A discussão sobre a Marca Amazônia não fica restrita aos muros da academia. Pelo contrário, ela está bem mais presente no mercado, seja ele publicitário, comunicacional como um todo ou ainda relacionado ao turismo.
Para Édipo De Queiroz Santiago, mestre em Comunicação pela UFPA e sócio-diretor de estratégia Yakir Consulting, é fundamental ter atenção aos processos de percepção da Amazônia que a própria população tem sobre a floresta e sua “marca”.
Bioeconomia: a chave para manter desenvolvimento sustentável
“Escutei um relato muito genuíno de uma empreendedora que vende frango caipira em Paragominas que fala muito sobre a mudança de percepção e de autoestima do amazônida. Ela disse: ‘hoje as pessoas da cidade dão valor em coisas nossas, antes não eram assim’. Essa ascensão da valorização de produtos orgânicos, dos produtos naturais fala muito da redução da desigualdade dos fluxos de comunicação e aprendizados proporcionados pela chegada da internet. Então, temos um trunfo gigante na medida em que seremos palco do mundo. São os nossos produtos que estarão nesta vitrine”, apontou Édipo.
A agência Yakir é um dos empreendimentos regionais que trabalha com empreendedores locais e possui uma série de serviços que completam as necessidades dos produtores.
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Felizmente, estamos em processo em que empreendedores da floresta estão ganhando destaque com seus produtos, que são originários da terra. Durante a Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias muito se falou sobre a importância do investimento na economia verde, que tem um foco em uma produção sustentável.
Produtos regionais se destacam na Conferência internacional
Belém tem recebido inúmeros eventos que discutem o desenvolvimento sustentável e as questões climáticas Édipo destaca que é preciso que todos entendam que existem várias Amazônias, e não apenas uma.
“Nosso cuidado deve ser garantir que essa multiplicidade territorial e humana exista e resista. Há a Amazônia urbana metropolitana, a das populações tradicionais, a dos povos originários e existe a Amazônia do interior de pequenas e médias cidades. Portanto, a marca Amazônia possui uma multiplicidade de significados, mas que estão reunidos sob temas como preservação, riqueza biodiversa e garantia da existência do futuro”, ressalta.
Outro ponto importante, segundo Édipo, é o conhecimento sobre os serviços e produtos locais, além de “defender o seu local de mercado, o seu espaço na prateleira e produzir uma cadeia produtiva”.
Isto é cada vez mais necessário, afinal, em 2025, Belém receberá a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climática (COP 30) e diversos empreendedores podem apresentar melhor seus produtos e fortalecer sua marca, associando a Amazônia.
Segundo o professor Otacílio Amaral, autor do livro “A Marca Amazônia”, “não existe dualidade ética entre boa e nociva para a Amazônia, apesar da força nociva ser a dominante, existe também uma força de resistência”.
“É preciso uma política real, antes de tudo, uma política estratégica que reconsidere permanecer com o sistema explorador ou buscar uma saída na ambientalidade, ouvir as populações originárias e tradicionais na sua autonomia e soberania, e discutir uma política efetiva de proteção aos bens que a floresta nos oferece”, destacou o professor.
De fato, há ainda alguns anos para que mais empresas e empreendimentos, independente do tamanho, consigam compreender melhor a nossa terra, nossa região e consigam transformar o que já é nosso em algo que possua “a nossa cara” e tenha, de fato, nossa marca, a Marca Amazônia.
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