessas pessoas já é quase 60% comprometida apenas com a alimentação, sem contar com as despesas com aluguel, produtos de limpeza e higiene, remédios, que também estão mais caros. Importante lembrar que o salário mínimo não teve reajuste acima da inflação nos últimos anos, então, para driblar isso, aproveitar promoções, e fazer a boa e velha pesquisa sempre é bem-vinda para conseguir comprar e economizar”, completa.
Para abastecer a despensa da casa, o funcionário público Madson Costa, 64, realiza compras semanais. Ele destaca que para não faltar comida na mesa e ainda fazer aquela economia, tem que fazer a pesquisa de preços. “Está tudo caro mesmo, mas não costumo variar os produtos que já consumo. Para economizar um pouco, o segredo é pesquisar e comprar onde for mais em conta”, alega.
Outra consumidora que não abre mão dos produtos que consome é a aposentada Aurora Lima, 70. “Está difícil, a gente sente o aperto no bolso, mas não abro mão da carne e de outros alimentos. A gente tem que comer, não é? Então, o jeito mesmo é pesquisar e comprar onde é mais barato”, completa.
Para o ano de 2023, a expectativa é encontrar preços mais equilibrados. Do ponto de vista do setor de produção, os reajustes tendem a continuar, mas dessa vez bem menores. “A previsão, do ponto de vista de quem produz, é que este no as colheitas sejam maiores e a produção de proteínas também seja maior. Os reajustes também tendem a ser menores e, com o mercado de trabalho mais aquecido, com o salário mínimo reajustado acima da inflação e com o poder de compra do trabalhador ampliado, a expectativa é positiva”, opina o técnico do Dieese Pará, Everson Costa.
serviço.
CESTA BÁSICA EM BELÉM
l Dezembro de 2020:
R$ 500,89
l Dezembro de 2021:
R$ 556,87
l Dezembro de 2022:
R$ 639,44
ITENS QUE COMPÕEm UMA CESTA BÁSICA
l Carne - 1 quilo
l Leite - 1 litro
l Arroz - 1 quilo
l Feijão - 1 quilo
l Farinha - 1 quilo
l Tomate - 1 quilo
l Pão - 1 quilo
l Café - 1 quilo
l Açúcar - 1 quilo
l Óleo - 900 ml
l Manteiga - 1 quilo
l Banana - uma dúzia
Fonte: Dieese
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