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SUSTENTABILIDADE

Empreendedoras criam sabão a partir do óleo de cozinha

Um litro de óleo tem potencial para poluir 25 mil de litros de água; O óleo vegetal também causa prejuízos nas redes de coleta de esgoto nas cidades do País, ficando retido em forma de gordura nos canos, atraindo pragas e gerando doenças.

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Imagem ilustrativa da notícia Empreendedoras criam sabão a partir do óleo de cozinha camera Divulgação

O descarte inadequado do óleo vegetal, usado para cozinhar, tem provocado prejuízos enormes para o meio ambiente e nas redes de coleta de esgoto nas cidades do País. Para ter uma ideia, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (ABIOVE), um litro de óleo de cozinha usado tem potencial para poluir 25 mil de litros de água. Pensando em trazer uma solução e ao mesmo tempo empreender, Silviane Pereira da Silva, 26 anos, e Wellingta Luana Souza Morais, 33 anos, desenvolveram, em Altamira, no Pará, um sabão sustentável feito do óleo descartado. Desde março, o projeto delas conseguiu evitar que 350 litros de óleo pudessem contaminar, portanto, 8.750 milhões de litros de água dos rios da região.

O projeto das duas vem sendo desenvolvido na estrutura do programa Belo Monte Empreende, iniciativa da Norte Energia, concessionária da usina Belo Monte, em parceria com o Centro de Empreendedorismo da Amazônia (CEA). O programa tem como objetivo capacitar os futuros empreendedores e oferecer suporte financeiro para alavancarem seus negócios. Atualmente, 19 projetos sustentáveis estão recebendo o suporte.

Silviane e Wellingta seguem tentando sensibilizar a população de Altamira, onde vivem para trocarem o hábito de jogar o óleo na pia ou no tanque pelo descarte correto, armazenando em potes. Elas fazem o recolhimento dos recipientes e estão transformando aquilo que polui em algo que limpa. O Bolhas do Xingu é um sabão sustentável, que usa óleo de cozinha como matéria-prima, evitando, portanto, que esse óleo contamine o solo, cause entupimento nas redes de esgoto da região e vá parar no leito dos rios, causando, entre outros danos, a mortandade de peixes. De acordo com dados da ABIOVE, o consumo anual do produto no País ultrapassa a casa dos 3 bilhões de litros.

Ao descartar o óleo vegetal pela pia, por exemplo, ele passa pelos canos da rede de esgoto e fica retido em forma de gordura, atraindo pragas e gerando doenças. Mas se depender do Bolhas do Xingu, ao menos, em Altamira, esse tipo de impacto negativo terá redução.

“Identificamos que o descarte correto do óleo de cozinha era um problema e vimos nisso o primeiro passo para buscar a nossa independência financeira e contribuir para a preservação do meio ambiente. A partir do aprendizado no Belo Monte Empreende, conseguimos elaborar uma estrutura para recolher pela vizinhança esse óleo, que é a nossa matéria prima, e transformá-lo em sabão líquido e em barras. Desde março, já conseguirmos recolher 350 livros de óleo”, comemorou Silviane.

Depois de recolhido, Silviane e Wellingta iniciam a transformação do óleo. O produto recebe soda, essências aromáticas, álcool e outros ingredientes até chegar no ponto do sabão líquido ou no ponto do sabão em barras. Para cada litro de óleo, elas conseguem produzir até 60 litros de sabão líquido, adequado para limpeza pesada. Já para o sabão em barra, 5 litros de óleo, rendem entre 5 e 7 kg de sabão.

“Além do recolhimento que fazemos, também estão nos procurando alguns moradores dos bairros da região, que já conhecem o nosso projeto, e nos entregam, de forma colaborativa, o óleo usado”, relata Wellingta, ao explicar que a cada dia chegam mais doações. Em contrapartida e para continuar incentivando as novas contribuições, cada pessoa que colabora, recebe parte do sabão produzido de graça ou a baixo custo, saindo o litro do sabão líquido entre R$ 6,00 a R$ 5,00 e a barra com 300 gramas entre R$ 3,00 e R$ 2,40, dependendo da parceria de troca.

Empreendedorismo

O Programa Belo Monte Empreende, que inspirou Silviane e Wellingta e outros jovens da região do Xingu, ajudou a desenvolver 38 ideias de negócios sustentáveis, visando o fortalecimento de oito cadeias produtivas: gastronomia, manejo sustentável, cacau, soluções urbanas, soluções digitais, expressões culturais, moda sustentável e turismo. O programa tem como objetivo formar uma nova geração de empreendedores na região.

Todos os participantes tiveram a oportunidade de apresentar suas ideias na Feira de Negócios Sustentáveis, em Altamira. “O Programa Belo Monte Empreende abriu uma porta para a gente. Nos deu um novo norte, uma nova visão do que é empreendedorismo, porque, em princípio, a gente não tinha nenhuma noção. Eles nos deram toda essa visão, mostraram que a gente era capaz”, conta Silviane.

O projeto também se diferencia de outros por valorizar a territorialidade e a parceria no contexto da economia criativa, aprendizados que os participantes assimilaram e estão colocando em prática ao longo das etapas. Atualmente o Belo Monde Empreende está na etapa de aceleração, a nona do programa, e pretende investir no potencial dos promissores negócios. Foram selecionados 19 projetos sustentáveis. Para saber mais sobre os projetos selecionados acesse www.bmempreende.norteenergiasa.com.br.

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