Um caso suspeito do Mal da Vaca Louca, cientificamente conhecido como Encefalopatia Espongiforme Bovina, que já vem sendo investigado tanto pelo Ministério da Agricultura (Mapa), como pela Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará), foi registrado na Vila Cruzeiro do Sul, no município de Marabá, sudeste do Estado. A informação foi repassada no final da manhã de ontem por Carlos Xavier, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado (Faepa).
Xavier, que estava na área rural do município de Santa Bárbara do Pará no momento em que falou com o DIÁRIO, garantiu só ter tomado conhecimento do fato na última segunda-feira (20), e que caso a doença se confirme, “seria mais um caso atípico”, sem possibilidade para se alastrar pelo rebanho do Estado, hoje considerado o segundo maior do país, com cerca de 26,8 milhões de cabeças, atrás apenas do Estado do Mato Grosso, cujo rebanho alcança mais de 31 milhões de cabeças.
“O mundo fica sempre em cima do Pará e da Amazônia. O Ministério da Agricultura tem competência para poder conduzir e apurar o caso. Se houver confirmação, já sabemos como fazer. O que não pode é começar a se criar um clima de terrorismo e ficar alardeando notícias falsas para criar um pânico desnecessário no mercado”, critica.
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O presidente da federação lembra que o Mapa tem assento na sede da Organização Mundial de Saúde Animal, em Paris. “Essa é a entidade mundial que repassa todas as diretrizes e critérios a serem cumpridos em casos como esse. O Ministério da Agricultura possui excelência e tem em seus quadros técnicos extremamente competente e da melhor qualidade que vão saber tratar dessa questão.”
EXPORTAÇÃO
Além de ter o segundo maior rebanho do Brasil, o Pará exporta dois terços de toda a carne que produz. “Não podemos é criar pânico desnecessário. Caso contrário poderemos gerar uma crise econômica sem precedentes em nosso Estado e prejudicar um ramo que é responsável direto pelo desenvolvimento do nosso Estado”, aponta o pecuarista.
A confirmação de um novo caso de Vaca Louca no país pode ter repercussões para as exportações brasileiras, principalmente para a China, o maior comprador de carne bovina do Brasil. Os últimos casos da doença foram registrados no Brasil no ano de 2021, em Nova Canaã do Norte (MT) e em Belo Horizonte (MG). O país permaneceu sem enviar carne bovina à China entre setembro e dezembro daquele ano.
Somente análise laboratorial vai confirmar ou não o fato
Tanto o Mapa quanto a Adepará não divulgaram quando houve a notificação do caso suspeito da doença e tampouco em que cidade ocorreu. Segundo nota da agência divulgada ontem, de imediato fiscais agropecuários seguiram protocolo sanitário, coletando material biológico e encaminhando-o para análise, no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária. “Todas as medidas sanitárias preconizadas pelo Mapa estão sendo adotadas”.
O Ministério também já investiga o caso suspeito e afirma que “todas as medidas estão sendo adotadas pelos governos”, disse um comunicado divulgado pela pasta, e que “suspeita já foi submetida a análise laboratorial para a confirmação ou não e, a partir do resultado, serão aplicadas imediatamente as ações cabíveis.”
A Folha de São Paulo informou, na última segunda-feira (20), que autoridades ouvidas pelo jornal teriam informado que o animal, de cerca de oito anos, foi encontrado morto em um município no Pará e que o Ministério da Agricultura acompanha o caso desde o fim de semana.
O fato de ser um bovino mais velho gerou suspeitas de que possa ser um caso atípico de Vaca Louca, que pode ser gerado como efeito da velhice do animal. O tipo clássico da doença geralmente é causado por ração contaminada. Os casos atípicos costumam ser pontuais, mas podem igualmente causar restrições comerciais.
PROTOCOLO
ACORDO FIRMADO
- China e Brasil assinaram, em 2015, um protocolo que estabelece um auto embargo nas exportações ao país asiático quando uma nova ocorrência de Vaca Louca é identificada no Brasil.
- Quando as exportações são suspensas por esse motivo, o Ministério da Agricultura envia dados às autoridades chinesas para que a situação de risco seja analisada, e as vendas de carne, liberadas. O processo, no entanto, pode se arrastar por meses.
- A decisão da China de liberar a compra de carne bovina do Brasil após a análise dos dados mostrou, segundo a Agricultura, a “excelência dos controles sanitários oficiais brasileiros.”
- A contraprova para a verificação da suspeita é realizada no Canadá.
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