A rotina é corrida, mas o projeto segue dando frutos e tendo uma parceria didática com várias escolas em Belém e região metropolitana. Mas calma, não estamos falando de projetos esportivos ou de dança, tratamos aqui sobre a robótica. É isso que 13 voluntárias entre os cursos de Engenharia Mecânica, Engenharia Biomédica, Engenharia da Computação, Elétrica, Bioprocessos, Telecomunicações e Licenciatura em Física, todos da Universidade Federal do Pará (UFPA), fazem e acabam gerando uma gama de conhecimentos e novas descobertas não só para si, mas também para a sociedade paraense na totalidade.
Com a percepção de que nos cursos de engenharia da instituição as mulheres tinham pouca voz, um grupo de estudantes criou, em 2018, o projeto IAÇA, que homenageia o principal fruto do Pará, o Açaí e tinha como premissa criar um ambiente acolhedor, incentivador e de desenvolvimento tecnológico, a fim de aumentar a representatividade feminina nas áreas de Ciências Exatas e Tecnologia, além ser suporte para discentes da área, criando uma rede de apoio para essas jovens cientistas.
Orientado pela professora Dr. Ana Paula Matos e coorientado pelas professorasDr. Isabela Miziara e professora Dr. Ana Carolina Siravenha, o grupo virou um projeto de extensão em 2019, desenvolvendo variadas atividades de ensino, extensão e pesquisa como por exemplo: escrita de artigos, minicursos, oficinas em escolas públicas e para discentes da UFPA, palestras educativas e, é claro, a construção de robôs.
Mas se engana quem pensa que as meninas produzem conteúdo só para si. Muito pelo contrário, uma de suas principais características é democratizar a ciência, sobretudo para mulheres que querem escolher a área, mas ficam com "um pé atrás" por ainda ser um ambiente considerado “masculino”.
Por este motivo, foi criado o projeto chamado Clube de Ciências, que atuou em três escolas públicas da grande Belém, mostrando para jovens alunas, que a mulher pode, sim, estudar engenharia e robótica. Conforme a líder geral do IAÇA, Naynara de Souza, a ação com as garotas, que tiveram a oportunidade de conhecer a maior universidade do estado, deu super certo!
“Durante o projeto, trouxemos essas alunas para o campus universitário, e apesar de ser o maior campus do Pará, muitas delas não conheciam. Na universidade desenvolvemos atividades de aulas e desafios e analisamos o desempenho de cada uma delas segundo as habilidades que eram almejadas a se desenvolver, como: pensamento lógico, tomada de decisão, trabalho em equipe. Ao final elas desenvolveram em equipes projetos como dispensador de álcool em gel, relógio digital, semáforo interativo e alarme de segurança”, explicou.
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Por fim, as alunas das escolas Augusto Meira, Celso Malcher, Visconde De souza franco (todas públicas) ainda tiveram uma grande surpresa: “após o término do projeto, as alunas tiveram uma cerimônia de formatura a exemplo uma solenidade de graduação em que essas alunas foram certificadas por uma mesa solene composta por professoras doutoras de cursos de engenharia da UFPA”, continuou.
A estudante de Engenharia Biomédica ainda enfatizou a ação citada acima como a maior conquista do grupo até hoje, pois promoveu uma certa mudança social, tão importante nos dias atuais.
“A maior realização do IAÇA foi o Clube de Ciências, pois foi por meio deste projeto que conseguimos promover mudanças sociais. Durante a ação, foi possível mostrar para essas pessoas de escolas públicas que sim, elas são capazes e sim, é possível fazer um curso superior, mesmo com a realidade dizendo o oposto para elas. Muitas ali, não tinham pais, mães e nem mesmo parentes que tivessem cursado o ensino superior, e elas puderam estar vivenciando isso durante o período delas no Clube de Ciências”, finalizou.
