A tecnologia envolvida na fabricação e no funcionamento de uma simples lâmpada pode significar a adoção de uma forma mais sustentável de iluminação ambiente. Presentes em diferentes dispositivos e nos bocais das casas de muitas famílias, as lâmpadas de LED apresentam maior eficiência ao converter a energia elétrica em luz.
O Engenheiro Eletricista do Instituto Federal do Pará (IFPA), Jair Silva de Souza, explica que o que diferencia as lâmpadas de LED das demais é, principalmente, o seu princípio de funcionamento. Ele explica que as lâmpadas de LED funcionam baseadas no fenômeno da eletroluminescência, que ocorre quando uma corrente elétrica passa por determinados materiais.
“No caso da lâmpada fluorescente, a corrente elétrica passa por um gás e emite luz invisível, e que é absorvido por um pó (branco que dá a cor que vemos), e este por sua vez brilha em luz visível”, explica. “No caso das lâmpadas incandescentes (as amarelas), se passa uma corrente elétrica por um filamento de metal, até que este brilhe emitindo luz. As lâmpadas de LED também funcionam com a passagem de corrente elétrica e emitem luz, porém, a luz emitida não é por causa da alta temperatura, mas sim pelo fenômeno da eletroluminescência”.
Jair explica que a lâmpada de LED é a única que converte mais diretamente a energia elétrica em luz, já que na lâmpada fluorescente existem etapas intermediárias até a produção da luz em si.
“A incandescente também, nela há o aquecimento de um metal, que emite uma grande quantidade de calor até chegar ao ponto de emitir luz, e mesmo emitindo luz não deixa de emitir muito calor. Além do mais, todo este calor aquece o ambiente, e para ambientes refrigerados, acaba por aumentar a demanda energética também por parte do sistema de refrigeração do ambiente”, relaciona, ao explicar por que a maior eficiência das lâmpadas de LED está relacionada ao menor consumo energético.
“Somos acostumados a especificar uma lâmpada pela potência em watts [W], mas essa é a potência de entrada de energia elétrica, já o que define o quanto de luz sai são os Lúmens [L]. Sendo assim, a eficiência de uma lâmpada é medida pela relação entre entrada e saída, ou seja, Lúmens por watts”.
Numericamente falando, o engenheiro explica que uma lâmpada de LED tem por volta de 100 L/W, enquanto uma fluorescente tem 60 L/W e uma incandescente 20 L/W. Logo, se percebe uma maior eficiência da LED em relação às demais e, ainda, uma maior durabilidade, na medida em que o LED possui uma vida útil de 50 mil horas, enquanto uma lâmpada fluorescente fica na casa das 6 mil horas.
“Além do mais, a maior eficiência também diminui o consumo de energia elétrica, que muitas vezes é gerada a partir de fontes não renováveis”, considera.
“A influência do consumo de energia elétrica por parte da iluminação é tanta, que era uma justificativa para a existência do horário de verão, visto que com ele se aproveitava melhor a luz do sol. Com a diminuição da demanda energética dessa categoria devido às lâmpadas mais eficientes, a necessidade do horário de verão caiu e ele foi extinto recentemente”.
EVOLUÇÃO
No que se refere ao processo de evolução das lâmpadas elétricas, a diretora da Faculdade de Engenharias Elétrica e Biomédica da Universidade Federal do Pará (UFPA), professora Carminda Carvalho, esclarece que é possível dividi-lo em três estágios.
“O primeiro é representado pela lâmpada incandescente, que continua utilizando até os dias de hoje o mesmo tipo de tecnologia para a produção do fluxo luminoso, ou seja, um filamento de tungstênio aquecido até a incandescência. O segundo estágio, iniciado na década de 30, é representado pelas lâmpadas fluorescentes, as quais produzem o fluxo luminoso a partir da emissão de fótons de luz produzidos pelo choque de elétrons com uma mistura de gases. O terceiro estágio iniciou na década de 60, com a utilização de componentes eletrônicos semicondutores, os quais produzem o fluxo luminoso devido ao movimento de elétrons dentro de um material semicondutor. Esse sistema é chamado de iluminação de estado sólido e utiliza diodos emissores de luz ou LED”.
Nesse sentido, ela reforça que o que torna o LED mais competitivo no mercado é justamente o fato de ele produzir o mesmo efeito luminoso, ou até maior, que as lâmpadas de potência semelhante, consumindo menos energia. É neste aspecto que se configura a maior eficiência energética apresentada pelo LED. “A iluminação a LED possui inúmeras vantagens que vêm popularizando a sua utilização, pois trazem benefícios financeiros aos usuários, além de benefícios ao meio ambiente pela diminuição do desperdício de energia.
“Essas características do LED trazem benefícios ao meio ambiente, uma vez que o menor consumo de energia reduz a necessidade de construção de usinas geradoras para atender o aumento da demanda. Outro impacto positivo do LED é em relação ao descarte, que não precisa de cuidados especiais como ocorre com as lâmpadas de descarga. Essas últimas possuem elementos químicos como o mercúrio, que pode contaminar o meio ambiente caso as lâmpadas sejam descartadas sem os cuidados necessários”.
PARA ENTENDER VANTAGENS
Entre as vantagens da iluminação LED, a diretora da Faculdade de Engenharias Elétrica e Biomédica da Universidade Federal do Pará (UFPA), Carminda Carvalho, destaca:
l A maior vida útil e baixa manutenção;
l O baixo consumo de energia e a elevada eficiência luminosa;
l O fato de não emitir luz ultravioleta e luz infravermelha, que são características dos outros tipos de sistemas de iluminação e podem provocar queimaduras e aquecer o ambiente.
Meta pretende retirar lâmpadas fluorescentes do mercado brasileiro até 2025
A presença de mercúrio nas lâmpadas fluorescentes gera uma grande preocupação com os impactos ambientais causados pelo descarte desse tipo de tecnologia que, pouco a pouco, vem sendo substituída pela das lâmpadas de LED, mais eficientes e sustentáveis. Não à toa, durante a quarta reunião da Conferência das Partes da Convenção de Minamata sobre Mercúrio (COP-4), realizada em 2022 pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil assumiu o compromisso de retirar todas as lâmpadas fluorescentes do mercado até 2025.
Além do Brasil, outros 136 governos concordaram em buscar medidas para eliminar gradualmente as lâmpadas fluorescentes compactas, acelerando a transição para a iluminação LED, não tóxica ao meio ambiente por não conter metais pesados. Presente nas lâmpadas fluorescentes, o mercúrio é um metal altamente tóxico, listado pela Organização Mundial de Saúde entre os 10 produtos químicos que geram maior preocupação para a saúde pública.
De acordo com a ONG internacional CLASP, que atua colaborativamente para mitigar as mudanças climáticas e expandir o acesso à energia limpa, a aceleração do processo de transição para uma iluminação centrada na tecnologia LED pode evitar a geração de 26,2 toneladas métricas de poluição por mercúrio e 261,5 milhões de toneladas métricas de emissões de CO₂ de 2025 a 2050, em todo o mundo.
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