A cesta básica consumida pelos paraenses voltou a ficar mais cara no mês passado. De acordo com um levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/Pará) o preço médio foi calculado em R$ 670,00, comprometendo mais da metade do salário mínimo vigente. Contudo, alguns alimentos apresentaram recuos de preços, entres eles a carne bovina.
A pesquisa efetuada pelo Dieese apontou que, no mês de maio, os cortes de carne (coxão mole/chã, cabeça de lombo e paulista), comercializados em feiras livres, mercados, açougues e supermercados da capital, apresentaram recuos nos preços. A carne bovina também sofreu redução nos preços nos cinco primeiros meses deste ano e nos últimos 12 meses, entre maio de 2022 a maio de 2023.
Nos últimos 12 meses, a trajetória dos preços médios da carne bovina foi a seguinte: em maio do ano passado, o quilo do produto foi comercializado em média a R$ 39,93 e encerrou o ano custando em média a R$ 39,15. Em janeiro deste ano a proteína apresentou mais uma redução, sendo vendida em média a R$ 38,36. Já em abril o produto reduziu para R$ 38,61 e no mês passado foi comercializado em média a R$ 38,19, o que representa uma queda de 1,09% em relação ao mês anterior.
De forma geral, Everson Costa, supervisor técnico do Dieese-PA, explicou que o custo dos alimentos elevou muito do ano passado para cá devido aos impactos da pandemia e reflexos no custo de produção. “O campo viu que os insumos subiram muito, o custo do frete puxado pelos combustíveis. Ou seja, além do contexto internacional em função dos conflitos externos, tudo isso fez com que a produção de alimentos no Brasil e no mundo fosse afetada. Um dos grandes reflexos disso foi justamente a elevação de preços”, disse.
REAJUSTES
Segundo o especialista, no caso da carne bovina o que mais chamou atenção foi a sequência de reajustes. “Foi tão forte que em dado momento a carne comercializada não só no Pará, que é um grande produtor, mas no país inteiro ficou inacessível principalmente para os assalariados. Chegamos a ter momentos em que um quilo de filé, por exemplo, chegou a custar muito próximo de R$ 100”, lembra.
A redução nos preços demonstra um cenário de equilíbrio relacionado aos custos de produção e, se permanecer desta forma, podem ocorrer novos recuos nos preços, conforme ressaltou Everson. “A gente está num cenário de aumento dessa própria produção. Quando você tem o custo de produção com reajustes menores, em menor tempo, existe a condição de devolver isso para o mercado um pouco mais equilibrado. Essa queda é uma tendência que vem sendo observada. Até o final do primeiro semestre é possível novas oscilações. E, se o cenário ainda for favorável tanto para a produção quanto para a venda e custos, o paraense pode esperar, quem sabe, novos recuos”, informa.
AÇOUGUES
De janeiro a maio deste ano, o recuo foi de 2,45%. E nos últimos 12 meses alcançou uma diminuição de 4,36%. Proprietário de um açougue localizado na Feira Bandeira Branca, no bairro do Marco, Aureliano Hernandez, 67, que atua há mais de 40 anos no local, disse que os cortes baixaram de preço desde maio.
“Abaixou mais do que a gente esperava e parece que quando abaixa as pessoas não compram. Chã, patinho e até a alcatra que era mais cara teve redução. Todas as carnes reduziram, devagar. Antes de maio, a alcatra custava R$ 45 e agora está variando entre R$ 42 e R$ 40. O filé era R$ 65 e está R$ 55. A chã era R$ 39 e está R$ 36. É carne de qualidade aqui, especial. Os clientes têm que aproveitar”, declara.
PROMOÇÃO
Já um açougue situado ao lado da feira da Pedreira aposta na propaganda com um animador na porta para atrair a atenção da clientela, além de preços promocionais. “A gente reduziu aqui 6% (o preço da carne), desde maio. A alcatra estava R$ 42 e hoje está R$ 38. Picanha estava R$ 65 e foi para R$ 55. O filé estava R$ 60 e agora está R$ 50. Graças a Deus, a gente tem um público muito bom porque quando você trabalha com sinceridade e honestidade, você cativa o seu cliente”, garante o gerente do estabelecimento Gerson Pinto, 43.
Além de consumir carne em casa quase todos os dias, a autônoma Mara Dalila, 39, também trabalha, juntamente com o esposo, com a venda de lanches. Segundo ela, os recuos nos valores impactaram positivamente na despesa da família. “Reduziu bastante. Compro lagarto, costela, peito. Estavam elevadas, mas agora estão num valor bem interior. Como a gente tem carro de lanche, de carne, estava dando em média um valor de quase R$ 300 por dia. Agora ele está comprando a carne por pouco mais de R$ 100”, afirma.
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