Com o Clube de Ciências, as meninas conseguiram participar do projeto Ciência na Ilha, que levou estudantes do ensino médio para apresentarem artigos nas ilhas ao redor da cidade. Além disso, o Inclusão de Idosos no Meio Digital, em parceria com programa de extensão da UFPA para a Pessoa Idosa, Uniterci, levou ao público práticas de informática e a preparação para não cair em golpes tão comuns nesta fase da vida.
AINDA FALTA ESPAÇO
Uma pesquisa realizada em 2018 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apontou que, embora o número de mulheres em áreas de exatas tenha aumentado nos últimos anos, elas ainda são minoria nesses campos. Segundo o estudo, apenas 20% dos formandos em cursos de engenharia e arquitetura no Brasil são mulheres. Já nos cursos de matemática, física e estatística, a participação feminina é ainda menor, representando apenas cerca de 15% dos formandos.
Outro estudo, mais recente, divulgado em 2020 pela organização social Todos pela Educação, mostrou que a presença de mulheres nas áreas de exatas ainda é muito baixa, mesmo com os avanços nos últimos anos. Segundo a pesquisa, apenas 14,5% das mulheres com idade entre 19 e 25 anos que se formaram em 2018 optaram por cursos de exatas, enquanto os homens representaram 33,5% dos formandos nessas áreas.
Para que essa quebra de preconceitos possa acontecer, a coorientadora do projeto enumerou 5 ferramentas usadas para tornar isso possível:
1 - Incentivar a participação de meninas em atividades STEM desde cedo: "É importante que meninas sejam encorajadas a explorar e experimentar com ciência, tecnologia, engenharia e matemática desde a infância. Um projeto pode criar atividades e eventos para que meninas tenham oportunidade de se envolver com essas áreas e se inspirarem em mulheres bem sucedidas em áreas de exatas."
2- Desmistificar estereótipos: "Muitas meninas e mulheres evitam áreas de exatas por causa de estereótipos que dizem que essas áreas são "para homens". Um projeto pode trabalhar para desmistificar esses estereótipos e mostrar que mulheres podem ter sucesso e serem bem-sucedidas nessas áreas."
3- Oferecer mentorias e apoio: "Ter um mentor pode ser muito importante para uma jovem que está interessada em seguir carreira em exatas. Um projeto pode criar programas de mentoria onde mulheres com experiência em áreas de exatas possam oferecer conselhos e orientações para jovens mulheres."
4- Promover a diversidade: "É importante que mulheres de diferentes origens e contextos se sintam bem-vindas em áreas de exatas. Um projeto pode trabalhar para promover a diversidade em suas atividades e eventos, buscando envolver mulheres de diferentes raças, classes sociais e orientações sexuais."
5- Oferecer suporte para as mulheres já envolvidas em exatas: "Muitas mulheres desistem de carreiras em áreas de exatas por causa de preconceitos ou falta de suporte. Um projeto pode oferecer suporte para mulheres já envolvidas nessas áreas, oferecendo programas de treinamento, networking e aconselhamento."
Por fim ela completa: "Se desmistifica, por exemplo, com a apresentação de exemplos inspiradores, em atividades práticas que aproxime as participantes desde antes de entrar na universidade (com palestras em escolas)."
PROJETOS FUTUROS
Para 2023, o IAÇA projeta a realização de vários programas em prol da comunidade, bem como a realização e participação de competições robóticas que acontecem no Brasil.
“Diversos tipos de oficinas, minicursos envolvendo a robótica no geral para escolas públicas e até mesmo para os discentes da própria UFPA”, projeta Ana Monica, líder de Mecânica.
LÍDERES DE 2023
Orientadoras: Ana Paula Mattos
Coorientadora: Ana Carolina Siravenha e Isabela Miziara
Lider geral: Naynara de Souza
Vice líder geral: Julyane Nunes
Lider de projetos: Fayga Souza
Lider de Programação: Dailneide Costa
Lider de mecânica: Ana Monica Cardoso
Marketing: Feliciane Barbosa
Financeiro: Nicole Hartery
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