De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), enquanto a média nacional do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) foi de -0,08% em junho, o Pará registrou uma queda ainda maior, de -0,09%, o segundo melhor resultado dentre as capitais do Norte que foram incluídas na pesquisa, o que significa a chamada “deflação”. O recuo dos preços de itens da alimentação básica, que por sua vez têm a ver com a redução do valor dos combustíveis, podem ajudar a entender esse bom resultado.
De acordo com o supervisor técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA), Everson Costa, ainda na comparação com o cenário nacional, a inflação acumulada do ano para Belém ficou em 2,60%, também menor que a média nacional de 2,87%; e nos últimos 12 meses, a capital ficou registrou uma inflação de 3,13%, enquanto que o índice nacional ficou em 3,16%.
“Isso de fato mostra que a inflação vem acumulando reduções, o que vai abrindo espaço no poder de compra dos paraenses. E quando se tem mais espaço no poder de compra, essa pequena folga no orçamento é direcionada para a aquisição de alimentos. Isso tanto é verdade que a cesta básica dos paraenses apresentou recuo tanto em junho como em maio: mês passado a queda no valor da cesta básica foi de quase 1,5%, com destaque para óleo de soja e feijão, com redução até acima de 10%”, detalha.
Para além da cesta básica, entra nessa conta de diminuição o açaí, que não faz parte oficialmente da cesta básica, mas está dentro do campo de alimentação e da rotina do paraense, que também ficou mais barato. “A gente saiu da entressafra e veio aqui para um período de maio e fechamento do primeiro semestre com preços mais em conta”, confirma Everson. O pescado também apresentou redução de preços.
Porém, “nem tudo são flores”, nas palavras do próprio supervisor técnico do Dieese/PA. “Mesmo com alimentação em queda, puxada pelo recuo dos preços dos combustíveis, é preciso lembrar que fora do aspecto da alimentação, outros gastos ainda pesam na conta: remédios seguem com custo elevado, o reajuste autorizado foi de quase 10%, para além da sequência de aumentos e ajustes, e o mesmo vale para planos de saúde também. Gastos com educação desde o começo do ano têm pesando bastante. Outros gastos do dia a dia ainda continuam altos”, destaca.
SEMESTRE
Mesmo com os recuos consecutivos no valor de determinados itens da alimentação, a cesta básica fechou o primeiro semestre com alta acima da inflação no Pará. Enquanto o IPCA foi 2,87% (média), a alta da cesta por aqui foi de 3,20%. Nos últimos 12 meses, a alimentação paraense foi a que mais subiu de preço nos locais onde Dieese fez as pesquisas: nacional foi de 3,16% e paraense 4,37%, o maior reajuste acumulado entre as capitais pesquisadas.
“A gente espera que no segundo semestre os alimentos possam continuar apresentando recuo, até porque custo de produção, frete e custo de insumos diminuíram, e quem sabe até com resultados melhores. Porém, o segundo semestre abre com estimativas de reajuste de 18% da energia elétrica, um dos insumos principais de formação de preços”, alerta Everson Costa. “Também por isso a torcida é para que demais gastos também apresentem recuo”, finaliza.
"Isso de fato mostra que a inflação vem acumulando reduções, o que vai abrindo espaço no poder de compra dos paraenses. E quando se tem mais espaço no poder de compra, essa pequena folga no orçamento é direcionada para a aquisição de alimentos”. Everson Costa, Dieese.
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