"Podemos completar todas as outras ações. Podemos fazer tudo bem feito. Mas sem proteger a Amazônia, não vamos conseguir alcançar nenhuma meta alcançada para a mudança climática até 2030". Essa foi a análise dura e exigente de Iván Duque Márquez, ex-presidente da Colômbia, durante palestra no terceiro e último dia da Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, que ocorre em Belém desde a quarta-feira (30).
Iván realizou a última palestra Magna do evento, que discute a necessidade do desenvolvimento de novos modelos econômicos sustentáveis para a a região como forma de barrar a crise climática e a preservação do bioma da região. O evento contou ainda com a participação de nomes como Tony Blair, ex-primeiro ministro da Grã-Betanha, Ban Ki-Moon, 8° secretário-geral da ONU, e diversas outras autoridades, como o governador do Pará, Helder Barbalho, e o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Raul Jungmann.
Em sua fala, o ex-presidente colombiano ressaltou grandeza da importância da região. "O tamanho do bioma Amazônia precisa ser considerado. São 7 milhões de km², quase o mesmo tamanho dos Estados Unidos, da Austrália. Isso mostra a dificuldade de implementar ações na região, pelo tamanho e pela multiplicidade de ações. Quando se vê um incêndio na Amazônia, o mundo pergunta 'por que não se apaga?'. Não fica clara a dimensão desse bioma, de que são 400 incêndios simultâneos em oito nações", afirmou Iván. "Se a Amazônia fosse um país, seria o maior da América Latina e Caribe, o segundo maior do hemisfério, com 50 milhões de habitantes. Se só a parte brasileira fosse um país, ainda seria o segundo maior do hemisfério".
"É necessário entender a importância geopolítica da Amazônia. O bioma é o principal tesouro de biodiversidade do mundo, mais de 20% das espécies da flora do mundo são encontradas aqui, além de uma diversidade de anfíbios, répteis e outros animais. É um regulador natural dos ecossistemas, de diversos ecossistemas do hemisfério, que dependem da forma que se protege a Amazônia", continuou o ex-presidente colombiano.
"Quando a gente pensa em rios, pensamos que são importantes para o ciclo natural, para a irrigação. Mas o Amazonas vai além, tem uma condição única. A cada hora, ele descarrega a mesma quantidade consumida anualmente por 7 bilhões de pessoas. O sustento de diversas nações, inclusive todo o fornecimento de água potável da capital do meu país, Bogotá, depende desse ecossistema. Essa proteção natural, portanto, é essencial".
"Se a taxa de desmatamento continuar na Amazônia, é possível que ela deixe de ser uma barreira contra a mudança climática e vire um emissor líquido. Para alcançar as metas globais, é imprescindível o desmatamento zero. A Amazônia é fundamental para contenção da crise climática. Sem ela, quantas COP's tivermos, sem uma nova economia para o bioma amazônico, não terá sucesso. Se quer salvar a Amazônia, o país determinante, por causa do seu tamanho, é o Brasil, com 60% do bioma. O Brasil é determinante para a estabilização do clima. Isso requer o que? Deixar o pensamento convencional e dar saltos sem precedentes. Deixar os debates idealizados e polarizantes. Conservar Amazônia não é esquerda ou direita, é uma necessidade moral".
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