A COP 30 é uma a grande oportunidade de Belém superar gargalos históricos na área da mobilidade urbana. Os governos federal, do Estado e Prefeitura de Belém estabeleceram parcerias para concretizar projetos que serão fundamentais para melhorar o transporte em Belém, estabelecendo um legado importante que perdure para além da conferência mundial que ocorre em Belém daqui há 2 anos.
Maisa Tobias, doutora em Engenharia de Transportes e professora Titular da Universidade Federal do Pará (UFPA), avalia que é grave o fato de não haver integração no transporte coletivo uma Região Metropolitana como a de Belém, o que vai contra o conceito de mobilidade sustentável. “O aumento do transporte individual e motorizado conduz a um cenário urbano que se contrapõe aos objetivos do desenvolvimento sustentável, os ODS apregoados pela ONU”, lembra.
Segundo ela o poder público elabora projetos pertinentes. O que falta, na sua avaliação, é colocá-los em prática. “Com certeza existem questões legais, institucionais e técnicas que precisam ser resolvidas e não ignoradas para que os projetos possam finalmente serem concretizados e a cidade possa sentir uma mudança na mobilidade urbana”, pondera.
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Para a especialista o espaço público viário de Belém já não suporta mais toda a demanda por estacionamento nos últimos anos. Outro problema que precisa se enfrentado segundo ela, é a enorme quantidade de veículos circulando diariamente nas ruas da capital. “Para que isso seja resolvido é urgente que o poder público crie os estacionamentos rotativos para desafogar os estacionamentos privados, que devem ser utilizados quando os usuários precisam de um tempo maior para deixar os seus veículos. Existem vários espaços ociosos na cidade que poderiam ser transformados em espaços rotativos, principalmente no centro da cidade. Por outro lado o condutor precisa ser estimulado a deixar seu veículo na garagem e utilizar mais o transporte público como alternativa para chegar ao centro da cidade ou aos seus locais de trabalho, por exemplo”.
Para o servidor público estadual Márcio Augusto Silva da Costa, 40 anos, o trânsito na capital ainda está longe do ideal. Para ele, que mora no bairro da Pedreira e tem que se deslocar diariamente para a sede do órgão público de onde trabalha no outro lado da cidade (na avenida Augusto Montenegro), o grande gargalo é a falta de melhor gestão no sistema.
“Levo quase uma hora saindo da minha casa e chegar no meu local de trabalho e mais outra hora para voltar para casa”, calcula. Segundo ele, uma alternativa seria a doção de um sistema que possibilitasse o rodízio de veículos para melhorar o tráfego nos horários de pico, além da construção de mais viadutos, duplicação de vias e contratação e mais agentes de segurança. “Acho que tudo passa por uma melhor engenharia de tráfego. “Combinado a isso deveríamos trocar a nossa frota de ônibus por veículos mais novos e com ar-condicionado, bem como limitar a velocidade desses veículos, obrigando eles a trafegarem na sua faixa específica”, aponta.
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INTEGRAÇÃO
O advogado Lucas Pereira Wanzeller, 30, opina que uns dos grandes problemas de mobilidade urbana na capital é o BRT municipal que ainda não foi concluído. “Enfrentamos esse problema há quase duas décadas. Seria uma obra vital para desafogar e ordenar nosso trânsito”, considera.
Ele, que mora em Icoaraci, cita ainda a avenida Augusto Montenegro, onde trafega diariamente para chegar à sua casa, e a BR 316.
Para o advogado, a COP30 é uma oportunidade única de melhorar a mobilidade urbana da capital. “Agora é o momento de concluir obras como o BRT, possibilitando que inclusive os usuários de veículos possam utilizar de fato serviço. Além disso, é o momento de implementar o transporte hidroviário na capital, ligando Icoaraci e outeiro ao centro da cidade pelo rio, desafogando o trânsito no centro da cidade”, opina.
Igor de Oliveira Nery, pós-graduado em Direito de Trânsito e especialista em Educação para o Trânsito para Profissionais de Segurança Pública, aponta a lentidão no trânsito, excesso de fila dupla em frente à estabelecimentos escolares e comerciais e ausência de sinalização como os principais entraves para a melhor mobilidade urbana na capital. Ele cita como pontos críticos as avenidas Júlio César, Pedro Álvares Cabral, Augusto Montenegro, Nazaré, Duque de Caxias, e Rua Antônio Barreto com Av. José Bonifácio, dentre outras.
Entre as medidas práticas que podem ser adotadas, o advogado sugere o maior distanciamento entre paradas de ônibus para maior fluidez do trânsito, conforme já verificado nas grandes capitais mundiais e o aumento/renovação da sinalização viária vertical e horizontal, que devido à exposição as intempéries possuem um desgaste rápido.
“O poder público deve promover campanhas publicitárias específicas visando à criação de estacionamentos privados nas proximidades de estabelecimentos escolares ou comerciais, para fluidez viária. Considerando a nossa realidade regional, outra medida importante seria integrar os transportes hidroviário, cicloviário e rodoviário, considerando nossa realidade regional”, coloca.
Ele diz ainda que no período de realização do evento COP30 as vias terão que ser adaptadas, considerando a atipicidade e proporção do evento, de nível internacional. “Serão necessárias placas sinalizadoras com padrão internacional, considerando a estimativa elevada do número de turistas a serem recebidos durante o evento. A capital paraense pode melhorar sua mobilidade urbana até a realização do evento, por meio de medidas práticas que proporcionarão maior fluidez no trânsito e segurança viária aos usuários”.
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