Reconhecendo o seu papel fundamental como agente de mudança deste cenário, a Vale criou ações para combater esses impactos de desigualdades. Em 2019, incluiu a diversidade e a inclusão como pilar estratégico central, consolidando e garantindo solidez com importantes iniciativas, principalmente em relação à igualdade de gênero.
Iniciativas celebradas por Maysllan, que reforça que dentre as ações da Vale voltadas para a diversidade estão a meta de aumentar o número de mulheres que tem conexão com um dos comportamentos chaves: escuta ativa e engajamento com a sociedade. Há ainda o Programa de Formação Profissional (PFP), que contratou muitas mulheres e pessoas com deficiência. E foi através desse programa que ela ingressou na Vale, em 2019.
“A Vale tem promovido várias ações em prol da equidade nos times. Tive o privilégio, em 2022, de poder contribuir com a nossa jornada de transformação e participar de um bate-papo sobre diversidade e inclusão com a vice-presidente de pessoas da empresa, Marina Quental. Também participei de todas de conversa com o tema LGBTQIA+ com os times de manutenção e operação da usina de Serra Norte, além de webinar interno do dia do Orgulho LGBTQIA+”, celebra ela.
Para Maysllan, a Vale tem um trabalho forte para alavancagem das ações que promovam diversidade, equidade e inclusão. No entanto, para ela, é muito importante quando o desdobramento da estratégia chega na base da operação para todos os públicos.
“Já evoluímos muito nesses temas, mas entendo que é uma jornada e ainda temos que avançar. Precisamos envolver ainda mais as lideranças nas pautas de diversidade e inclusão e fazer os desdobramentos na ponta, na base da nossa operação. E vejo como um dos principais desafios, assim como acontece na sociedade, o rompimento do racismo, da homofobia, do machismo e outras formas de preconceito”, reforça a Técnica de Planejamento e Programação da Vale.
Exemplos que transformam
Para Marcos Melo, presidente da ONG Olivia, a conscientização vem a partir de exemplos da realidade, ou seja, mostrando a o cotidiano vivido pela comunidade LGBTQIA+ dentro e fora das empresas.
“Quando você fala sobre direitos, mas não mostra que isso acontece dentro da empresa, é muito difícil. Eu acho que um dos caminhos é mostrar a realidade dentro do próprio ambiente de trabalho. ‘Olha, nós temos esses funcionários que passam por esse tipo de preconceito’, mostrando que aquilo acontece ao seu lado. O que você está fazendo para mudar essa realidade? Acho que é muito mais fácil, mais acessível para essas pessoas reconhecerem, porque quando a gente olha para uma realidade que é muito distante, parece que essa realidade só é distante. Mas, quando a gente traz para a realidade daquela pessoa e fala que aquilo acontece no cotidiano dela também, na rotina de trabalho dela, com um funcionário que está na mesma função, mas que não faz a mesma coisa por causa de certas situações, é muito mais fácil das pessoas enxergarem”, aponta.
O jornalista destaca ainda que “visibilizar as pessoas LGBTs dentro da empresa e garantir que se sintam confortáveis é aproximar as pessoas” e, consequentemente, criar uma cultura industrial, empresarial melhor, além de contribuir para o avanço da sociedade.
Viviane Ajub, gerente global de Diversidade, Equidade e Inclusão da Vale, concorda com o argumento de Marcos. Entre as prioridades da Vale estão elevar a conscientização na temática LGBTQIAP+ e reforçar o posicionamento de respeito à orientação sexual e identidade de gênero, independente de crenças e valores pessoais.
“A empresa atua para construir um ambiente de respeito, com zero tolerância a assédio, discriminação, preconceito e qualquer forma de violência. Temos buscado, cada vez mais, garantir práticas, políticas e processos inclusivos, com um time de recrutamento letrado e treinado para isso. Todos os programas de porta de entrada e recrutamento em geral levam em conta diferentes dimensões de diversidade, impulsionando a carreira de profissionais diversos em termos de gênero, raça, orientação sexual e região de origem”, garante ela.
Em 2021, a Vale instituiu o Sounding Panel, composto por executivos e consultores externos independentes, de diferentes países, especialistas em temas relacionados a questões raciais, de gênero, LGBTQIAP+ e pessoas com deficiência. O objetivo é justamente fomentar a discussão de tendências e tem éticas globais sobre inclusão e diversidade.
Dentre várias iniciativas, a empresa garante, por meio do plano de saúde, a cobertura da hormonioterapia para transição de gênero e de cirurgias do processo transexualizados para todos os empregados e dependentes trans da empresa no Brasil. Outro benefício é o auxílio-creche, também disponível para casais homoafetivos. As pessoas trans também podem usar seus nomes sociais em crachás, e-mails e outro espaço da empresa.
