Nativo da região amazônica, o açaí é um fruto oriundo da palmeira (Euterpe oleácea Mart) e seu fruto é muito consumido pelas famílias principalmente da região Norte do Brasil. O fruto apresentando também valor social, cultural e nutricional, além de potencial de comercialização regional e internacional.
A exploração do açaí, por mais que seja benéfica e geradora de renda e emprego, tem uma potencialidade nociva, cujo aumento da produção/exploração gera maior acúmulo de resíduos sólidos e orgânicos, que neste caso é o caroço de açaí, são muitas vezes não utilizados e descartados de forma irregular no meio-ambiente.
Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), em parceria com as Universidades Rural da Amazônia (FRA), Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e a Universidade do Estado do Amazonas (UE-MA) decidiam investir em uma pesquisa que pode fazer o aproveitamento desses resíduos de caroços de açaí (Euterpe oleácea Mart e tucumã (Astrocaryum Aculeatum) em biocombustíveis.
O projeto, desenvolvido pelos pesquisadores Nélio Teixeira Machado, da Fundação Amazônia de Amparo a Pesquisas e Estudos (UFPA- FAPESPA), José Geraldo de Andrade Pacheco Filho, da Fundação de Amparo a Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (FACEPE) e Sérgio Duvoisin Jr, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas(FAPEAM) ,visa buscar projetos de sustentabilidade desses caroços nos Estados do Pará e Amazonas, com foco principal na produção de bio-óleos, compostos ativos, gasolina, querosene, diesel verde, bio-carvão e ligamentos para asfalto.
O projeto busca transformar os resíduos em outros produtos através da tecnologia de pirólise, isto é, o aquecimento de sementes e cascas em atmosfera deficiente em oxigênio, modificando a estrutura química destes materiais e produzindo três produtos: carvão, bio-óleo (aquoso e orgânico) e gás combustível.
Para a produção de energia, esta tecnologia já é comumente utilizado na produção de carvão vegetal. Entretanto, novas possibilidades estão sendo levantadas na aplicação destes produtos, como a utilização dos carvões (após tratamento prévio ou posterior à etapa de pirólise) como adsorvente aplicado ao tratamento de água na remoção de componentes tóxicos e/ou metais.
A presença de compostos bioativos no bio-óleo também é uma alternativa interessante para viabilizar o comércio e utilização do mesmo (produzido na ordem de 5 a 10% em peso do material original). O bio-óleo, que também pode ser utilizado para geração de energia, pode ser utilizado como repelente e fungicida na agricultura, mostrando a presença de compostos bioativos que poderiam ser isolados e testados em outras aplicações.
Os resultados se apresentaram como promissores, uma vez que foi possível dobrar a quantidade de bio-óleo produzido, com menores valores de acidez e viscosidade cinemática. Uma outra forma de melhoria da qualidade deste combustível líquido refere-se à utilização de catalisadores (substâncias que aceleram ou facilitam certas reações químicas a ocorrerem) que possam acelerar reações de desoxigenação dos compostos presentes no bio-óleo e transformá-los em hidrocarbonetos, componentes usuais dos combustíveis fósseis a base de petróleo. Com uma qualidade melhor do bio-óleo é possível destilá-lo (assim como o petróleo) em frações voláteis correspondentes aos combustíveis normalmente utilizados como gasolina, querosene e diesel.
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