Com a oficialização de que Belém será sede da 30ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas (COP 30) em 2025, o Brasil então sedia pela primeira vez uma edição do evento ambiental mais importante do planeta, e justamente onde mora parte do problema e a chave da solução para o clima: na Amazônia.
Provavelmente também pela primeira vez desde a criação da Conferência organizada pelas Nações Unidas (ONU), os participantes da programação discutirão o tema de maneira - sem exagero algum - imersiva.
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Embora tenha sido anunciado pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em junho deste ano, durante cerimônia realizada em Belém, a confirmação por parte da própria ONU veio somente há poucos dias durante a COP 28, realizada no início de dezembro deste ano, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A decisão tomada em consenso foi anunciada no dia 11, após plenária. A COP 30 será entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025.
DECISÕES
Para o governo estadual, uma COP em plena Amazônia pode ser crucial para que seus participantes e principalmente tomadores de decisões tenham mais elementos para tomá-las a partir de então, e para que essas decisões tenham impactos positivos e mais palpáveis para quem vive nesta região.
A preparação para o evento daqui a menos de dois anos começou agora mesmo em 2023, com diversas programações, incluindo os Diálogos Amazônicos, Cúpula da Amazônia, Conferência Internacional Amazônia e Novas Economias, realizadas entre agosto e setembro, dentre vários outros eventos.
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“Temos muito trabalho pela frente e tenho certeza de que daremos conta, e estaremos todos juntos, com a vice-governadora Hana Ghassan na coordenação estadual da COP, e o Governo do Pará, junto com o governo brasileiro, para a realização da mais extraordinária COP de todos os tempos”, declarou o governador Helder Barbalho em postagem nas redes sociais logo após o anúncio do dia 11 de dezembro.
“É a COP da floresta, na natureza, a COP da nossa gente. Vamos mostrar que somos capazes de aproveitar esta oportunidade para buscar soluções para o meio ambiente e para o nosso povo que vive na Amazônia”, reforçou.
Engenheiro agrônomo e co-fundador do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), o pesquisador Beto Veríssimo avalia o momento como um marco histórico comparado a um outro ocorrido ainda no fim do século 19.
“Depois da borracha, do ciclo da borracha, nunca tivemos um momento econômico potencialmente tão importante como agora na questão do clima e da importância que isso tem para a nossa economia. A agenda de clima não é só ambiental, é também de desenvolvimento econômico e social. Então eu diria que a escolha da Amazônia tem um significado mais do que simbólico: é estratégico. E importa para o mundo e para nós, da Amazônia”, explica.
Amazônia na frente, outro nível de discussão
A união já posta entre governos federal, estadual e municipal precisa ser efetivo e precisa gerar mais efeitos o quanto antes, no entendimento de Beto Veríssimo. “Para mostrar que a Amazônia é porto seguro para investimento verde há uma série de coisas que precisam acontecer, ser aceleradas: estratégia de bioeconomia, restauração florestal, todos esses investimentos são super importantes. Nós, da Amazônia, devemos procurar criar uma agenda de consenso, de coalizão, apesar dos diferentes interesses, o que é normal, mas a gente tem que estar unido em relação a essa oportunidade que, eu repito, vai depender da nossa capacidade. Não é só civicamente”, pondera Beto.
Diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), André Guimarães engrossa o coro de que a “COP das florestas” já é um conjunto de justificativas e de elementos de importância incomparáveis, que dará a possibilidade de convidar as pessoas a conhecerem não só a floresta, mas sua importância para a estabilidade climática do planeta. “Vai ser uma oportunidade para conversar sobre vegetação nativa, conversar sobre desmatamento, sobre desenvolvimento humano e econômico em regiões florestais. É a COP que vai por as florestas tropicais à frente do debate”, analisa.
Um outro fator de importância para André é que 2025 marca os dez anos do Acordo de Paris, e que este quando foi estabelecido previa uma revisão, após uma década, das contribuições nacionalmente determinadas (NDCs, sigla em inglês) de cada país. Então o que se espera na COP de Belém é que os países envolvidos tragam um aumento de ambição.
“A gente sabe hoje que, se tudo que foi prometido no Acordo de Paris há oito anos for cumprido, a gente não consegue chegar nem a um grau e meio de redução na temperatura, e nem nos dois graus no final deste século. Então a gente tem que ir além, os países tem que apresentar compromissos mais rigorosos e mais ambiciosos, e isso deve acontecer também na COP 30”, antecipa.
Assim como Veríssimo, o representante do Ipam reforça que a anfitriã da COP 30 está tanto no problema como na solução do problema, e isso leva a discussão a um outro nível. “Ao ser desmatada, a floresta é parte do problema, porque está emitindo carbono e jogando na atmosfera. Mas ao ser preservada e restaurada, torna-se solução porque fixa carbono, mantém estocado. Então a equação do clima do planeta não para de pé sem as florestas tropicais, e mais uma vez a Amazônia fica na dianteira”, justifica.
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