“A Vale também vem realizando campanhas internas e externas para ampliar o conhecimento a conscientização de todos sobre o tema LGBTQIA+. Em 2021, realizamos a 1ª Celebração Vale do Orgulho LGBTQIA+, um show virtual ao vivo, que contou com a participação de cantores brasileiros renomados, alta liderança da empresa e mais de 14.000 espectadores, entre empregados e familiares. Acreditamos que essas e outras iniciativas que temos realizado voltadas para inclusão e diversidade contribuem para promovermos um ambiente cada vez mais colaborativo, inovador e atrativo para novos talentos”, enfatiza ela.
O maior dos tesouros: avanços e direitos conquistados
Em entrevista exclusiva ao DOL, o presidente da ONG Olívia, Marcos Melo, comentou que o panorama sobre a comunidade LGBTQIA+ vinha sendo muito positivo até 2018. No entanto, com a mudança de governo federal, para ele, houve uma série de retrocessos.
“É muito importante a gente pontuar como que os últimos quatro anos foram difíceis para a população LGBTQIA+ porque os nossos direitos foram deixados de lado e as políticas públicas foram desmontadas. A gente teve coordenadorias que foram desmontadas, espaços que deixaram de efetivamente propor políticas, foram quatro anos muito difíceis e que agora a gente olha para um novo começo, para uma retomada de direitos”, celebra.
Em nível estadual, há políticas e ações sendo desenvolvidas para o enfrentamento da lgbtfobia e, claro, em busca de respeito e oportunidades para todes. Desafios estes que já estão na pauta da atual secretária Nacional de Promoção de Defesa das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, ativista, jornalista, paraense e a primeira travesti a ocupar o segundo escalão do Governo Federal.
Para Marcos Melo, o retorno da Secretaria Nacional LGBT é um grande passo em relação aos direitos da população LGBTQIA+ no Brasil. Para ele, a secretaria assume um compromisso negado nos últimos quatro anos do governo do então presidente de Jair Bolsonaro.
“Agora, a população LGBTQIA+ volta a estar no centro das discussões do Governo Federal. E com isso, a gente espera que as empresas também assumam um compromisso cada vez mais efetivo com os direitos dessa população. Que não sejam apenas dados, que não sejam apenas para cumprir metas de governança, mas que seja uma preocupação com a realidade, de entender que essa população muitas vezes não consegue um espaço no mercado de trabalho devido ao preconceito, mas que é fundamental que essa população esteja inserida para que tenha acesso à renda, à habitação, à alimentação, à educação, à saúde, e todos os direitos que muitas vezes são negados. Então, que a gente possa mudar essa realidade cada vez mais”, deseja o presidente da ONG Olívia.
Para o jornalista e presidente da ONG Olívia, Marcos Melo, o Governo Federal não só pode como deve ajudar as empresas a investirem em um ambiente cada vez mais confortável, sustentável, de respeito e de inclusão.
“É o papel do poder público garantir a efetivação dos direitos da população. Eu acredito que o Governo Federal hoje, já vem assumindo esse papel. Quando a gente coloca, recria, reconstrói um Ministério de Direitos Humanos, quando a gente cria um Ministério da Igualdade Racial, a gente mostra que o Governo Federal tem um compromisso com a efetivação de políticas públicas voltadas para essas populações que, historicamente, são excluídas, invisibilizadas. Então, o Governo Federal tem um papel fundamental e, principalmente de estabelecer diálogos com essas empresas, mostrar a importância disso, mostrar o como que isso tem total diferença nas experiências da própria empresa, porque falar de empregabilidade LGBT não é só de garantir emprego para garantir renda, mas é falar também da permanência desse funcionário dentro da empresa com qualidade, se sentindo confortável e, para além disso, que frutos pode trazer”, reforça ele.
Em meio ao caleidoscópio de lutas, conquistas e desafios, todos possuem sua responsabilidade: governos, sociedade civil, ONGs e empresas. Refletir sobre si e sobre o outro é cada vez mais importante em uma sociedade diversa e plural, em que o posicionamento não é apenas uma escolha, preferência ou condição, mas sim uma perspectiva de vida e um compromisso.
Para isso, cabe a cada um de nós ter empatia, respeitar e ajudar, passo a passo, de mãos dadas, a construir e reforçar uma sociedade mais inclusiva e com uma cultura empresarial mais ampla, diversa, como na mineração, em que novos tesouros podem estar lado a lado, trabalhando, construindo, gerando resultados e colaborando para um mundo menos cinza e, sim, mais colorido, diverso.
Veja o que diz o Business Partner de Diversidade & Inclusão da Hydro no Brasil:
Reportagem: Andressa Ferreira
Edição: Enderson Oliveira
Edição de vídeos e multimídia: Emerson Coe
Coordenação Sênior: Ronald Sales
Coordenação Executiva: Mauro Neto
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